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Alicia estava deitada no sofá com uma mão sobre a caixa torácica de Raquel, que, sentada no chão, apoiava a cabeça no sofá, ficando a poucos centímetros da ruiva: assim permitindo que a mulher lhe fizesse bons carinhos enquanto sentia o seu cheiro de perto.

Elas adoravam aquelas trocas de afeto, já que, por agora voltarem a trabalhar fora e em dias revezados por conta do bebê, demoravam a terem momentos como aquele. Isso quando não havia algum caso complexo, que aí mal viam uma a outra acordada.

Paula estava no centro da sala junto ao seu irmão, sobre o seu tapete colorido. Brincavam. Ele era apaixonado pela irmã mais velha, adorava a sua companhia e por isso ela não precisava de muito esforço para lhe fazer sorrir.

Ele agarrou os dedos da adolescente, ficando de pé por conta própria com uma mínima ajuda dela, afinal, em seu oitavo mês de vida, já estava com a musculatura do pequeno corpinho forte o suficiente até para dar o primeiro passo. Ainda que não fosse de pé.

Raquel possuía nas mãos um ursinho de pelúcia, que ao balançar fazia um suave barulho, como se fosse preenchido por minis sininhos de natal. E ao ouvir, ele rapidamente procurou o seu brinquedo favorito pelo ambiente, voltando o olhar para as suas mães e logo para a mão de uma delas: que segurava o objeto em sua direção.

—Vem, meu amor!–Raquel lhe chamava, ainda balançando o brinquedo para capturar toda a sua atenção.—Vem!

O garotinho se jogou de bunda no chão, soltando a sua irmã e apontou para o ursinho, mostrando-a o que ele queria naquele exato momento.

—Vai pegar na mão da mamãe, Leozinho!–Sua irmã lhe incentivava.

—Mamamamã.–Continuava apontando, agora em uma bela conversa com a sua irmã, que incrivelmente lhe entendia.

—Isso. A mamãe. Vai até ela!

Paulinha pôs os joelhos e as mãos no chão, mostrando que ele poderia fazer o mesmo para alcançar o que queria, porém ao invés de ensiná-lo fez as duas mulheres rirem e logo o garoto também pela sinergia presente. Ele gargalhou e ela também sorriu, se dando por vencida e sentando-se mais uma vez.

—Acho que não rolou!–Alicia fez o óbvio comentário.

—Ah, mas vai ter que rolar.–Estava determinada.—Eu não posso ir embora enquanto ele não aprender a, pelo menos, engatinhar. Ou então, como irá pegar o celular das mãos de vocês para falar comigo quando estiverem em surto?–Brincava.

—Ela tem um bom argumento.–Alicia também entrava na brincadeira, comentando com Raquel, que concordava ainda rindo.

Logo Paula tentou auxiliá-lo mais uma vez, mas de uma forma diferente.

Dessa vez, ajudou-o a se posicionar no chão, sempre tomando muito cuidado com o limite dos esforços que aquele pequeno corpinho estava preparado para fazer. E assim que o menininho se pôs de quatro sobre o tapete, ainda que parado, elas bateram palmas. Afinal, era uma grande conquista.

E com o movimento, Raquel acabou sacudindo o brinquedo que estava em suas mãos e possibilitou que o som novamente chamasse a sua atenção, fazendo com o que ele desse os seus primeiros passos até ela, surpreendendo a todas as outras três que assistiam àquele momento tão especial.

Escalou o corpo de Murillo e logo se agarrou ao brinquedo com força, levando-o até a boca. A mulher, bastante feliz com a sua mais nova conquista, o agarrou rapidamente em um abraço e o encheu de beijos. Era a sua forma de parabenizá-lo.

Alicia tirou a mão que descansava sobre a sua namorada e levou até a cabeça do garotinho, acariciando-o sobre os seus fios castanhos avermelhados, que constantemente lhes confundiam sobre a real cor.

DNA e família - SPIN-OFFOnde histórias criam vida. Descubra agora