Ferida aberta

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Oie, espero que gostem do capítulo, sei que tenho outra em andamento mas decidi que irei atualizando as duas ao longo dos dias, essa ideia surgiu e não pude deixar de postar, boa leitura!

Pov Clara

Acordo naquela manhã com o barulho do despertador que esqueci de desativar ontem, hoje é meu dia de folga então buscaria minha filha na creche para passearmos juntas, sei que é coisa de mãe falar isso mas Ana é a menina mais doce que eu já vi na vida, ultimamente ela estava sendo a única alegria na minha vida, além dela tenho Rafael que já é um homem adulto e casado, eu não tenho o que reclamar quando se trata dos meus filhos, eles são minhas preciosidades e eu os amo incondicionalmente.

Depois de já ter feito minha higiene matinal, coloquei uma calça moletom e regata confortáveis para tomar meu café da manhã, eu me sentia sozinha, confesso, mas isso é detalhe bobo, daqui a pouco minha filha estará aqui e o que não terá nesse apartamento é silêncio, tenho certeza disso! Ana é fruto de meu relacionamento com Helena, já havia se passado um ano desde que nos divorciamos mas a criatura ainda tinha a audácia de perturbar o meu juízo de todas as maneiras, eu ficava incrédula com a capacidade dela de atentar a paz alheia, como agora por exemplo, por algum motivo ela achou uma ótima ideia me mandar flores, ela não tem mais esse direito e sabe disso. Mesmo com raiva nos olhos, agradeci ao entregador da floricultura educadamente, analiso as flores e vejo um cartão com a caligrafia já conhecida por mim que dizia: "Flores para o meu amor, mas saiba que nenhuma delas chega aos pés da sua beleza".

Eu não podia estar acreditando nisso, que sínica! Eu não acreditava em uma mísera palavra mas mesmo assim colocaria as benditas flores em um vaso com água, afinal de contas a natureza não tinha nada a ver com o desapreço que eu tinha pela minha ex - esposa. Depois que fiz isso, fiquei largada no sofá vendo alguma série que escolhi sem critério nenhum, vez ou outra meus olhos desviavam da televisão para o vaso onde as flores estavam, na mesinha de centro, lembro das palavras escritas no pequeno papel e sinto lágrimas se formando em meus olhos, meu coração é preenchido por uma dor insistente, tento impedir a mim mesma de chorar mas não dá, simplesmente não dá, minha mente vagueia para as lembranças do casamento feliz que eu tive com mais uma pessoa que me jurou amor eterno e no final acabou quebrando meu coração. Até quando eu iria sofrer por ela? Me sinto uma completa idiota por sentir falta dela, por ainda cultivar sentimentos por ela, sentia raiva, ódio!

A fúria toma o lugar da tristeza quando lembro daquela fatídica noite onde Helena destruiu tudo. Ela já vinha se mostrando estar um pouco estranha antes mesmo daquele dia, como se tivesse me escondendo algo e eu estava certa, descobri por Benjamim (um amigo que temos em comum, inclusive é padrinho de Rafael), que Paula, sua irmã, tinha voltado do exterior e estava frequentando a mesma academia que Helena trabalhava como personal, elas chegaram a ficar noivas na época em que se relacionavam, nem consigo descrever como me senti sabendo que elas se viam todos os dias e Helena não me falou nada, logo ela, a que mais me cobrou transparência no nosso relacionamento, era uma piada de muito mal gosto.

Após essa discussão até que ficamos bem, Helena me deu a sua palavra que não estava acontecendo nada e eu acreditei nela, mas continuei com uma pulga atrás da orelha, até que no aniversário da importadora minhas suspeitas se confirmaram da pior maneira possível. Foi uma festa grande pois era um evento beneficente, muitos empresários importantes estavam presentes assim como os funcionários da própria importadora, isso incluía Ben que trabalhava na parte jurídica já que era advogado, eu não contava que Paula também estaria no evento, quando Benjamim pediu para levar alguém especial não pensei que fosse ela. Eu e minha esposa, ou melhor, ex - esposa, chegamos juntas mas não ficamos do lado uma da outra a festa inteira, pois como dona da empresa tive que dar atenção aos convidados, afinal ali tinham muitos contatos importantes para futuros negócios.

Em determinado momento procurei Helena, revirei o salão inteiro mas não a encontrei, recebi uma mensagem onde ela dizia que havia sentido dor de cabeça e não me encontrou para falar comigo, que já estava em casa e eu ficasse despreocupada, senti que algo estava errado, um mal pressentimento mas o ignorei e esperei até o momento que pudesse ir embora. Quando finalmente aquele evento cansativo havia se encerrado, segui rumo ao prédio onde morava com Helena, estava muito cansada, só queria banho, o aconchego dos braços da minha mulher e cama. Ao abrir a porta do apartamento, estranhei ao ver todas as luzes apagadas mas ao chegar no que era o nosso quarto vi o porquê daquilo, era como se meu mundo estivesse desabando, aquela cena me dá vontade de vomitar toda vez que vem à minha mente.

Helena e Paula estavam dormindo na cama, ambas seminuas, como se tivessem aproveitado a noite inteira que estive fora, naquela hora eu saí de mim, xinguei, gritei e não deixei Paula ir embora sem antes levar um belo tapa na cara, pensando bem, fiz foi pouco.

Flashback on •

- Clara, amor, já chegou? Nossa, por quanto tempo eu dormi? Porque você está assim, chorando, o que houve? Paula? - sua voz estava grogue como se estivesse bêbada, eu ainda estava estática no canto do quarto como se não acreditasse no que havia acontecido, era como se tivessem cravado uma faca em meu peito.

- Eu acho que eu que deveria exigir explicações aqui. Eu nunca pensei que você fosse ter coragem de fazer isso comigo, eu te amava Helena, nós temos uma filha juntas e você sequer pensou nela. Não adianta negar Helena, eu vi com meus próprios olhos. - Seu olhar alternava para mim e para Paula que deixava o quarto, seu rosto estava vermelho pelo tapa que eu havia dado, não sou de partir para a violência mas ela me provocou, disse que não pensava que eu voltaria tão cedo mas que valeu a pena o tempo em que esteve junto de Helena.

- Clara, me escuta, eu não faço ideia do que aconteceu, eu juro! Me escuta por favor.. - ela levantou e veio até mim, sem se importar como estava.

- Escutar o que Helena, que você me traiu com ela, e ainda por cima, dentro da nossa casa, na nossa cama enquanto a minha filha não está aqui, de que vocês se aproveitaram da situação pra me apunhalar pelas costas? Meu Deus como eu fui burra! E você fique onde está, não chega perto de mim porque eu estou com nojo de você, eu vou tomar um banho e tentar dormir, você vá atrás dela ou faça o que quiser.

Tinha esperança de que a água morna do chuveiro levasse embora toda a dor e tristeza que eu sentia naquele momento, que toda a angústia pudesse escorrer pelo ralo. Passei a madrugada em claro, vi o sol nascer mas havia tomado uma decisão, iria embora daqui e pediria o divórcio, só faria questão de ter Ana por perto.

O flashback continua no capítulo seguinte 😊. Me digam o que acharam 🤍

Quando a chuva passar - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora