Céu vermelho- sangue

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Elara vivia em uma paz serena, enclausurada em sua casa de campo, onde as memórias de seus pais, que partiram cedo, eram sustentadas apenas por ela e sua irmã mais velha, Aurora. Com longos cabelos negros que pareciam uma cascata de ébano, e olhos azuis profundos como a lua em uma noite de céu claro, Elara era como uma musa das histórias que ela mesma adorava ler.

Desde jovem, ela nutria uma paixão pelas palavras impressas e pela arte da esgrima, uma habilidade que aprimorou com a espada que Aurora lhe presenteou em seu décimo quinto aniversário.

Porém, a tranquilidade da vida de Elara foi interrompida em uma noite fatídica. Enquanto descansava após um treino exaustivo, ela foi despertada por gritos selvagens que ecoavam pelos campos. Sem hesitar, Elara correu para o exterior e se deparou com uma cena aterradora: sua amada irmã, Aurora, estava ferida e lutando contra uma horda de cavaleiros desconhecidos.

Impotente diante da violência, Elara assistiu horrorizada enquanto sua irmã lutava uma batalha desigual. Ela, que uma vez chamara esses cavaleiros de heróis, agora os via como vilões cruéis. Mas sua força não foi suficiente para salvar Aurora, e Elara testemunhou impotente a morte da única família que lhe restava.

Os cavaleiros, cumprindo seu sinistro propósito, deixaram Elara para trás à mercê da noite. E conforme as primeiras gotas de chuva começaram a cair do céu, uma sensação de pressão crescente envolveu os arredores, obrigando Elara a olhar para cima.

O céu, outrora sereno, se transformou em um espetáculo apocalíptico. Uma lua gigantesca, rubra como sangue, ergueu-se no firmamento, iluminando o mundo com sua macabra luz. As gotas de chuva, agora tingidas de carmesim, caíam como lágrimas de sangue sobre o chão.

Elara, em desespero e dor, ergueu-se do chão encharcado. Seus olhos, uma vez azuis como a calmaria do oceano, agora ardiam com um fogo vermelho, refletindo a fúria que queimava em seu coração dilacerado.

Foi então que uma voz ancestral ecoou em sua mente, uma voz que parecia emanar das profundezas do próprio inferno. "Torne-se minha avatar", sussurrou a voz, carregada de promessas sombrias, "e eu te concederei o poder que desejar."

Elara, consumida pela dor e pela ira, não hesitou. Com uma determinação forjada nas chamas do sofrimento, ela respondeu: "Eu aceito."

Agarrando a espada de sua irmã caída, Elara avançou na direção dos assassinos, sua mente e corpo agora imbuídos de uma energia ancestral e terrível. Em seu coração, ardia uma vontade inabalável de vingança, e ela estava disposta a sacrificar tudo para alcançá-la.

Enquanto Elara avançava sob a chuva de sangue, uma transformação começou a ocorrer. Gotas escarlates se solidificaram ao redor de seus ombros, formando ombreiras imponentes que brilhavam com uma aura. Em suas mãos, manoplas feitas da mesma substância vermelha surgiram, conferindo-lhe uma defesa impenetrável.

Sua roupa, anteriormente branca e pura como a neve, agora se tingia de negro, absorvendo a escuridão da noite e refletindo o desespero que queimava em seu íntimo. O tecido se ajustava a seu corpo como uma segunda pele, conferindo-lhe uma presença sombria e intimidadora.

Cada passo de Elara era marcado pelo tilintar metálico de suas armaduras, enquanto ela avançava determinada na direção de seus inimigos. Seu coração, uma vez puro e inocente, agora pulsava com ódio, alimentada pela dor da perda e pela promessa de vingança.

Sob a luz da lua vermelha, Elara emergiu como uma figura sombria, uma guerreira destinada a desafiar o destino e a punir aqueles que ousaram desafiar sua família. Com cada respiração, ela absorvia a energia sombria que permeava o ar, preparando-se para o confronto iminente.

 Com cada respiração, ela absorvia a energia sombria que permeava o ar, preparando-se para o confronto iminente

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Com um único golpe certeiro, Elara desencadeou uma tempestade de destruição. Sua espada, imbuída pelo poder ancestral que lhe foi concedido, cortou através de seus inimigos como uma foice afiada, dividindo-os ao meio sem hesitação. No entanto, o poder avassalador concentrado na lâmina não poupou nem mesmo a própria arma, e a espada de Aurora se desfez em estilhaços no processo.

Sem pausa para comemorações ou para contemplar o resultado de seu ataque, Elara prosseguiu. Seu semblante era sereno, mas o fogo em seus olhos era evidência de seu ódio implacável. Com passos firmes e decididos, ela caminhou através dos corpos caídos, ignorando os restos mortais de seus inimigos derrotados.

Enquanto ela avançava, estranhas runas mágicas começaram a se materializar sob seus pés, envolvendo os cadáveres em círculos brilhantes de energia. Um murmúrio ancestral ecoou no ar, um sussurro antigo que parecia emanar das profundezas do próprio inferno.

Os corpos dos cavaleiros mortos começaram a se desintegrar lentamente, dissolvendo-se em partículas de luz sob a influência dos círculos mágicos. Era como se suas almas estivessem sendo consumidas por uma força maior, um sacrifício para o benfeitor que havia transformado Elara em sua avatar.

Sem olhar para trás, Elara continuou a andar em frente, com seu coração pesado com a dor da perda, mas com um ódio inabalável.

ElaraOnde histórias criam vida. Descubra agora