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Eu também tenho medo 

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Eu também tenho medo 

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Respiro o vento gelado e sinto meu nariz ardendo, mas não parei a corrida, o teste ocorreu tudo como o planejado, só resta o resultado ser o planejado. Finalmente chego em casa e na varanda me espera um envelope azul. 

   Pego a infame correspondência e me sento no banco que tem na varanda. Tem meu nome escrito com uma tinta dourada, então claramente a mensagem aqui é só para mim.

    — "Existem momentos que não podem ser escritos, assim como os sentimentos…” - reviro os olhos. — Ah, vai a merda.

   Esse canalha acha mesmo que me assusta com uma cartinha de conteúdo que parece que foi tirado de um livro de poesia de quinta? Ele tá certo. Não importa o conteúdo, essa merda toda me assusta. 

   Entro em casa e subo direto para o meu quarto, quando abro a porta encontro meu pai sentado na cama, encarando a parede. 

   — Pai? O que faz acordado a essa hora? - tiro o fone de ouvido e tiro a jaqueta. O chamo outra vez e assim a sua bolha estoura. 

   — Ah filho, bom dia. - ele levanta e vem até mim. — Eu não estava conseguindo falar com você desde ontem, então vim aqui. 

   — Ah, eu troquei de número. Eu lhe mando uma mensagem depois do banho. - meu pai aperta os meus ombros e sorri, devolvo o sorriso e ele me dá tapinhas, assim saí do quarto. 
   
   Tiro a carta do meu bolso e escondo em uma das gavetas da escrivaninha. Parto para o banho quente, eu tenho lição de casa de álgebra. Essa escola é engraçada, não dividiram a matéria matemática, deixaram trigonometria e álgebra juntas mesmo. 

   Bom, não é impossível, nem difícil. Ao contrário do que a maioria acha, matemática ou álgebra é incrivelmente simples. 

   Termino o banho e coloco uma bermuda, me jogo na cama e pego o tablet para fazer minha lição. Já fiz 12 das vinte e oito questões e estou estressado de quão fácil é isso. Esperava mais daquele velho do Ficher.

   — Sério! Isso é bhaskara, como uma turma cheia de formandos têm tanto medo disso? 

   Termino tudo em menos de trinta minutos, chega a ser patético o quão fácil isso é. Segunda vou até a diretoria para pedir que me troquem de turma, para uma mais avançada. Isso é patético. Saio do quarto e desço as escadas, está quase na hora do café da manhã, então toda a família já deve estar acordada. Chego na sala de jantar, lá já estão meus pais e a mesa posta, Mônica não está aqui, então ela foi chamar a minha gêmea. 

The Sound of ThunderOnde histórias criam vida. Descubra agora