Capítulo 12

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Após uma longa e árdua caminhada cheia de tensões e obstáculos que a luz do dia trazia consigo, o nosso pequeno grupo finalmente havia saído da floresta dos sussurros e estavam de volta às praias de Golden Beach do outro lado do reino,um lugar deserto, abandonado, com sua existência quase completamente esquecida pelo reino, apesar de nos documentos ainda estar registrado como parte dele.

A lua já enfeitava o céu noturno juntamente das suas fiéis estrelas que a acompanhavam nessa dança reconfortante e misteriosa. O ar noturno trazia uma estranha sensação de calmaria e segurança, apesar da tensão do ocorrido na cabana, ainda havia o medo de estarem sendo perseguidos com garras e dentes.

Acenderam uma fogueira e as camas foram feitas de folhas de palmeiras que haviam pela praia. Ruby por ser uma vampira e não precisar dormir, rapidamente prontifica-se para ficar de guarda enquanto os outros descansavam.

Moon apesar da insônia de princípio, rapidamente permitiu que o silêncio da noite e o clima fresco a relaxasse, lhe dando uma sensação de segurança. Aos poucos suas pálpebras se fecharam e seu corpo relaxou, adormecendo sobre o chão.

Moon sente um arrepio e por um segundo sente-se desprender do corpo físico, sendo levada ao mundo dos sonhos mais uma vez, uma sensação calorosa, ao mesmo tempo que assustadora devido ao seu encantador mistério.

Ao abrir delicadamente seus olhos, percebe que estava em lugar algum, na própria definição de vazio, não era possível enxergar nada, estava tudo claro demais, seus olhos ardiam, não compreendia onde estava, na noite anterior estava dormindo em seu quarto e agora... Onde estava agora?

Aquilo tinha de tudo para ser o sonho mais estranho que já teve em sua vida.

Aos poucos o lugar foi ganhando forma, apesar de sua visão ainda estar meio fora da realidade e meio distraída, já conseguia perceber ao seu redor. Ela estava no céu? Era o que parecia, via as nuvens abaixo de seus pés, o sol iluminando o local, mas não era como o sol que conhecia, estava mais para uma fonte de iluminação muito forte, mas não parecia algo natural... era diferente... Uma leve brisa passa pelas suas orelhas, o som de águas tranquilas, serenas e calmantes.

Moon estranhava tudo, mais a frente, lá embaixo, dava para se ver a Terra, em uma visão grandiosa, era como uma câmera que lhe mostrava o que quisesse assistir, logo escuta algumas vozes, aparentemente vozes femininas... a visão amplía-se e revela a imagem de duas mulheres, uma com roupas escuras, um cabelo negro que ia até os ombros e olhos cor de sangue, a outra era um tipo de lobisomem com longos cabelos escuros com as pontas brancas e pele parda, ambas tinham uma aura celestial, quase divina. Moon se assusta a princípio, mas logo percebe que nenhuma delas conseguia vê-la, a pequena loba olha para seu braço, percebe que estava em forma de espectro.... Moon, nesse momento, não passava de apenas uma telespectadora da situação.

As duas mulheres estavam sentadas à sombra de uma árvore, árvore essa, que Moon nunca havia visto, parecia algo místico, suas folhas eram vermelhas, seu caule era negro. Existia alguma árvore assim? Ou esse mundo é realmente algo diferente do seu?

A loba possuía uma aura celestial quase divina. Está encostada no ombro da outra mulher, ao aproximar-se nota que esta mulher era uma vampira com uma aura igualmente poderosa e celestial. O rosto das duas possuíam expressão serena, dava para se ver como ambas estavam confortáveis uma com a outra.

— Hey! Tudo bem? – A vampira com aura celestial quase divina questiona ao perceber o olhar distante da outra.

— Sim... Estou sim, Camazotz!

Camazotz coloca sua mão no ombro de sua companheira e se aproxima.

— Eu te conheço Artemis... Te conheço antes mesmo do universo existir, sei quando mente para mim.

"Espera... Artemis Hati? Esse lugar... Está nas nuvens? Será que... Ela é a Deusa Artemis? E essa outra seria a Deusa Camazots? Eu estou vendo a memória das Deusas? Mas como e por quê?

A Deusa Artemis solta um suspiro longo.

Uma das folhas, avermelhada, da árvore onde estavam, cai sobre a cabeça de Artemis que a pega, olhando-a atentamente começa a fazer movimentos circulares. Sua cor ficava cada vez mais brilhante, mais viva, os tons avermelhados cintilavam e transmitiam uma forte sensação de desejo. A Deusa fixa seus olhos atentamente, sua magia trazia vida a mórbida folha.

— Eu me sinto vazia... Não vazia de verdade! Você ilumina meus dias mais escuros, é impossível estar sozinha quando possuo alguém igual a você ao meu lado. Mas me sinto sem propósito... De que vale ser a Deusa com poderes da vida se eu não utilizo para nada, me sinto inútil. Eu sou a Deusa da luz e da vida, mas não possuo nada que eu mesma tenha criado a não ser essa árvore e o lugar em que estamos... Me sinto impotente como se os dias fossem iguais, cinzas. Não vejo mais emoção, os dias se tornaram monótonos e sem sentido. Queria poder compartilhar com mais alguém a magia da vida, dar esse sentimento, emoções, momentos e a chance de criar maravilhas do mundo, para mais pessoas. Mas de que adiantaria tudo isso, , quando simplesmente não existe ninguém com quem eu possa compartilhar?

— Sempre terá a mim.

A Deusa Artemis Hati começa a rir. – Engraçadinha... Eu sei! E sou grata! Mas gostaria de mais... Mais do que tudo isso... Tem vezes que ainda consigo me sentir sozinha, saudade de algo que não existe, de algo a mais.

Camazotz olha para o céu, as estrelas, satélites, planetas que criou com sua própria magia, antigamente tudo isso costumava ser apenas sombras, mas depois que usou sua magia, seus poderes da morte, trevas, sombras, ela criou galáxias, o universo, sua obra prima, o que costumava ser o vazio se tornou seu lar. Depois que conheceu a Deusa Ártemis, o vazio preencheu-se de luz, quem diria que a Deusa da luz e da vida traria sentido a sua vida sombria? Camazotz solta algumas risadas da lembrança.

— Que foi? Estou falando sério.

— Me perdoe. Eu sei... Estava pensando em como criei este universo, a galáxia, o vazio, buracos negros, o meu mundo... Você também deveria poder criar o seu. Pois és a Deusa da vida, precisa criar algo.. Possui um poder incrível, algo que nunca poderia ter... Mas você pode e tem. Se quiser posso lhe dar um dos meus planetas para começar a sua criação e nós podemos trabalhar juntas em um mundo para tal, podemos ser o equilíbrio de nosso próprio mundo.

A Artemis Hati começa a chorar, mas não de tristeza, mas sim de alegria, abraça sua companheira mostrando toda sua gratidão.

— Eu adoraria. E o mundo que criaremos, não será meu, muito menos seu, será o nosso mundo.

Camazotz abre um sorriso delicado. – Sempre. Eu te amo pequena!

— Eu também.

Moon sente voltar ao seu corpo e aos poucos retorna ao seu mundo físico e real.

A lobisomem acorda de seu sonho.

O que foi isso? Será que foi tudo... um sonho? Mas então por que pareceu tão real? E por que eu sonhei com as deusas? Melhor esquecer... Eu não vou achar nenhuma resposta.

A loba percebe que dificilmente voltaria a dormir, sentia-se alerta demais para conseguir adormecer novamente, então boceja, espreguiçando-se e , colocando-se para admirar a beleza da noite.

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