Amizade improvável! "Magia?"

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Conforme ele me contava a história, um nó se formava em minha garganta, ele já estava em prantos e eu me encontrava quase chorando junto... Eu não poderia acreditar que o Rei da nossa nação poderia ser alguém tão perverso com seu próprio filho. Não é possível! Me sentei no sofá e o convidei para se juntar a mim, quando ele o fez, puxei sua cabeça para meu peito e o abracei, eu só senti que ele precisava desse abraço, senti que ele precisava de afeto. Ele chorou ainda mais e se agarrou a mim chorando do fundo do peito, seu pranto trêmulo e desesperado só mostrava como essa angústia foi retida por anos... Pobre garoto.

Flashback do Alex:
Noite de chuva, eu já tinha terminado as aulas particulares, feito as atividades e treinado esgrima, agora eu estava voltando do jantar e indo para cama exatamente às 20:00, se eu dormisse muito tarde papai certamente iria me punir, então fiz questão de ir pra cama cedo; antes de dormir fiz um cartão pra ele, amanhã é natal então quero lhe presentar com algo especial. Assim que peguei no sono profundo, despertei assustado quando senti uma dor muito forte no ânus e acordei choramingando, alguém estava segurando minha cabeça contra a cama com força de forma que eu não podia me virar para ver quem era, tinha alguém abusando do meu corpo enquanto eu estava dormindo e eu não tinha forças para gritar nem reagi, só chorei como um covarde e grunhi de dor, dor essa que só crescia conforme a pessoa usava mais força. Eu tentei gritar, mas ele deu um tapa tão forte na minha cabeça que fiquei tonto. Em seguida, ele terminou e saiu do quarto, me deixou sangrando na cama, não tive forças para me mover ou reagir, mas quando olhei para trás eu pude reconhecer a silhueta: a pessoa, em questão, era o meu próprio pai.
Chorei por duas horas seguidas, solucei e me desesperei, a angústia e desgosto tomou conta do meu peito e me sufocou até que eu perdi a consciência de repente.

No dia seguinte, Rosa me achou em um estado decadente, eu estava em posição fetal numa poça de sangue e sêmen e alguns hematomas no corpo, ela gritou em espanto e trancou a porta do quarto para que a cena não se espalhasse entre as pessoas erradas. Rosa cuidou de mim, me deu um banho quente com toda a delicadeza do mundo pois meu corpo ainda doía muito, em seguida me examinou e assim que teve certeza de que o sangramento havia parado, ela me vestiu e me deixou deitado, eu não conseguia dizer nada, na minha mente só se passava as memórias da noite anterior, mas meus olhos podiam mostrar minha eterna gratidão por ela e ela sabia disso, de alguma forma, ela também sabia quem havia feito aquilo.
Não compareci às atividades diárias por uma semana com a desculpa de estar gripado, durante essa semana, não saí da cama, não queria voltar a ver o rosto do monstro que se dizia meu pai... Não acredito que por tanto tempo, eu idolatrei e me inspirei em um homem que traiu e abusou de seu próprio filho, ele nunca vai ter meu perdão, essa é a promessa que faço e tenho sede de vingança. Enquanto isso, Rosa tentava me distrair do trauma fazendo de tudo para me animar, me mandando biscoitos personalizados, bolos com mensagens, e às vezes até livros da biblioteca com dedicatórias escritas pela bibliotecária já que ela não sabia escrever.
Quando finalmente saí do quarto, meu pai tentou me punir por chegar atrasado no treino de esgrima, ele levantou a mão pra mim e teria acertado meu rosto se eu não tivesse gritado com todo o meu peito, assustando-o e também o restante do salão.
— Seu desgraçado! Você se aproveitou de mim enquanto eu dormia! Seu bastardo, nunca mais tente me bater!
— Do que você está falando Alexander? Pare de inventar mentiras seu pirralho desgraçado! Volte pro seu quarto agora!

E desde então, os rumores dizem que sou o príncipe rebelde que inventou uma grande mentira horrível do próprio pai apenas para se safar de uma punição. Então já que eles resolveram me dar o papel de vilão, vou atuar como vilão, não me importo com essa palhaçada de realeza, vou fazer ele pagar no fim das contas. E assim tem sido por 10 anos, eu tenho atuado como príncipe rebelde aguardando ansiosamente até o dia de minha vingança... Mas quando descobri que meu pai pretendia me casar com a princesa de um reino vizinho meu planejamento foi por água abaixo, eu precisava de um plano B, uma escapatória. Foi assim que fugi do palácio, arrumei algumas roupas, minha katana e algum dinheiro mas fui interrompido por uma mamba verde que me trouxe aqui.
Flashback off.

Alex finalmente se acalmou, ele continuou deitado em meu peito enquanto eu acariciava seu cabelo suavemente, eu estava desacreditada com tudo que eu ouvi, sempre soube que na realeza não tinha flor que se cheire mas não podia acreditar que um pai poderia fazer algo nesse nível com seu próprio filho, era simplesmente horrível.
Eu o abracei com força, sua respiração se normalizava aos poucos enquanto ele deitava em mim, minha mente tentava visualizar tudo que esse pobre garoto tinha passado naquele castelo de merda e senti uma raiva enorme tomar conta do peito, é como se fosse parte do meu instinto mantê-lo em segurança agora que estivesse comigo. O clima começou a esfriar, sabia que uma hora ou outra teria que colocar mais lenha na fogueira então resolvi colocar logo agora antes que o frio piore, mas antes que eu pudesse me levantar, Alex me impede.
— Por que vai sair agora?
— Tenho que alimentar o fogo.
— Deixa que eu faço.
Me deitei novamente desconfiada, quero ver como que o dondoca do castelo vai acender o fogo, olho atentamente pra ele hesitante e de repente, com a maior naturalidade, ele lança chamas de fogo através da palma da mão, desacreditada cocei os olhos, pisquei três vezes e olhei novamente pra cena, ele lançou a chama por meio do seu próprio corpo ou eu tô ficando louca?
— Mas que porra é essa? Como que... Que porra?
— Calma, eu sei que parece surreal...
— Parece não, é! Você acabou de lançar chamas pelas mãos... Você é o que? Um bruxo?
— Talvez... Mas calma, sou inofensivo.
— Ah... Você vai ter que me dar um ótimo motivo pra não te chutar pra fora da minha residência.
— Eu não tenho pra onde ir.
— E daí? Não tenho nada a ver com isso.
— Olha, eu posso ser muito útil. Posso te ensinar coisas que você jamais sonharia em aprender.
— Hm. Vai ter que aprender a cuidar de uma fazenda.
— Por você eu faço tudo lindona.
— Vai se foder!
— Tão simpática...
— Bom, vou dormir agora, você fica aqui, tem cobertores na cadeira ao lado.
— Vai me fazer dormir no sofá!?
— ...
— Okay, sim senhora, eu durmo até no chão por você.
— Cala a boca e dorme, Alex.

Ele se cobriu e se deitou bruscamente fechando os olhos, aprontei as coisas antes de subir para o quarto e fui alimentar o fogo novamente mas por incrível que pareça aquela chama não cessava, não apagava nem que eu soprasse contra ela. Ainda estava chocada com aquilo, que tipo de feitiçaria é isso? Como ele domina essa chama? Minha cabeça era um enorme ponto de interrogação e eu teria de guardar todas essas dúvidas para amanhã, assim que piso no primeiro degrau olho para ele e o vejo todo torto pra fora do sofá e mau coberto. Suspiro, reviro os olhos e vou em sua direção o colocando corretamente no sofá e o cobrindo, ajeitando a almofada em sua cabeça.
— Boa noite, Alex.
Mas antes que eu possa me levantar novamente sou surpreendida pelo toque gélido de sua mão que agarra meu antebraço me trazendo de volta para perto, tomei um susto e olhei assustada para ele prendendo a respiração.
— Fica comigo... – Alex Murmurou com os olhos fechados.
— Fala dormindo? Deve estar cansado. – Cochichei o mais baixo possível.
— Estou consciente, não consigo dormir sozinho desde o acontecido... Pode me fazer companhia?
— Hm... Alex...
— Não, tudo bem, estou pedindo demais né? A gente nem se conhece direito e eu já tô exigindo coisas assim. Boa noite Hannah.
Alex quase dá um gritinho quando o pego de surpresa suspendendo-o em meu colo, ele me olhou assustado e parecia espantado demais para falar qualquer coisa, subi as escadas rapidamente e o coloquei na cama, ele cobriu o rosto com a coberta envergonhado e permaneceu quieto.
— Olha, se a minha família soubesse que confiei tanto em um estranho certamente diriam que sou a vergonha da linhagem.
— É um pedido de casamento? Olha eu ainda não sou rei e tal mas...
— Alex cala a boca pelo amor de deus antes que eu te faça dormir com um soco.
— Linda.
Apenas revirei os olhos e não retruquei, nós dormimos minimamente afastados já que minha cama não era lá as maiores, foi uma noite agitada, nunca fui acostumada a dividir a cama então isso me apareceu um obstáculo a enfrentar. Fiquei pensando o que faria com Alex agora que dividimos a casa, eu tenho que ensinar o básico a ele, não vou sustentar um marmanjo desse de graça, ele é homem então vai ser uma mão de obra muito útil por aqui... Digo... Uma boa companhia.

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⏰ Última atualização: Aug 15 ⏰

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