DNA e família - SPIN-OFF

XII

As mais velhas estavam frustradas. Não haviam encontrado quem as substituissem no meio do ano, quando aconteceria o aniversário de Paulinha, que comemorariam juntos ao do Léo, ainda que as datas não fossem tão próximas assim, porque era a chance que tinham de estarem com a família completa.

—Damos a vida nesse lugar e quando precisamos de um favor... A gente que se foda! É impressionante!–Raquel reclamava, após desligar a chamada.

—Marquina também não pode?–Alicia perguntou, sentando-se na cama, e a loira negou com a cabeça. Estava decepcionada.

—Só entre dezembro e fevereiro. Parece que todo mundo resolveu ter a mesma ideia ao mesmo tempo.

—Então só nos resta marcarmos uma nova data.–Raquel não pareceu tão satisfeita com a ideia de Sierra.—Infelizmente não poderemos comemorar o aniversário das crianças, mas teremos o nosso tempo em família, iremos matar a saudade.–Dizia, acariciando o seu tornozelo, exposto entre a meia e a calça que vestia. Era um dia frio em Madri.—E, vamos ser sinceras, só você se importa com esse coisa de data e aniversário. Tudo o que Paula e Léo querem é estarem juntos, independente de quando ou como seja.

—Tem razão!–Admitia desanimada.

—Vai dar tudo certo, Murillo! Mas, antes, melhora essa cara.–Pedia com um pequeno sorriso nos lábios, encarando-a até que fosse retribuída.—Vem.–Retirou o computador do colo da loira, colocando-o no seu para que pudesse pesquisar novas datas de voos.—Enquanto isso, liga para Paula. Não podemos chocar com as aulas da faculdade. O ano letivo por lá é diferente.

Dessa forma, Alicia e Raquel haviam reorganizado a viagem, refazendo todo o caminho que fizeram no mês anterior, inclusive quanto a casa na praia que haviam escolhido e reservado. Até conseguiram substitutos no trabalho sem muita dificuldade, dessa vez.

Para tudo foi preciso novos ajustes e com isso só ganharam, já que conseguiram, inclusive, mais tempo no Brasil. Agora ficariam por um mês e meio.

Já à noite, após colocarem o filho na cama, Alicia terminava de espalhar o seu creme corporal sobre toda a sua pele, sem deixar de observar de canto de olho uma Raquel pensativa, quase deitada, apoiando parte das suas costas na cabeceira da cama. Ela encostava uma das quatro pontas do seu celular abaixo do queixo com um pequeno biquinho formado nos lábios.

—O que foi?–Sierra se aproximou, retirando o cobertor do local que acomodaria o seu corpo.

—Nada.–Sacudiu levemente a cabeça para afastar os seus pensamentos. Guardou o telefone no móvel ao lado da cama e acomodou-se melhor sobre o colchão.—Só estava pensando.

—Em quê?–Colocou uma mecha dos fios dourados atrás da orelha da mulher, observando-a com bastante interesse em sua fala.

—E se fizessemos uma surpresa para a Paulinha?

—Como assim?

—Se chegássemos um pouco antes e fôssemos buscá-la na faculdade.–Alicia não tinha certeza de que seria uma boa ideia.—Ela já passou da fase de se envergonhar com a presença da mãe nos lugares. Nossa bebê, já não é adolescente. Paula é adulta, ainda que jovem, mas é adulta.

Nisso Raquel tinha razão. De fato, a mais nova, agora, se pudesse, teria as mulheres e o menor grudados a ela até mesmo dentro da sala de aula. Assim conseguiria aproveitar cada segundo ao lado deles.

—E aí? O que acha?–Direcionou a pergunta para a ruiva.

—Eu só tenho duas certezas nessa vida: a primeira é que vamos todos morrer e a segunda... É que seu filho vai amar essa ideia.–Respondeu Sierra.—Sou minoria por aqui. Tudo o que me resta é apoiar. Afinal, sou democrática.–Logo recebeu um selinho seguido de um sorriso.