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Cada um de nós mantêm a própria verdade

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Cada um de nós mantêm a própria verdade

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   Félix está no teste de natação então ele não pode me dar carona de volta. Mas eu não tô nem aí, recuperei a minha moto e não podia estar mais feliz de sentir o vento no meu cabelo. Que saudades eu estava de correr, dessa adrenalina de estar em alta velocidade. 

   Para chegar em casa, precisamos passar por uma estrada cercada pelo bosque e aqui é pouquíssimo movimentado então posso acelerar a vontade. Pelo retrovisor vejo outro motoqueiro quase me alcançando, acelero e vejo que ele acelera também. Tava indo tudo bem até ele me passar e parar a moto no meio da rua na minha frente, freio a moto com tudo quase batendo nele. 

   — Qual o seu problema? - desço com raiva da moto e tiro o capacete indo para a frente dele. 
   — Senti sua falta também, mi mare. - meu queixo cai e o motoqueiro tira o capacete mostrando seus cachos loiros e seus olhos verdes intensos.
   — Impazzito? Cosa stai facendo qui?¹ - recupero os sentidos e encaro o Matteo com descrença pura.
   — Mi mare, só inglês, por favor - ele sorri e toca no meu queixo. Bato em sua mão. — Faz tempo que eu não te vejo desse jeito. Tão bravinha. 
   — Não sei porque eu to perdendo meu tempo com você. - bato em sua mão e volto pra minha moto, mas ele continua me seguindo.

   Chego na frente de casa e desço da moto, pelo retrovisor vejo Matteo andando em minha direção. 

   — Não sabia que tinha se tornado um idiota surdo de vez. - prendo o capacete no guidão, não vou ficar muito tempo em casa mesmo. 
   — Assim você fere meu pequeno e frágil coração mi mare - sorrio, a insistência dele continua me dando nos nervos. 
   — Quando eu disse “acabou, não me procure mais”. - faço aspas no ar olhando em seu rosto. — Significa que terminamos em definitivo. É difícil pro seu pequeno cérebro entender? - ele se aproxima e eu não me mexo um milímetro sequer. 
   — E antes de eu ter tido a porta fechada na minha cara, eu te avisei que só ia parar quando você me contasse a verdade. - ele fica bem perto de mim, eu sou alta e ele é mais alto que eu, então nossos narizes quase se tocam. 
   — Não tem verdade, Matteo. - digo claramente e me aproximo mais, quase beijando ele. — Eu terminei com você e ponto. 

   O empurro e vou em direção a porta da minha casa.

   — Só digo uma coisa, eu sei quando você mente.

   Minha respiração acelera e eu entro em casa, assim que eu fecho a porta eu me encosto nela e cubro meu rosto com as mãos. Sinto meu rosto quente e meu coração acelerado, eu quase beijei ele, deslizei pela porta e espero ouvir o som de uma moto sendo ligada. 

   — Senhorita Fallen? Aconteceu algo? - me assusto com Mônica, mas antes de responder escuto uma moto e vou até a janela. 

   Quando olho para Matteo, ele está olhando a janela sorrindo. Merda! 

   Ele lança um beijo e coloca o capacete indo embora.
   
   — Eu estou bem Mônica, nada aconteceu. - sorrio — O que tem para comer?

♡ 

   Tiro o excesso de água do cabelo e me sento em frente ao espelho, meu rosto volta a ficar quente e eu bato a testa na mesa. Aquele idiota, porque ta aqui. Choraminguei por um tempinho até a porta abrir em um rompante.

   — Fallen, você não vai acreditar em quem eu achei na rua. - sinto umas patinhas geladas na minha perna e vejo o Nux. Carrego o cachorro e ele fica abraçado comigo. 
   — Eu sei, Matteo está aqui. - digo sem olhar para a porta, apenas fazendo carinho no filhote. 
   — Eu sei que loiro e ruivo nella luce é similar, mas o olho castanho quebra a similaridade. - viro a cabeça tão rápido que quase quebrei o pescoço. 
   — Non ci credo Sammy! - levanto da cadeira, mas lembro do peso em meus braços. Coloco o cachorro no chão e vou abraçar o ruivo. 

   Sammy devolve o abraço me apertando ainda mais, fui pega de surpresa, me afastei dele assim como me afastei do Matteo. Mas eu estou feliz e com medo ao reencontrar meu melhor amigo, não sinto medo de fazer merda igual quando vi o Matteo. 

    — Vim ver meus amigos, já que nenhum deles deu um mínimo de sinal de vida. 

   Félix e eu nos encaramos, mas não o retrucamos, peguei Nux no colo e saímos do quarto, ficamos conversando na sala até a noite chegar. Nossos pais finalmente deram o ar da graça na hora do jantar, ambos aparentemente exaustos. 

    Depois de um dia cheio, eu finalmente encontrei paz para começar um livro novo. Comprei um na Grécia e não consegui ler até agora. Não o encontro junto com os outros livros então pode estar no closet. 

    Olho em cada espaço, cadê, cadê, cadê esse livro? 

   Será que guardaram no escritório? 

   Saí do quarto e desci a escada, fui até o corredor no final da sala e entrei pela primeira porta que apareceu. Era o escritório do meu pai. 

   Os livros bem organizados e arrumados em suas classificações. Vai ser complicado encontrar o livro já que eu mandei alterar a capa, mas, por sorte, pedi que a capa fosse em um tecido creme. 
Então é só achar um livro com capa clara. 

   Passou um tempo e achei o livro no final da estante, escondido pela mesa do escritório. Pego o livro, mas o título de um dos documentos me chamou mais atenção do que a vontade de ler esse livro.

    "Transferência de terreno de Mountain, 
PENNSYLVANIA”

   “ Declaro que o entorno não urbanizado da cidade de Mountain será repassado para o nome de Manuel Strada DeLeon. Por meio deste documento também está autorizado a reurbanização, visando o bem estar da cidade” 

   O documento é simples e direto. Não fico chocada com o tamanho desse projeto, agora ficou claro a pressa de voltar para cá e o motivo para nos trazer para cá. Quer que nós vejamos o resultado do seu plano. 

   Volto para meu quarto e decidi não ler mais o livro, deito e fico pensando nas plantas do projeto e naquele documento até pegar no sono.

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Impazzito? Cosa stai facendo qui?¹ -
Enlouqueceu?  O que você está fazendo aqui?

Impazzito? Cosa stai facendo qui?¹ - Enlouqueceu?  O que você está fazendo aqui?

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