XIII

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Os cinco estavam no carro e o silêncio era ensurdecedor. Raquel no volante, através do espelho, apenas encarava a sua filha e o namorado no banco de trás, divididos apenas pela cadeirinha do pequeno dorminhoco.

Enquanto isso, Alicia olhava os três percebendo a tensão entre eles, sem saber até se era um bom momento para dizer a sua namorada que precisariam de Paulinha para seguirem ao novo endereço. Afinal, mal sabiam onde estavam e para onde iriam.

Porém, a ruiva apenas se calou, virou-se para frente e pegou o seu celular, tentando retirar-se daquele cenário enquanto pesquisava o que precisava saber na internet. Não seria responsável por iniciar o caos, que na verdade já acontecia.

—Quando iria me contar, Paula?–Finalmente a loira se pronunciou, chamando a atenção da ruiva, que apenas a olhou de canto de olho, tentando ficar invisível para não sobrar para ela também. Afinal, durante o tempo que estiveram brigadas, se aproximou muito da mais nova e já sabia que tinha iniciado um romance.

—Mamãe, eu ia contar. Juro. Mas estava esperando um momento especial, quando estivessem aqui. De repente um jantar...–Sugeria uma de suas ideias.—Nunca pensei que fossem descobrir dessa forma. Eu não planejei isso.–Se defendia de forma firme.—Alicia...–Pedia ajuda.

—Quê?–Raquel parecia ainda mais surpreendida.—Você já sabia, Sierra?

—Puta que pariu, menina!–Sussurrou para si mesma fechando os olhos ao notar que realmente não tinha poderes de invisibilidade.

—Por que eu sou sempre a última a saber de tudo?–Estava decepcionada. Odiava não saber das coisas que envolviam a sua própria família. Detestava segredos.

—Bom, acho que o último vai ser o carinha aqui.–O menino se pronunciava, apontando para o cunhado.

—CALA A BOCA!–As três se dirigiram a ele ao mesmo tempo. Não estava ajudando em nada com o seu comentário.

Léo se mexeu após a fala altiva delas, deixando-os tensos. Afinal, não seria uma boa acordar no meio daquela discussão. E não acordou. Apenas coçou a sua própria testa, sentindo cócegas pelo pingar do suor, e virou a cabeça para o lado oposto.

—Fechem os vidros!–Raquel disse de forma autoritária.

—Por quê?–O menino perguntou desconfiado, pois tinha tanto medo dela que achou que lhe mataria naquele mesmo instante.

Ela apenas deu-lhe uma encarada e ele rapidamente, um tanto atrapalhado, fechou o vidro da sua janela com uma agilidade invejável. Assim, tranquilizando-se quando a loira ligou o ar-condicionado do automóvel para tentar amenizar o calor.

—Acho melhor continuarmos a conversa em casa.–Alicia tentava apaziguar a situação. O que era bem estranho, por sinal.—Oh moleque, coloca o seu endereço aqui.–Ofereceu o aparelho para o rapaz.

—Não, tudo bem. Vou de ônibus.–Tinha medo até que descobrissem onde morava. E Alicia só conseguia se lamentar por Paula ter arranjado um namorado tão frouxo, apesar de também conseguir entendê-lo, uma vez que Raquel estava simplesmente assustadora.

—Faz logo o que ela está mandando.–Após a ordem de Paula ele acatou. Bom, Alicia começava a entender a sua escolha. Ele era um típico pau mandado, que ela poderia colocar no bolso se quisesse.—Não vou deixá-lo por aí sozinho se a minha mãe pode te dar uma carona.–Explicava.

Rapidamente Alicia colocou o aparelho de volta no painel do automóvel, agora indicando para onde iriam. E assim, sem dizer mais uma única palavra, Raquel arrastou o carro.

Dessa vez, o trânsito complicado a estressava mais que anteriormente, pois já estava em uma pilha de nervos, sentindo-se mais uma vez traída por Sierra por mais um segredo familiar que manteve pelas suas costas, mas principalmente pela sua filha, que parecia não confiar nela o suficiente para contar algo tão importante, como se Raquel fosse querer privá-la de alguma coisa ou tivesse esse poder. Muito pelo contrário, ela só queria saber, participar da vida de Paula como sempre participou.

DNA e família - SPIN-OFFOnde histórias criam vida. Descubra agora