Juliette passou a noite em observação. O pequeno sangramento que teve foi causado por um leve descolamento da placenta.
Felizmente com os gémeos estava tudo bem. Precisava apenas de repouso e daí o internamento.
De manhã ligou para Maitê a contar o sucedido. De imediato ela foi até ela.
Rodolffo acordou cedo. Foi até ao escritório de Juliette, mas foi informado de que ela ainda não tinha chegado. Avistou Ema e foi ter com ela.
- Parece que a Dra. está no hospital. Pelo menos foi o que ouvi a Dra Maitê falar quando saiu.
Rodolffo correu para o hospital. Depois de várias informações chegou ao quarto onde Juliette estava ao mesmo tempo que Maitê saía.
- Como está ela, Maitê?
- Bastante sensível. Vocês dois vejam se tomam juízo. Parecem dois adolescentes birrentos.
- Ela falou de mim?
- Disse que não te queria ver. Agora se vira.
- Obrigada. Vou entrar.
Juliette olhou para a porta assim que ouviu o barulho dela a abrir e instantaneamente olhou para o lado oposto.
Rodolffo timidamente aproximou-se da cama e sentou-se ao se lado tentando segurar a mão dela que ela afastou.
- Desculpa, Ju. Não queria fazer-te mal.
Ela manteve-se em silêncio.
- Espero que me perdoes tudo o que disse ontem. Não foi de coração. Só estava magoado e quis descontar em ti, mas eu jamais duvidei da tua honestidade.
Tu sempre soubeste o quanto era importante para mim um filho contigo. Não podia ter dito aquilo. Não foi sentido.Ela continuou em silêncio sem olhar para ele no entanto ele continuou.
- Vou esperar tu melhorares para termos a nossa conversa e esclarecer todas as dúvidas. Agora eu só espero que fiques bem.
Nesse instante entrou o médico.
- Juliette, vou dar-lhe alta. Só precisa continuar em repouso. Este senhor é o pai dos gémeos? Parabéns, dois bébés saudáveis.
Passem na recepção para levantar a alta. Fique bem Juliette.O médico saiu e Rodolffo colocou as mãos no rosto a chorar.
- Dois, Ju? Obrigado Deus.
Juliette era durona, mas o seu coração derreteu quando viu lágrimas nos olhos dele.
- São dois sim. Não chores, senão vou chorar também.
Rodolffo beijou as mãos dela e ajudou-a a levantar-se. Quando ela já estava em pé não resistiu e abraçou-a fortemente. Ela não resistiu.
- Vem. Eu ajudo-te a trocar de roupa e levo-te para casa.
- Não precisa. Eu ligo à Maitê.
- Eu já estou aqui. Por favor, Juliette.
- Está bem.
Já no carro, Juliette digitou o endereço dela.
- Pensava que ias para a nossa casa.
- Não existe mais nossa casa. Existe a tua e a minha. Esqueceste que estamos divorciados?
- Eu não assinei nada. Tu é que assinaste.
- Mesmo assim. Vou para minha casa.
Rodolffo não disse mais nada e logo chegaram à modesta casa de Juliette.
A casa tinha apenas um quarto com banheiro, sala, cozinha e uma pequena despensa.
- Juliette, não podes ficar sózinha.
- Eu me viro, como sempre.
- Não. Eu vou ficar aqui hoje contigo. Se eu sair, já sei que vais fazer esforços desnecessários. Lembra-te do que o médico falou. Repouso absoluto.
- Não tem condições para ficares aqui. E os shows? Não tens shows?
- Só depois de amanhã. Eu fico e durmo no sofá. Não tem negociação.
Vem. Queres ir para a cama?- Não. Vou ficar aqui no sofá mesmo.
Rodolffo foi ao quarto buscar as almofadas, ajeitou-as no sofá e ajudou-a a deitar-se.
- Vou preparar alguma coisa para comeres. O que te apetece?
- Queria uma sopa.
- Sopa? Ishhh! Sopa não sei fazer, mas se me disseres como é eu faço.
Juliette sabia perfeitamente que ele não sabia fazer sopa. Falou pensando que ele ia dizer para ela pedir outra coisa.
- Vou buscar um papel para anotar o passo a passo. Vai dar certo.
Eu sei que vai. Ele dá conta de tudo o que se propõe fazer. Pena ser tão torrão.
Não, pena sermos dois torrões.