| Onde S/n e Kai acabam se conhecendo de uma forma meio inusitada, se odiando dês a primeira troca de olhares e palavras.
| Eles esperavam nunca mais se reencontrar, mas o destino é traiçoeiro e vai colocar esses dois para conviver um com o outro...
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A garota caminhava desajeitada puxando duas malas, uma média e outra maior, nas suas costas uma mochila que parecia que ia explodir a qualquer momento, era mais do que evidente que ela havia exagerado e forçou a mochila caber mais do que o possível, mas deixando de lado o desastre ambulante que a menina parecia, pois ela nem se importava com a dificuldade de carregar todo aquele peso até porque estava concentrada demais na música que tocava em seus fones de ouvidos enquanto observava maravilhada o novo lugar que apartir de hoje chamaria de lar.
Depois de muito planejar finalmente estava com os pés em território russo, e nada disso teria sido possível se ela não tivesse insistido no sonho de ser modelo, no início não foi fácil, porque a quantidade de gente que tinha para desmotivar era absurda, mas ela deu ouvidos? Não, foi lá e fez acontecer, claro que também não foi simples assim, "S/n" teve que ralar muito pra chegar onde chegou, teve que ouvir muitos "nãos", mas com muita determinação e esforço agora estava realizando um dos seus muitos sonhos.
- Adoraria ver a cara daqueles bundões que disseram que eu não conseguiria nada. - ela sorria como se tivesse achado um pote de ouro no final do arco-íris.
"Tudo esta perfeito e caminhando bem" concluiu, o que foi algo precipitado porque nem tudo estava caminhando bem, pelo menos ela não estava. Uma buzina soou alto seguida do som de uma freada brusca, nem deu tempo dela raciocinar direito e já estava no chão, cada mala voou pra um lugar diferente, a mochila por sorte ajudou amortecer a queda e não bater a cabeça no asfalto.
- Que merda. - resmungou dolorida, nem sequer se levantar tentou, mesmo tendo quase certeza que não havia fraturado nada, pois a batida não foi tão forte e não sentia nem uma dor muito intensa, no mínimo estava apenas com alguns ralados e uma dor na bunda.
- Você por acaso é deficiente visual ou só é maluca mesmo pra entrar do nada na frente do meu carro? - um rapaz alto e de traços asiáticos apareceu, deduziu ser o motorista.
Decidindo se levantar ela ficou de pé, por mais que quisesse permanecer ali, já que não sabia onde enfiar a cara por causa da vergonha de estar andando feito uma lesada, "Primeiro dia em outro país e eu já quase parti dessa pra melhor."
- Pra quem quase matou alguém atropelado você tá bem preocupado com as condições de saúde da vítima, né? - revirou os olhos recolhendo as bagagens.
- A claro, me desculpe pela minha indelicadeza, como a senhorita está? - ralhou com sarcasmo e forçou um sorriso. Ela observando isso não gostou e cruzou os braços. - Háa faça mil favor, não perguntei se você estava machucada porque por sorte consegui parar a tempo. O seu único problema deve ser mental ou visual mesmo, quem que fica andando encarando o céu e entra na frente dos carros do nada? Tá querendo cometer suicídio é?
- Ei, seu depravado não me chame de maluca, quem você pensa que é?- apontou o dedo na cara do outro que ficou indignado.
- Sou alguém que quase se envolveu em um acidente por causa de uma sem noção que não sabe andar na rua. - abaixou o dedo dela e eles se encaram com ódio, algumas das pessoas que passavam observavam a cena já outras estavam ocupadas demais com suas rotinas corridas para se importar.
(...)
Depois do incidente de mais cedo "S/n" se encontrava em seu mais novo apartamento, ela ainda sentia os nervos à flor da pele pelos longos minutos de discussão que teve com aquele chineisinho babaca, como havia o nomeado, aquele homem tinha a aborrecido tanto que por segundos a ideia de ir até uma delegacia passou em sua cabeça, porém a garota preguiçosa como era não gastaria suas energias com aquilo, embora quisesse fazer ele se arrepender pela grosseria não era algo que valia a pena, ela tinha uma imagem a zelar e além de que nunca mais veria aquele ser, pensar assim já servia de consolo.
Com as sua malas já desfeitas e tudo organizado em seu devido lugar ela estava explorando a cozinha, nada melhor do que cozinhar para relaxar, certo?
A última fornada de pãezinhos de queijo saia do forno quando ela começou a ouvir uma música brasileira vindo do apartamento ao lado, era um funk, não tinha como confundir, reconheceria aquela batida não importasse a distância.
- Vejo que não sou a única brasileira por aqui. - sorriu animada encarando os salgados quentinhos recém assados e com uma ideia surgindo em sua mente.
