— Miranda, o seu remédio. — Andreah chama a atenção para que Miranda acorde. Elas haviam dormido juntas e não tinham percebido.
Miranda toma seu remédio sem saber tão bem como se portar. A jovem já havia dormido antes com ela, mesmo que fosse o restante da hora após o remédio. Então Miranda apenas volta a se aconchegar na cama. Poucos segundos depois ela sente o corpo da jovem recostar ao seu. Andreah não sabe que Miranda detesta dormir agarrada. Miranda engole em seco. A perna da jovem repousa na coxa da mulher, o braço em cima dos seios e a respiração tranquila batendo no pescoço alvo de Miranda. Bem, ela pode fazer um esforço para tolerar isso, não é mesmo? Andreah tem lhe ajudado tanto. Ela pode tentar e a garota não precisa saber que ela não suporta isso.
— Andreah. Acorde! — Miranda chama com a voz rouca. Ela conseguiu dormir as poucas horas que restava. O que é surpreendendo quando se tem algo como um bicho preguiça grudado em seu corpo. Ou um filhote de macaco atrelado ao de sua mãe. Como ela voltou dormir com Andreah assim, hein?
— Bom dia! — A voz da garota sai preguiçosa. Ela não faz menção de se mexer.
— Gostaria de apreciar a liberdade dos meus movimentos, Andreah. — Essas falas já são intrínsecas do seu ser. A garota rir tirando sua perna e braço de cima da mulher.
— Você não falou bom dia. — A garota beija preguiçosamente o pescoço da Miranda.
— Não vou mudar de comportamento porque nós...dormimos juntas. — Miranda sente desassossego em seu íntimo.
— Entendi! — A garota limita-se em responder.
Ela não quer exigir nada de Miranda, nem a pressionar a algo que a mulher não possa cumprir. Mas poxa, há necessidade de querer distancia emocional mesmo após terem transado? É evidente que a relação delas já tem um tempo que ultrapassou a linha de chefe e funcionário mesmo antes da Miranda quebrar o pé. Ela já dava concessões à garota, já dividia o elevador, já permitia receber massagem nos ombros depois de um dia tenso e estressante. Sorria de comentários pertinentes que a garota fazia. Mesmo que não estivesse claro para elas, o corpo delas davam sinais de que não era apenas admiração e confiança mutua, era mais que isso. E agora, depois de tudo, Miranda ainda insiste em querer ser O diabo em Prada?
Não tem lógica. Mas, tudo bem, a mente de Miranda é difícil compreensão. A mulher não é de falar tanto não é mesmo?
— Preciso ir ao banheiro. — A mulher percebe que a garota ficou desconcertada e muito sem jeito.
— Claro! — Ela responde prestativa, tentando de maneira falha esconder o incômodo.
Miranda caminha com ajuda das muletas sendo assistida por Andreah que está sempre atenta para caso algo aconteça esteja pronta para segurar mulher. Andreah pega Miranda no colo para coloca-la na cadeira. O joelho da Miranda parece doer novamente, a jovem percebe.
— Hoje você tem fisioterapia. Tente não cancelar. — Andreah fala preocupada.
Miranda apenas balança a cabeça em concordância, então a garota sai do banheiro. Elas poderiam tomar banho juntas não é mesmo? Mas há uma atmosfera estranha sobre elas. O desconforto da editora-chefe ter transado com uma funcionaria a qual é muito mais jovem que ela, e todos os conflitos que possam surgir diante disso não permite que a mulher a convide para ficar.
Miranda fecha os olhos recordando do corpo da garota, do sabor do corpo dela e seus fluídos. Ela encosta seus dedos nos lábios. Ela nunca havia provado de beijos tão gostosos como são os de Andreah. O corpo dela esquenta.
— An-dre-ah! — Miranda a chama, tirando a garota da inercia sentada na cama da mulher.
A garota oferece um sorriso prestativo para Miranda. Tira a mulher da cadeira, e ao invés de pedir para que Andreah a coloque no chão, pede que a leve logo para o closet. Assim a jovem faz e logo sai para o quarto de hospedes para se arrumar também.
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— Será que eu falo em Grego para que ninguém compreenda o que eu peço? — Miranda revira os olhos. — Diga a Soraya que ela pode fazer mais que isso. — Miranda joga meia dúzia de folhas em direção a Andreah. — Chegaram às amostras das saias da Dolce e Gabanna? — Ela passa as mãos nos cabelos impaciente.
— Vou busca-las. — Andreah está mais quieta.
— Ninguém veio disposto a trabalhar hoje? — Miranda reclama.
Miranda ver a jovem retirando de sua sala, ela leva a mão em seu colar de pérolas e brinca com ele. Ela dormiu com essa bela garota que trabalha para ela e ela sabe que deve fazer algo a respeito disso. Mas fazer o quê? Tudo está acontecendo de uma maneira que ela nem percebe, quando se dar conta, já está fazendo. E gostando...
Alguns longos minutos depois Andreah retorna com dez saias da marca que a editora exigiu. Pouco minutos depois Nigel, Jocelyn e mais duas funcionarias estão trabalhando para montar alguns looks diferentes com elas.
Andreah observa Miranda trabalhar atenta a qualquer pedido que ela possa fazer. Mas, volta e meia seus pensamentos vão para a noite que elas tiveram. Foi algo tão diferente para a garota que nunca havia estado com mulher. Foi tão quente e com muito tato. A mão que segura um cinto azul é a mesma que esteve estimulando e entrando nela na noite anterior. A garota suspira. Ela sabe que está perdida, que Miranda vai estraçalhar seu coração e que é impossível a mulher querer algo com ela. A mulher que transou com ela é a Miranda Priestly, e a garota quem é?
Andreah dá um sorriso sem jeito balançando a cabeça em negação logo recebendo o olhar de todos, e quando ela percebe que todos estão olhando para ela, ela se sente constrangida e sem graça. O rosto fica vermelho.
— O que é engraçado? — Miranda questiona olhando seriamente para Andreah. A garota atrapalhou a trabalho da mulher.
—É...— A jovem não sabe o que responder.
Miranda poderia deixar para lá, seguir em frente com o preparativo das peças, mas, todos ali, inclusive Andreah sabia que Miranda daria uma retaliação, é do perfil da Miranda isso. E então ela com a voz suave começa o seu monologo sobre a indústria da moda e como Andreah está sendo patética em ousar tirar a atenção de todos que estão focados ali.
Que mal entendido mais tosco. Andreah se sente ridícula. Os olhos da garota lagrimejam.
— Por que ela é assim? — Andreah pergunta para Emily. Não precisava daquilo, ela nem sabia do que a garota sorriu.
— Ela é a Miranda Priestly. — Emily revira os olhos.
Andreah revira os olhos sentando em frente ao seu computador para responder os e-mails. E enquanto trabalha ouve Miranda pedir café. Emily rir. A tarefa de buscar café a que todos mais odeiam.
— Miranda, seu fisioterapeuta está chegando. — A jovem alerta a mulher agora que Miranda está mais livre. Miranda olha para Andreah com olhar confuso. Andreah percebe.
— A clínica precisou trocar. — A garota responde e Miranda percebe que ela está nervosa.
— O que houve com a outra? — Miranda pergunta observando Andreah.
— Ela morreu. Damião é mais experiente e saberá exercícios mais adequados para você. Com licença. — Andreah responde retirando da sala ao ouvir o elevador abrindo-se.
Que maneira hostil de responder algo assim. Miranda sorrir balançando a cabeça em negação. O novo fisioterapeuta da Miranda é um senhor experiente. Miranda estava achando horrível fazer fisioterapia, mas ela não pode negar os benefícios que trazem para seu joelho. E realmente o homem tem mais experiência profissional. Miranda não manteve Andreah distante dessa vez. Ela sabe que ontem exagerou em manter a garota o dia todo praticamente fazendo tarefas fora da revista. Então não foi tão cansativa para a garota.
— Vamos! — Miranda ordena caminhando com as muletas em direção ao elevador. Logo Andreah a acompanha.
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FORTUITO
FanfictionNÃO ACEITO ADAPTAÇÃO, INSPIRAÇÃO EM CIMA DA MINHA FIC. Fortuito é o que acontece por acaso; não planejado, eventual, imprevisto... Miranda Priestly torce o pé por causa de um problema no joelho, e escolhe Andreah para ajudar ela a se locomover em...