Lúcifer Morningstar era um anjo com ideias fascinantes sobre toda a criação, querendo as explorar ao máximo. No entanto, todos ao seu redor repudiaram todas suas brilhantes ideias, o deixando de fora da criação do mundo humano e da Terra em geral.
Seu coração foi despedaçado como vidro se estilhaçando no chão em um estrondo que ecoava alto o suficiente para todos ouvirem. Entretanto os pedaços do coração de Lúcifer nunca seriam altos o suficiente, assim como suas ideias não foram para todos os anjos ao redor.
Seu sorriso largo e real transformou-se em lágrimas transparentes e silenciosas. No fundo ele apenas queria que todos o ouvissem de verdade, que explorassem sua mente e vejam o quão geniais suas ideias eram, mas ninguém seria tolo o suficiente de fazer isso. Uma vez que se entra na cabeça de Lúcifer é impossível sair, a pessoa ficaria fora de si, pois suas ideias eram incabíveis na visão dos anjos.
O pequeno loiro repousou entre as estrelas, esperando os seus irmãos terminarem de criar a terra. Ele observava Sera, a Serafim, comandando tudo e todos, aprovando e desaprovando as ideias dos anjos. Havia em Lúcifer raiva e inveja dela; se ele quisesse poderia destruir todos ali e moldar a Terra como quisesse tornando-a perfeita. Mas, o loiro se contentou em apenas observar a criação tomando forma.
O tempo passou, aquilo que os humanos denominariam de semanas, dias, horas e minutos se passaram e Lúcifer continuou a observar. Todos passavam por ele, mas ninguém nunca tentou sequer olhar para o pequeno anjo sentado em tristeza. No entanto, havia um anjo diferente de todos.
Loiro, com olhos azuis como o recém-criado oceano. Suas seis asas brancas com o fundo amarelo como as crianças pintarão o Sol — estrela que a Terra orbitaria em um futuro próspero— Seu corpo era magro, seus dentes afiados, as bochechas vermelhas.
Ele era um clone indentico de Lúcifer —Ou Lúcifer é um clone do anjo—, exceto pela cor de fundo das asas. Seu nome é Miguel, o irmão gêmeo de Lúcifer e o favorito de todos os irmãos.
O clone se aproxima do loiro com um sorriso, os olhos transmitindo empatia e compaixão, porém com um brilho indescritível em seu fundo.
— Lulu, mantém-se sentado? Não condiz com você tamanha melancolia.
Lúcifer não pôde evitar o revirar de suas órbitas com o apelido; ele odeia essas afetividades, mas Miguel insiste em o irritar com isto. Miguel disse a verdade; o pequeno loiro odiava ficar quieto, porém, o que fazer quando não se pode ajudar sem ser criticado? Ele preferia mergulhar em seu melancolia a ser duramente criticado pelos outros anjos por suas ideias não aceitáveis.
— Não posso ajudar vocês com a criação, só me resta ficar sentado esperando o tempo passar.
Sua voz demostra tristeza, seus olhos azuis perderam o brilho, transformando-os em opacos.
Miguel se senta ao lado do irmão segundos mais novo, suas imponentes asas rodeiam os dois, aproximando Lucifer de si. O mais novo sorri com o pequeno gesto, reclinando sua cabeça no ombro de Miguel.
— Vossas ideias são...peculiares para dizer o mínimo, no entanto, uma em específico me causou interesse. Queria saber se poderia ilustrar a criatura para mim.
Diz o mais velho com a voz serena; ele é conhecido por ser um dos anjos mais fortes e mais calmo, exceto quando mechem com Lúcifer. Quando ocorre de alguém mexer com seu pequeno irmão, todos abrem caminho para a fúria capaz de matar; nenhum se atreve a se aproximar.
O loiro abriu um sorriso genuíno com a fala de Miguel. Tudo que sempre quis é mostrar suas criações para todos verem o quão brilhantes eram, e agora Lúcifer sentia que era o momento certo. O brilho de seus olhos voltou à vida; observou o irmão com cuidado se certificando-se que não era uma pegadinha de mau gosto.
Com suas mãos, o mais novo moldou aos poucos a criatura sem nome. O dourado de sua magia formava cada parte do pequeno corpo. Quatro asas, um bico enorme, três olhos, patas achatadas com pontas extremamente afiadas, dentes inquebráveis e cauda felpuda. Um pequeno animal, seu favorito de todas suas ideias. Olhou para seu irmão com expectativa; Lúcifer queria sua aprovação para essa criatura fascinante. Mas encontrou apenas um olhar apavorado no rosto de Miguel, como se estivesse vendo algo não natural.
— Ah..Lulu, essa criatura é fascinante.
Um sorriso forçado preenche seu rosto; se fosse qualquer outro anjo a mostrar aquilo, é provável que Miguel desse um soco na cara por pensar em algo tão.....droga, nenhuma palavra poderia descrever a aberração que via à sua frente.
— Estás mentindo.
Lúcifer afirma com a voz em tom de decepção, aborrecimento evidente em seu rosto. Olhou para o pequeno ser que criou; a criatura teria dois corações, um pulmão aparente e bolhas por todo seu corpo, além de uma gosma venenosa dentro como forma de defesa. Para o mais novo, esse animal seria perfeito em todos os aspectos. Melhor do que os seres horrendos que os outros criavam.
— Eu admiro tua criatividade, mas podemos melhorar a ideia. Ela não precisa ser um completo fracas-...não precisa ser totalmente descartável.
Sua voz engasga no meio da frase, tentando disfarçar que quase chamara a criação do irmão de fracasso. Para Miguel, a criatura era horrenda, mas não poderia dizer isso a Lúcifer. O irmão já está melancólico o suficiente pelos outros anjos julgando suas ideias.
— Vamos diminuir a quantidade de asas, um animal comum não pode ter tentas. Não é um ser celestial como noses.
Afirma Miguel com um sorriso; sua magia corrigindo a imagem que Lúcifer está demonstrando. O irmão mais novo o olhou com uma carranca mas decide unir-se a ele para criar uma nova versão da criatura. Se ele der sorte, uma de suas criações caminhará pela Terra.
O dourado se espelha e se derrama aos poucos, moldando a nova forma. Seus órgãos desnecessários foram retirados, e uma cor amarela foi adicionada —Miguel fez questão de ser amarelo e Lúcifer concordou—. Outras cores poderiam formar a criatura, como branco. Patas agora são laranjas e sem garras para matar, as asas foram diminuídas para apenas duas, os olhos ficaram de cada lado da cabeça —apenas dois—; seu bico também foi tingido de laranja. Ao invés de pelos, o animal teria penas, a cauda continuou felpuda, mas extremamente menor. As bolhas foram retiradas de seu corpo, e agora não possuía mais veneno.
— Ainda acho que a forma original é melhor.
Diz Lúcifer ao terminó; Na verdade ele preferia desse jeito, principalmente por ser um trabalho dele com Miguel, mas o mais novo nunca admitiria isto. É orgulhoso demais para algo assim. O som da risada de Miguel é ouvida, seus olhos mostram orgulho por seu irmão e o animal que criaram.
— Prometes?
Lúcifer olha para o irmão com a expressão triste.
— Você promete que irá conseguir colocar isto na criação?
Miguel arregala os olhos azuis; como prometeria isto? Os anjos não permitiriam, nao com um destino pré escrito para seguir, não com a história tendo o risco de ser alterada. Contudo, como resistir a seu pequeno irmão? Os olhos doces e inocentes, sem traço de maldade, apenas Lulu e não Lúcifer?
— Temos que dar um nome.
Seu olhar se desvia do de Lúcifer; não conseguiria encarar o irmão no momento. Não com o peso em sua consciência tão forte.
— Pato
Lúcifer diz de forma simples, com um sorriso no rosto, como se fosse o melhor nome já existente. O mais Velho volta ao o encarar com uma expressão de "Por que pato?". O mais novo, sem saber responder dá de ombros; ele também não sabe. Mas o nome pato parece combinar bem...é um som interessante, pato.
— Gosto de como soa.
Notas:
Esse capítulo ficou curto por ser a primeira parte do prólogo onde mostra nosso pequeno anjo quando ainda estava no paraíso haha
Gostaram do Miguel ter aparecido? Ele vai ser bastante importante, prestem atenção no mini querido!
Obrigada por ter lido🫶
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Harmonia Disonante (RadioApple)
RomanceNas sinfonias do universo, onde a queda de um anjo ressoa como uma dissonância perdida, como uma Harmonia Desonante que entrelaça as vidas de Lúcifer e Alastor. Um Paraíso traído, um rádio que ecoa além da morte, segredos enterrados no inferno. Entr...