Moon, entra a passos apressados no quarto de Ruby, trancando a porta logo assim que entra, sem olhar se a vampira havia a seguido, pois naquele momento preferia estar só, apenas consigo mesma e seus pensamentos tumultuados.
— Por que... Por que tem que doer tanto? Eu sabia dos riscos... Então... Por quê?
A lobisomem atira-se na cama, agarrando-se ao travesseiro o apertando contra o rosto, enquanto suas lágrimas molham sua fronha roseta. O cheiro da vampira ainda existia pelo quarto, mesmo que bem fraco... Um grunhido animalesco, um gemido ofegante de dor.
Sua cabeça girava e girava em torno de "porquês" e "se", torturando-se com uma realidade a qual jamais seria sua.
Por que amar alguém tem que machucar tanto? Dilacerar o peito, sangrar o coração, uma dor insuportável, principalmente quando se trata do primeiro amor, aquele a qual jamais pensou em viver, o mais idealizado, o que mais machuca e quebra expectativas. O amor que mais dói, é aquele que você sente que seria incrível se funcionasse...
Mas nem sempre apenas o amor basta, é preciso de mais, de apoio e compreensão de ambas as partes, é preciso que ambas estejam prontas, mas todos temos tempo diferentes, nem todos estão no mesmo ritmo. Às vezes encontramos a pessoa certa na hora errada... Era assim que Moon sentia-se, desolada, caindo em escuridão, presa em mil pensamentos.
Por que elas não poderiam ficar juntas? Se amavam... Ruby a admitiu, então por que não poderia ser tudo mais fácil? Por que sempre tem que ter algo entre elas? Algo entre tudo o que deseja... O mundo, a sociedade já põe barreiras demais em sua vida, mas nenhuma doeu tanto quanto o que está a sentir agora... Algum dia a dor pararia? Algum dia poderia ter Ruby para si? O pensamento era meio possessivo, mas quando que o amor não é? Amor e obsessão andam lado a lado, há apenas uma linha tênue os dividindo, mas todo amor tem um certo grau de obsessão, não tem como fugir cem por cento, se não, não seria amor, não teria desejo, ciúmes necessidade em ter o outro em sua vida, e nada do que o amor traz.
Era como se o mundo da loba tivesse caído... Nada fazia sentido, tudo é complexo demais, difícil demais, e isso não era justo, mas quando que viver foi alguma vez?
Moon senta-se na cama e leva a mão ao peito, apertando com força, enquanto suas lágrimas escorrem.
Tudo era doloroso demais para se assimilar, a dor era extrema.
Algum tempo depois, os ouvidos da loba se movem em direção a porta, Moon fareja o ar e sente o cheiro de... Ruby? Ela estava do outro lado da porta... Moon conteve as lágrimas e se aproxima devagar da porta... Pode ser meio egoísta, meio possessivo, mas seu coração se esquenta e anima um pouco ao pensar na possibilidade de em meio de toda essa dor, a vampira ainda havia vindo atrás dela... Havia seguido-a, , corrido atrás dela, mesmo que só pela presença, mas já era o suficiente para aliviar ao menos um pouco seu peito o simples saber de que Ruby também estava a sentir o mesmo possivelmente. Suas lágrimas correm com menos fervor.
Do outro lado da porta está Ruby com a mão na porta de forma tensa, Moon repetia o movimento do outro lado, mesmo sem saber, criando uma cena como se ambas se tocassem, mas com algo entre elas, as impedindo de se verem...
Ruby vira de costas e se deixa escorregar até o chão, sentando de costas para o quarto, e minutos depois Moon faz o mesmo movimento, mesmo sem saber ou se tocarem.
O som do choro ainda é escutado, e era o que mais machucava o coração de ambas, mas a presença uma da outra, mesmo que de forma egoísta e sem sentido, ainda amenizava toda essa dor, mesmo que soubessem que não poderiam, que não eram para estar fazendo isso, pois apenas pioraria e dificultaria tudo entre elas mais tarde, mas naquele momento nada disso importava, apenas seus sentimentos, pensamentos e elas mesmas.
Mais tarde, escuta-se a porta sendo destrancada, Ruby se levanta em um susto e leva a mão ao peito, mas nada acontece... De forma temerosa coloca a mão na maçaneta, mas o simples ato de abrí-la por si só parecia um desafio tremendo. A vampira suspira pesadamente e a abre, seus olhos vagam pelo quarto e rapidamente se encontram com a Moon enrolada na coberta sob a cama, se recusando a virar-se, ainda era possível ouvir seu choro baixo.
Ruby sentiu seu coração se partir ao ver aquela cena, mas resolve não incomodar e passa reto pelo quarto até o caixão, mas antes de abrí-lo, vira-se para ver a loba a encarando, seu olhar cansado e vermelho de tanto chorar, uma cena triste... Jamais imaginou ver aquela forte e poderosa lobisomem de uma forma tão frágil alguma vez na vida, e saber que a culpa era sua, era o que mais doía...
Ruby desvia o olhar em negação. Moon solta um grunhido de dor, e Ruby vira-se para ela, seus olhos encontram-se por um breve segundo, como se ambas dissessem, "sinto muito". Ruby volta tristonha e entra em seu caixão, fechando a porta de forma temerosa, solitária e ferida.
Por que nada poderia ser fácil para elas? Por que tudo sempre tem que ser tão difícil? Por que Ruby tem que ser tão difícil, ter tantos problemas e traumas? Por que a vida não pode ser mais simples? Eram dúvidas que ambas pensavam, e ambas se culpavam pelo sofrimento uma da outra, mas mesmo assim, nenhuma delas conseguia se arrepender do sentimento que nutriam entre si, talvez, mesmo que tentassem negar, mesmo que fosse escondido, ambas tinham esperança que talvez, mas só talvez, existisse uma chance de darem certo no futuro mas no momento....não havia essa possibilidade... Quem sabe no futuro?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Em busca da liberdade
FantasyVocê já ouviu o uivo de um lobisomem? O bater de asas de um vampiro? Não? ah... você está muito enganado... Você ouve isso todos os dias, mas nunca percebeu, porque o som real dos monstros nunca foi o que eles mostravam em filmes ou séries. O som de...