XIV

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Quando o pequeno acordou, agora com frio, porque o dia já caía e o ar-condicionado estava em uma temperatura muito baixa, sentou-se no colchão, olhando tudo em volta com estranheza.

Por alguns instantes achava que poderia estar sonhando, mas também podia sentir que era tudo muito real. E isso só deixava a sua cabecinha mais bagunçada.

De quem era aquele quarto frio e escuro que havia acordado?

Imediatamente começou a chorar, tentando descer da cama, um tanto alta. Iria atrás das suas mães, esperando que não tivessem o deixado ali sozinho. Ou que tivesse sido sequestrado, como sempre alertavam, avisando que não poderia sair da escola sem elas ou Ágata, nem soltar as suas mãos em espaços públicos muito movimentados.

Será que alguém o levou por engano no aeroporto?

Eram muitos questionamentos para o ser tão novo.

-Mamães! Mamães!-Conseguiu descer da cama e nem se importou de cair de bunda no chão. Rapidamente se levantou, abriu a porta na pontinha dos pés, ainda chorando e chamando-as sem parar.

Quando saiu do quarto seus olhos ficaram um pouco incomodados, já que na sala tudo estava bem iluminado.

A cozinha era estilo americana, portanto era uma extensão da sala, sendo separada apenas por um balcão. Dessa forma, quando o menor adentrou o ambiente desesperado, as mulheres, que preparavam o jantar juntas, imediatamente viraram-se para ele com um olhar em um misto de emoção: havia contentamento por ter acordado, ansiedade para saber qual seria a sua reação quando encontrasse com Paulinha, mas também preocupação, já que chorava e pedia por elas com uma voz bastante dengosa e expressão assustada.

-Oi, amor. O que foi?-Raquel perguntou ao menor e caminhou em sua direção, antes enxugando as suas mãos em um pano de prato disponível por ali. Rapidamente o pequeno lhe pediu colo e, mesmo com todo o cansaço do dia, não pôde negar. Ele a agarrou firme e pôs a cabecinha em seu ombro com um biquinho formado nos lábios.-Está sentindo alguma coisa? Dói em algum lugar?-Perguntava preocupada, mas ele se limitou a negar movimentando a cabeça, sem sair da sua posição. Alí acalmava-se.

Alicia observou a interação do pequeno com Raquel e também se preocupou. Aquele não era o seu Léo, que acordava querendo abalar as estruturas da casa. Provou o molho pela última vez e, vendo que estava saboroso e no ponto certo, desligou a panela, tampou e juntou-se aos outros dois.

-Mamãe!-Vendo que a ruiva se aproximava, chamou-a com uma das mãos e estendeu-a para que tocasse e assim a ruiva fez, segurando-a enquanto alisava os seus fios, olhando para Raquel, que também não entendia o que estava acontecendo.

-O que aconteceu, carinha?-Perguntou carinhosamente.-Teve um sonho ruim?

O pequeno negou e levantou do ombro da loira, encarando as duas, agora mais calmo e sentindo-se totalmente seguro, sem medo de que fossem embora ou que levassem-o para longe delas.

-O Léo não sabe onde tá.-Disse, ainda com estranheza.

-Ah!-Raquel sorriu aliviada.-Está estranhando o ambiente.-Reafirmou a sua fala.

-Não sabe porquê saímos da nossa casa?-Alicia questionou.

-Para ver "Palinha". E ela não tá aqui, mamãe.-Era impaciente.-Só "esculo" e "fio". Por que "azente" não sai e vai "atás" dela? Pode tá “esculo” e fio lá também.

-Na verdade, mocinho, está muito enganado.-Seguiram com ele até o sofá, onde Murillo o colocou sentado em um canto e elas sentaram-se no outro, para que pudesse virar, lateralmente, em sua direção.-Veja!-Mostrou um porta-retrato ali disponível com um linda foto dele com Paulinha quando mais novos, quando ele só tinha três meses de vida.

DNA e família - SPIN-OFFOnde histórias criam vida. Descubra agora