■ Capítulo 09 - A Visita De Meu Pai

286 14 1
                                    


Pai - Podemos conversar? - perguntou, ganhando espaço pela cozinha para chegar mais perto de mim.

Ele estava completamente diferente de quando lhe vi no Rio. O mendigo em que estava lá havia dado lugar agora à um homem visivelmente bem vestido, com um belo corte de cabelo, uma barba feita, para mim, mais bonito do que nunca.

Eu - Claro que podemos, pai. - respondo, meio chocada ainda por meus neurônios não terem processados todas as boas novas.

Levei ele pro meu quarto, onde tranquei a porta, para temos mais privacidade.

Nos sentamos na cama, onde trocamos olhares em silêncio um ao outro.

Pai - Graças à Deus que você melhorou. - começou, assim que entra no quarto, acomodando-se na ponta da minha cama.

Eu - Foi só uma 'pancadinha' de nada. - falei passando a mão sobre a superfície de minha cabeça, ainda sentindo as cicatrizes ali presentes.
Pai - Para você pode ser só isso, mas garanto que nem imaginas o alívio que me dá ver você bem.

Fico sem reação, não sabendo se lhe tratava bem ou mal após isso. Não sabia distinguir se ele havia tornado-se o vilão da história.

Eu - Que bom. Mas ... Não faz muito tempo deis que a gente se viu, pelo que me lembro, não é? - pergunto ironicamente, jogando lhe uma indireta.

Ele ficou quieto.

Pai - Filha ... Eu, quero que você ... Esqueça disto, ok?

Eu - Esquecer?! Como eu vou esquecer? Me diga? - levantei um pouco a voz. Irei falar tudo o que guardei dentro de mim esses dias - Sempre te contei tudo sobre a minha vida, tudo! E por que então você nunca me contou sobre ... aquilo? Não éramos amigos?

Pai - Ainda somos amigos.

Eu - Ah, é? Pois não parece!

Pai - Eu nunca te contei que sou um envolvido no mundo das drogas porque ... - mediu suas palavras em pensamento, para que a forma da qual me contasse não soasse arrogante - porque fiquei com medo de não querer mais falar comigo. Fiquei com medo de nunca mais querer me ver.

Eu - Você sabe que eu nunca faria isso! Nunca! Poxa, parece até que não me conhece.

Pai - Desculpa, tá?

Na hora eu pensei em lhe responder, já que sou birrenta e insuportável em certos momentos da vida, mas não consegui.

Eu - Claro que te desculpo, pai. - e caminhei lentamente conforme me acalmava, o abraçando.

Pai - Eu te amo. - sussurrou em meus ouvidos.

Nos soltamos, e agora que voltamos a ser amigos outra vez, hora de por o papo em dia:

Eu - Estou curiosa. - introduzo, me sentando ao seu lado na cama.

Pai - Sobre o quê? - e riu, sabendo que iria começar a minha interrogação.

Eu - Por que você tinha 'invadido' a sua própria casa?

Pai - Bom ... - deu uma coçadinha atrás da nuca - Eu precisava guardar em algum lugar as minhas encomendas.

Eu - O que você guardou então, foi aquela droga que o policial encontrou?

Pai - Foi.

Eu - Falando nisso, eles não haviam prendido você?

Pai - Claro que me prenderam! aquilo foi um flagrante. - responde como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

Eu - Então por que você não está lá na cadeia?

Fã Forever (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora