DEZASSEIS

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Quando regressei, Juliette já estava no quarto.  Entrei e dei-lhe um beijo.

- Como te estás a sentir?

- Estou bem.  Tenho um pouco de dor.

- Queres que peça remédio?  Eu peço à enfermeira.

- Não.   Se piorar,  pedimos depois.
Agora vem cá.   Sabes que nossos filhos ainda não têem nome?

- Pois é.  Que pais nós somos.  Já pensaste em algum?

- Eu gosto de João Miguel.

- Também gostei.  E a menina?

- Escolhe tu.

- Maria Gabriela ou Maria Isis.

- Maria Gabriela gosto mais.

- Está decidido.   Maria Gabriela e João Miguel.  Os nossos príncipes.

Não tardou muito para que uma enfermeira trouxesse os bébés no berço para que a mãe desse de mamar.

Ela colocou Maria Gabriela no colo de Juliette,  ajeitou o peito e logo ela começou a mamar.

Pegou no menino e quando o entregava a Juliette,  Rodolffo quase gritou.

- Esse bébé não é o meu menino!

A enfermeira ficou sem reacção assim como a Ju.

- Como não é o seu menino?  Que história é essa?

- Esse menino não é o mesmo que saiu da minha mulher.  Onde está o meu filho?

Juliette olhava a criança e ao mesmo tempo que acreditava no Rodolffo,  também não parecia ter certeza.  Afinal ela estava debilitada na altura que o viu pela primeira vez.

Logo um tumulto se gerou na clínica.

A enfermeira levou de volta a criança para o berçário e Rodolffo foi atrás.   Não havia lá mais nenhuma criança.

Rodolffo gritava onde está o meu filho e as enfermeiras tentavam acalmá-lo.

Enquanto isso, ao fundo do corredor, uma outra mãe debatia-se com o mesmo assunto.

- Sra enfermeira, o meu filho foi trocado.  Esta criança não é minha.

- Você deve estar a delirar. Como pode ter sido trocado?

- Eu vi o meu menino nascer quase sem cabelo.  Olhe para este.

A enfermeira ouviu o burburinho que vinha de fora do quarto.

Veio à porta espreitar e ao ouvir Rodolffo discutir com a colega pode perceber que talvez a mãe tivesse razão.

As crianças por terem nascido à mesma hora foram identificadas incorrectamente. Ninguém soube explicar como é que as pulseiras foram trocadas.

Rodolffo ao ver o seu menino, tirou-o das mãos enfermeira e correu para junto de Juliette.

- Amor, já está aqui.  Não fiques nervosa.  Achei ele.

- Maria Gabriela já tinha terminado de se alimentar e Rodolffo entregou João Miguel a Ju, devolvendo a menina ao berço.

Sentou-se do lado dela e limpou-lhe as lágrimas.

- Não chores.  Vou apresentar uma reclamação.  É inadmissível uma coisa destas acontecer.  Felizmente a outra mãe também reconheceu o erro.

- Como é que tiveste tanta certeza?  Eu fiquei na dúvida por um tempo.

- Olha o cabelinho dele.  Quando eles nasceram foi no que eu reparei logo.
Eles têem cabelo igual.  O outro bébé é quase careca.

- Que susto. 

A médica directora veio apresentar as desculpas em nome da clínica.

Rodolffo apenas perguntou:

- Quando é que a minha mulher tem alta.  Só queremos ir embora.

- Compreendo, mas ela deve ficar aqui pelo menos três dias.  Se não houver complicações ao fim desse tempo terá alta.

Neste instante uma outra enfermeira vinha conferir se as crianças já estavam alimentadas para as levar afim de que a mãe pudesse descansar.

- Não.   Os meus filhos só saem daqui para irem para casa.  A mãe pode descansar que eu tomo conta deles.

- Senhor Rodolffo,  as coisas não podem ser assim.

- São assim porque eu quero.  Eu vou ficar aqui com eles ou transfiro-os para outra clínica.  A escolha é vossa, mas daqui eles não saem.

A enfermeira e a directora sairam sem dizer uma palavra.

Rodolffo ficou sempre  com eles.  Apenas saía por pouco tempo para se alimentar e aproveitava o momento em que a Ju estivesse acordada.

Ao fim de três dias receberam alta e foram os quatro para casa.

Vou tirar o teu batonOnde histórias criam vida. Descubra agora