MIRANDY FORTUITO 16

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— Eu não vou ser um brinquedo em suas mãos Miranda. — A garota fala com a respiração pesada após a mulher guiar sua mão para um de seus seios.

Miranda nada diz. Então a jovem arrasta sua mão de volta para esfregar o ombro da mulher. O silêncio é como os ranger de dentes dos sentenciados ao fogo eterno do inferno. Tortura para quem range e para quem ouve. A jovem enxagua as costas da Miranda. Entrega a toalha para a mulher que está se sentindo patética. Não é agradável ser rejeitada quando você induz a mostrar o que quer.

Enrolada na toalha, Miranda é pega no colo por Andreah que a leve direto para o closet. Ela pergunta se Miranda precisa de mais alguma coisa, a mulher apenas faz gesto negativo com a mão. Andreah segue para seu quarto. O de hospede.

Andreah solta à respiração com mais liberdade. Como pode não ceder ao que ela deseja, incomodar tanto?

A garota passa a mão no pescoço logo tirando suas roupas, ela se sente sufocada, incomodada. O que ela mais quer é voltar para o quarto da editora e fazer amor com ela, provar do seu beijo, do seu sexo, do seu calor e de suas mãos em seu corpo desejoso por ela. Mas ela sabe que precisa se proteger antes que tudo desande de vez.

Após um longo banho quente, a garota parece racionalizar sobre o que vem acontecendo. Em que momento ela se perdeu do: o que Miranda é e o que ela deseja que fosse?

Porra, ela está tendo um affair com a Miranda Priestly e está magoada com a maneira que a mulher é acostumada a tratar? É como se ela quisesse destruir do anel precioso os detalhes que lhe fizeram chamar sua atenção.

Mas, Andreah sabe que tem todo o direito de se magoar e não querer continuar com isso. Ela tem ciência disso, ela sabe que sempre quem vai se machucar é ela. Mas é tão bom...

A jovem sai do quarto a procura da mulher. Ela para na porta do quarto da Miranda que parece distraída. O que estaria pensando Miranda Priestly?

— O que você gostaria de jantar? — A voz da jovem parece voz de quem volta atrás.

— Eu vou fazer. — A mulher responde olhando para a garota.

Miranda enxerga na assistente a surpresa em sua face. Miranda sorrir de lado. É bom surpreender as pessoas. Provavelmente a garota pensava que Miranda não soubesse fazer sequer uma panqueca. A garota balança a cabeça em concordância.

Andreah sente necessidade de iniciar uma conversa trivial com Miranda, para tentar mostrar que ela quer sim continuar com isso que vem acontecendo entre elas, mas ela não sabe como fazer, pois está encantada demais em como Miranda prepara o jantar. Os movimentos da mulher é como quem sabe exatamente o que está fazendo e está muito segura sobre isso. Mas em que momento Andreah viu Miranda insegura em relação a alguma coisa?

Bem, Andreah viu Miranda com os olhos vermelhos, descalça, sentada e visivelmente abalada quando Stephen pediu o divorcio quando ela estava em Paris. Talvez ela não seja tão de gelo assim.

— Acho que você tem razão, Miranda. Eu estou misturando as coisas. Mas é que naquela hora, eu não estava rindo do seu trabalho, de maneira alguma, já passei dessa fase, hoje eu sei o quanto tudo é importante. — A garota respira fundo. — Eu estava ali olhando para você, pensando no que vem acontecendo entre a gente. O quanto tudo parece uma grande loucura e acabei não conseguido controlar minha reação sobre meus pensamentos.

Miranda olha para Andreah com atenção. Ela nada diz, apenas leva o pedaço de bife grande para grelhar. A mulher sabe que exagerou naquela situação. Mas ainda assim não se sentia errada.

— E-eu, eu gosto de você, eu desejo você. — Andreah parece com medo. — Eu sei que você jamais me escolheria, e nem vou sugerir isso. Mas acho que a gente poderia, nesse período da sua recuperação, tentar algo sem você jogar na minha cara depois que nada pode acontecer. E quando eu for embora, tudo pode voltar ao que era antes, mas enquanto isso, a gente aproveita cada minuto dele. — O olhar castanho parece suplicar para que Miranda aceite.

Miranda coloca os dois pedaços de bife um em cada prato; complementa com purê e salada.

O silêncio da Miranda é torturador para a garota que está se desvalorizando apenas para ficar com a mulher. Andreah sorrir sem graça, revira os olhos de sua própria atitude então leva os pratos para a mesa. Ela se sente tão pequena.

— Isso foi muito idiota da minha parte. — A garota fala nervosa provando a comida da mulher.

— Você conhece a história de Hércules, Andreah? — Miranda leva o garfo à boca enquanto assiste a jovem confusa balançar a cabeça em concordância.

— Um semideus dono de uma grande força que matou o leão de Neméia! — A garota responde confusa.

Miranda balança a cabeça concordando com a garota; — Ele cresceu conquistando o respeito e admiração do povo Grego. — Miranda encara a garota que tenta prestar atenção nas palavras dela. — Mas, claro, como alguém que estava dando certo na vida, trouxe para si, olhares invejosos que buscavam encontrar uma maneira de derrota-lo.

— Sempre aparecerá um vilão na vida de alguém. — A garota parece tímida ao falar. Miranda concorda.

— Seu primeiro casamento foi destruído por ele mesmo, mesmo que estivesse enfeitiçado, ele se sentiu culpado pelo que fez. Ele procurou o Oráculo para que tirasse essa culpa que ele sentia por destruir sua família. Então ele ordenou que Hércules servisse ao rei de Micenas e Tirinto por doze anos. Mas, o rei de Micenas era simpatizante de quem odiava Hércules, então para que Hércules pudesse se sentir melhor, teria que cumprir doze tarefas consideradas impossíveis. Leão de Meneia é o mais popular, mas havia outros, entre esses outros, alguns mais letais que o próprio leão. Hércules conseguiu cumprir as doze tarefas, conseguiu a maçã de ouro, que para mim, é a mais interessante de todos os trabalhos. Nada o destruía, Nem o cão que guardava o submundo foi capaz de derrotar Hércules. — Miranda olha profundamente para Andreah. — Sabe o que o matou?

— Não! — Andreah estava um tanto confusa.

— A paixão. — Miranda toma um gole de vinho. — Ele casou novamente, depois deixou seu casamento para viver uma paixão. A mulher deixada por ele o presenteou com uma túnica envenenada que grudava na pele se fundindo com a pele dele. Ele enlouqueceu por não conseguir tirar de seu corpo e se atirou ao fogo vindo assim morrer.

— O que você quer dizer com isso, Miranda?

— Só estou compartilhando com você conhecimento mitológico. — A mulher eleva uma das sobrancelhas.

Não, Miranda não estava e Andreah sabe disso. Mas o que Miranda queria dizer? Ela deveria olhar essa historia como analogia? Ain, Andreah odeia brincar de desvendar.

— Você não vai está se jogando na fogueira Miranda, e nem eu irei lhe presentear uma túnica envenenada quando tudo acabar. — A garota recolhe os pratos da mesa.

— Foram dois casamentos... — A mulher levanta da cadeira seguindo para o sofá. — Nenhum deles falava de paixão. E quando envolveu a paixão, foi o fim de Hércules. 

FORTUITOOnde histórias criam vida. Descubra agora