FORTUITO 1

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Será uma fic curtinha.

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— Como isso foi acontecer? — Miranda questiona andando de um lado para o outro. — Inadmissível.

O diabo estava na sua mais bela forma expressando muito bem seu descontentamento ao descobrir que no núcleo da Revista, havia um traidor. Alguém estava vendendo para a concorrente às matérias que ela escolhia a dedo.

Se Andreah comprimisse mais olhos e focasse toda sua atenção no nariz, conseguiria ver a fumaça saindo do nariz Del Dragon.

— Miranda, tenha cuidado, assim você pode machucar seu joelho. — A jovem alerta temerosa.

— Não preciso de ninguém me falando o que fazer. — A mulher fala pausadamente encarando os olhos amedrontados de Andreah.

Há menos de uma semana Miranda recebeu diagnostico de Condromalácia patelar no joelho esquerdo. Isso acontece geralmente por dois motivos: uso em excesso, quando a carga sobressai ao que o joelho comporta, ou feriu. E como o da Miranda foi apenas em um dos joelhos, todos chegaram a conclusão que ela bateu em algum lugar, mas ninguém ousou perguntar.

Miranda só precisa de analgésicos e repouso, nada de saltos, e principalmente, nada de ficar andando para lá e para cá como quem quisesse fazer furo no piso. Mas é claro que ela só estava tomando o analgésico e nada mais, nem havia começado a fisioterapia que remarcou duas vezes. A velha é teimosa demais. Andreah parece se preocupar mais que ela.

Miranda volta a se movimentar na sala enquanto Andreah segue sentada e calada, é obvio.

Com o bloco amarelo e caneta em mãos a jovem aguarda as ordens da mulher.

— Temos três dias para refazer toda a matéria sobre a coleção de primavera. — Miranda fala coçando a testa.

Andreah anota como se Miranda fosse deixar alguém se esquecer disso.

— Quando o livro saiu das minhas mãos, passou por outra além da sua? — Miranda para em frente de Andreah. — O olhar fuzilante de Miranda é assustador demais.

— N-não, eu levei direto para a redação. — Andreah fala nervosa.

— Alguma chance de você ser mais uma decepção? — Miranda encara a jovem.

Miranda tinha meios diferentes de abordar isso, mas com Andreah ela não queria ser tão hostil. Na verdade, ela não queria cogitar que Andreah pudesse traí-la e nem ela mesma acreditava que a jovem faria isso. Mas por desencargo de consciência, ela precisava perguntar e tirar qualquer sombra de duvidas. Afinal, ela sabe que está rodeada de falsos querer bem.

— Jamais faria isso com você, Miranda. — Andreah como sempre é honesta.

Miranda balança a cabeça em concordância e mesmo não querendo, lembra de Paris, recorda do quanto a jovem se esforçou para alertar que Irv a queria fora da revista. Ela lembra da jovem quase atrapalhando seus planos com Irv para tentar ajuda-la.

Miranda volta a andar de um lado para o outro ignorando que tem um joelho que implora por repouso.

E em uma dessas voltas, o seu joelho faz greve, fazendo a mulher ter que forçar sua perna direita, o que acarreta nela virando o pé por causa do salto altíssimo que usava. Fazendo-a cair no colo da sua assistente que a segurou em tentativa de protegê-la do pior.

O olhar delas se cruza por fração de segundos, logo a mulher o fecha e começa a reclamar de dor.

Ela tenta se levantar, mas logo volta ao colo da jovem.

— Acho que você torceu. — A jovem informa tentando ajudar a mulher a se levantar. Miranda lança seu olhar mortal entre dor. — Desculpa. — Andreah não sabe o que fazer, então pega Miranda no colo.

Involuntariamente por medo de cair, Miranda leva seu braço em volta do pescoço de Andreah.

— Emily! — Andreah chama em um decibel a mais. — Acho que Miranda torceu o pé.

Emily se encontra paralisada vendo a editora-chefe no colo da Andreah. Qual a parte do não toque em Miranda, Andreah havia pulado?

— Eu preciso ir ao hospital. — Miranda revira os olhos e fala em dor. — Me coloque no chão. — Ela exige impaciente.

Não foi uma boa ideia mais uma tentativa da mulher, já que o joelho esquerdo implorava por cuidado, e o pé direto aparentemente havia deslocado.

Antes que a mulher caísse ao chão, Andreah rapidamente a pega novamente no colo.

— Ligue para Roy ficar lá na frente. — Andreah pede indo em direção ao elevador.

Por fim Emily entra em ação, e nervosa disca o numero do motorista.

Ao chegar ao térreo, não tinha como não perceber os funcionários sem saber como agir. O esbelto e forte segurança estava com os olhos arregalados. Se fosse outra pessoa, ele rapidamente entraria em ação e pegava no colo, mas, era Miranda Priestly, e a regra de não toca-la era todos os dias relembradas. Então o jovem pálido apenas ajudou a garota a passar a porta giratória.

Roy quando avistou Miranda vindo no colo da Andreah não ficou diferente do segurança. Ele abriu mais ainda a porta detrás e com calma, Andreah ajudou Miranda a se sentar.

— Acho melhor você ir com as costas encostadas na janela e o pé em cima do banco. — A jovem sugere e logo Miranda faz.

Andreah sentou no banco da frente e logo seguiram para o hospital que a mulher costumava ir. O melhor de New York é claro.

Andreah sentia seu coração apertar ouvindo Miranda tentando esconder a dor que estava sentindo.

O transito parecia que estava mais lento que o habitual, e a jovem fechava os olhos a cada gemido de dor que a mulher dava.

Por fim Roy para o carro na entrada de emergência. Andreah rapidamente abre a porta e sai abrindo também a detrás. Com cuidado ajuda Miranda a ficar em uma posição adequada para que a jovem a pegue no colo.

Miranda novamente envolta seus braços no pescoço da jovem, e entre a dor, não consegue não sentir o perfume florido da garota. Miranda não gosta de perfume doce. E o da Andreah tem cheiro de perfume barato.

— Não ouse. — Miranda fala cortante para o homem que veio em direção a elas, fazendo menção de pegar a mulher no colo.

Ela é a Miranda Priestly, e todos a conhece, pelo visto, só Andreah que não a conhecia antes de começar a trabalhar com ela.

Rapidamente aparece uma mulher empurrando uma cadeira de rodas, Andreah se posiciona para sentar Miranda, e assim acontece. A jovem fica do lado da mulher e eles seguem para o atendimento.

Miranda fica só na sala de raio-x e Andreah vai preencher a fixa da editora. Era estranho para a jovem fazer isso. Principalmente para colocar seu nome como acompanhante.

Não tinha como o atendimento não ser rápido e cuidadoso. Logo então temos uma Miranda com diagnostico de pé quebrado e uma bota ortopédica preta no pé direito.

— Você precisa de repouso. Principalmente por causa do joelho. — O medico de longa data da mulher informa mais uma vez.

— Não agora. — A mulher revira os olhos colocando suas muletas debaixo dos braços, fazendo menção de sair da sala.

Andreah por sua vez, sorrir para o medico e pega a receita da mulher. As duas saem com calma da sala do médico. Será complicado para Miranda.

FORTUITOOnde histórias criam vida. Descubra agora