ONZE

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Rodolffo partiu para os shows desta semana mas estava ansioso demais.

Juliette já estava em casa.  Pelo menos nessa parte ele podia estar descansado.  Dona Paula estava lá e sempre era uma companhia mesmo que fosse só de manhã.   Como ela vivia relativamente perto,  se Juliette precisasse era iria em seu auxílio.   Foi isso que ficou combinado.

Subi ao palco um pouco nervoso, mas após o início fui relaxando e cantei como sempre.  O público estava animado o que ajudava muito.

Está era uma semana de cinco shows.  Hoje era o último.  Não gostei quando vi o palco um pouco afastado do público.   Não é igual.  Eu gosto de ver as pessoas de perto.  Gosto de reconhecer os fãs, gosto do toque e hoje estava tudo longe.

Questionei o contratante e ele quis que fosse assim.  Mostrei o meu desagrado, mas nada poderia fazer.  Se der eu desço do palco no final e vou abraçar o público.

Recebi algumas fãs no camarim e trouxeram muitas coisinhas para o bébé.  Elas são umas fofas.
Não posso dizer isto à Juliette porque ela tem ciúmes das fãs.

Começou o espectáculo e em cima do palco ainda era mais estranha a distância.   A banda olhava entre si e encolhia os ombros.

Cantei como sempre.  Os problemas desaparecem aos primeiros acordes.
A entrega do público foi surreal.

Foi na última moda que eu comecei a sentir um som estranho.  Tirei o auricular e pareceu-me ouvir o palco ranger.  Olhei para os pés e...

Acordei no hospital da cidade com a cabeça enfaixada, e um braço ligado até ao cotovelo.
Numa das coxas tinha um enorme curativo.   Ao meu lado, no mesmo quarto estavam dois elementos da banda.

Olhei para o Sérgio que tinha uma perna elevada e engessada e o Pedro que tal como eu tinha a cabeça ligada.

- O que aconteceu?  Não me lembro de nada.

- Houve uma explosão debaixo do palco.  Foi tudo rápido, disse o Sérgio.

- Há mais alguém machucado?

- Penso que só nós três e um segurança que sofreu escoriações.

- E a causa.  Já sabem?

- Não sei mais nada.

Fiquei preocupado.  Será que a Ju ouviu alguma coisa.  Preciso falar com ela.

Neste preciso momento chegou o meu agente.

- Preciso de um telemóvel.   Onde estão os meus pertences?  Preciso de falar com a Juliette.

- Toma o meu.  Os teus pertences já estão no autocarro.

- O que aconteceu, Ângelo?

- Não temos certeza, mas cremos que houve sabotagem.

- Como assim?  De quem?

- Isso é o que as entidades competentes estão a averiguar.

- E quando nos vão liberar daqui?

- Estou à espera do médico responsável.

- Se tiver que ficar internado eu quero ir para o hospital da minha cidade.  Eles também,  disse apontando para os dois da banda.  Agiliza isso.  Queremos ficar junto das famílias.  
O resto da banda está bem?

- Estão todos bem.  O médico está a chegar.

O médico liberou o Rodolffo e o Pedro na condição de passarem por uma avaliação no dia seguinte nos respectivos hospitais da residência. 
Sérgio teria que ficar internado mais dois dias.  Ele optou por ficar os dois dias ali.  Por ser solteiro, só tinha os pais que não viviam com ele.

Rodolffo disse que ia accionar o seguro para que ele pudesse ter o apoio devido após regressar a casa.

Por fim marcou o número de Juliette.

Vou tirar o teu batonOnde histórias criam vida. Descubra agora