CINCO

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Juliette passou a noite em observação.  O pequeno sangramento que teve foi causado por um leve descolamento da placenta.

Felizmente com os gémeos estava tudo bem.  Precisava apenas de repouso e daí o internamento.

De manhã ligou para Maitê a contar o sucedido.  De imediato ela foi até ela.

Rodolffo acordou cedo.  Foi até ao escritório de Juliette, mas foi informado de que ela ainda não tinha chegado.  Avistou Ema e foi ter com ela.

- Parece que a Dra. está no hospital.  Pelo menos foi o que ouvi a Dra Maitê falar quando saiu.

Rodolffo correu para o hospital.  Depois de várias informações chegou ao quarto onde Juliette estava ao mesmo tempo que Maitê saía.

- Como está ela, Maitê?

- Bastante sensível.  Vocês dois vejam se tomam juízo.  Parecem dois adolescentes birrentos.

- Ela falou de mim?

- Disse que não te queria ver.  Agora se vira.

- Obrigada.   Vou entrar.

Juliette olhou para a porta assim que ouviu o barulho dela a abrir e instantaneamente olhou para o lado oposto.

Rodolffo timidamente aproximou-se da cama e sentou-se ao se lado tentando segurar a mão dela que ela afastou.

- Desculpa,  Ju.  Não queria fazer-te mal.

Ela manteve-se em silêncio.

- Espero que me perdoes tudo o que disse ontem.  Não foi de coração.  Só estava magoado e quis descontar em ti, mas eu jamais duvidei da tua honestidade.
Tu sempre soubeste o quanto era importante para mim um filho contigo.  Não podia ter dito aquilo.  Não foi sentido.

Ela continuou em silêncio sem olhar para ele no entanto ele continuou.

- Vou esperar tu melhorares para termos a nossa conversa e esclarecer todas as dúvidas.  Agora eu só espero que fiques bem.

Nesse instante entrou o médico.

- Juliette,  vou dar-lhe alta.  Só precisa continuar em repouso.  Este senhor é o pai dos gémeos? Parabéns,  dois bébés saudáveis.
Passem na recepção para levantar a alta.  Fique bem Juliette.

O médico saiu e Rodolffo colocou as mãos no rosto a chorar.

- Dois,  Ju?  Obrigado Deus.

Juliette era durona, mas o seu coração derreteu quando viu lágrimas nos olhos dele.

- São dois sim.  Não chores, senão vou chorar também.

Rodolffo beijou as mãos dela e ajudou-a a levantar-se.  Quando ela já estava em pé não resistiu e abraçou-a fortemente.  Ela não resistiu.

- Vem.  Eu ajudo-te a trocar de roupa e levo-te para casa.

- Não precisa.  Eu ligo à Maitê.

- Eu já estou aqui.  Por favor, Juliette.

- Está bem.

Já no carro, Juliette digitou o endereço dela.

- Pensava que ias para a nossa casa.

- Não existe mais nossa casa.  Existe a tua e a minha.  Esqueceste que estamos divorciados?

- Eu não assinei nada.  Tu é que assinaste.

- Mesmo assim.  Vou para minha casa.

Rodolffo não disse mais nada e logo chegaram à modesta casa de Juliette.

A casa tinha apenas um quarto com banheiro,  sala, cozinha e uma pequena despensa.

- Juliette,  não podes ficar sózinha.

- Eu me viro, como sempre.

- Não.   Eu vou ficar aqui hoje contigo.  Se eu sair, já sei que vais fazer esforços desnecessários.  Lembra-te do que o médico falou.  Repouso absoluto.

- Não tem condições para ficares aqui.  E os shows?  Não tens shows?

- Só depois de amanhã.   Eu fico e durmo no sofá.  Não tem negociação.
Vem.  Queres ir para a cama?

- Não.   Vou ficar aqui no sofá mesmo.

Rodolffo foi ao quarto buscar as almofadas, ajeitou-as no sofá e ajudou-a a deitar-se.

- Vou preparar alguma coisa para comeres.  O que te apetece?

- Queria uma sopa.

- Sopa?  Ishhh! Sopa não sei fazer, mas se me disseres como é eu faço.

Juliette sabia perfeitamente que ele não sabia fazer sopa.  Falou pensando que ele ia dizer para ela pedir outra coisa.

- Vou buscar um papel para anotar o passo a passo.  Vai dar certo.

Eu sei que vai.  Ele dá conta de tudo o que se propõe fazer.  Pena ser tão torrão.
Não,  pena sermos dois torrões.

Vou tirar o teu batonOnde histórias criam vida. Descubra agora