- Oi Maitê, tudo bem?
- Sim Ju. E aí? Li sobre o show de Rodolffo. Ia ligar para ti, agora mesmo. Como ele está?
- Está bem. Com alguns machucados, mas vai passar.
Diz-me uma coisa, Maitê. O Raul ainda está em Paris?- Pois é menina! Que babado. O homem depois de tu regressares começou a pressionar-me que não aguentava o Inverno e queria voltar.
Voltou faz uma semana e logo apresentou a carta de demissão.Tive que enviar a Cláudia e contratar novo elemento para aqui. O escritório de Paris parece enguiçado.
- Lamento Maitê. Não queria ter causado esses transtorno. O que ele alegou para se demitir?
- Stress, cansaço e outros problemas que ele precisava resolver.
Está bem. Qualquer coisa que eu possa ajudar, não exites. Posso ir aí de vez em quando se desejares.
- Obrigada, Ju. Se precisar, eu chamo.
Juliette desligou a chamada, mas rebobinou a cassete de memórias.
Paris, 50 dias atrás.
- Oi Ju. Hoje o trabalho rendeu muito. Adiantámos muito trabalho e merecemos comemorar. Bora sair?
- Não. Hoje só quero um banho e cama. Estou muito cansada.
Juliette e Raul estavam hospedados no mesmo hotel e no mesmo andar.
Depois disto cada um seguiu para o seu quarto.
Juliette ia pedir jantar no quarto quando o telefone tocou.
- Oi Juliette. Sou eu de novo. Eu convidei a Michelle e o Jean para jantar aqui. Vem jantar connosco. Depois podes ir dormir. Vem, não vais demorar muito.
- Está bem, mas janto e venho logo embora.
- Sim.
Juliette seguiu em direcção ao quarto dele. Bateu à porta que foi imediatamente aberta.
- Entra Juliette. Eles já estão a chegar.
Juliette sentiu o ambiente estranho. Raul vestia apenas o roupão do hotel.
- Desculpa estar assim, mas somos adultos. Gosto de estar à vontade.
Passaram uns bons 15 minutos e nada dos outros chegarem.
- Raul, eu não estou à vontade. O Jean e a Michelle não vêm e eu vou embora.
- Na verdade Juliette, eles não vão vêem. Eu queria estar a sós contigo. O meu sentimento por ti já vem do Brasil e só aceitei vir porque estavas cá.
- Deves estar doido. Sou uma mulher casada.
- Mas eu sei que estás separada.
- E isso quer dizer o quê? Que me vou envolver com o primeiro que aparecer? Não me conheces.
- Dá-me uma chance. Eu amo-te.
- Nem que fosses o último homem na face da terra. Além disso, estou grávida do homem que eu amo.
- Isso não é impedimento para mim. Eu aceito o teu filho.
Raul veio em direcção dela tentando beijá-la.
Juliette deu-lhe uma joelhada no meio das pernas.- Nem tentes. Se pensas que por ser mulher sou fraca, tira o cavalinho da chuva. Encostas um dedo em mim e eu chamo a polícia.
Raul ficou a contorcer-se de dor e a vomitar impropérios.
- Vadia. Vais pagar por isto. Vai lá de volta para o Brasil cuidar desse bastardinho e do pai dele. O que é vosso vai chegar.
Saí dali para o meu quarto. No dia seguinte não apareci no escritório e no outro embarquei de volta ao Brasil.
Fui idiota de não ter apresentado queixa nem ter contado a Maitê. Como ele permaneceu em Paris resolvi esquecer.
Dias actuais
Depois destas lembranças eu perguntava-me se este assunto teria algo a ver com o atentado a Rodolffo.
- Amanhã vou falar com Maitê. Talvez ela me ajude a saber do seu paradeiro, mas preciso falar com Rodolffo primeiro.
Entrei em casa, subi ao nosso quarto e ele continuava a dormir. Deitei-me a seu lado e logo o seu braço passou sobre a minha cintura e ele encostou-se a mim ficando de conchinha.