100 % seu

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Pov Clara

- Não, imagina, mas.. você gostou do beijo? - Ela responde mas deu pra perceber o tom ciumento em sua voz.

- Ah, eu não lembro, foi irrelevante pra mim.

- Então quer dizer que eu beijo melhor? - Vi Helena com ciúmes poucas vezes nessa vida, e essa definitivamente era uma delas.

- Tem certeza que não está com ciúmes? - Indago achando certa graça de sua pergunta.

- É claro que estou! Não gosto de imaginar que esteve com outro alguém, mesmo que não se lembre.

- Não se esqueça das circunstâncias, eu achava que você tinha me traído. Está brava comigo, hein? - Indago aplicando beijinhos no canto de sua boca.

- Se eu disser que sim, ganho mais desses beijos? - Sua voz era mansa, mansa demais e aquela combinação com o vinho era um perigo.

- Espera, agora é a minha vez de saber se ficou com alguém, fiquei curiosa também. - A essa altura eu já estava descalça e com as pernas apoiadas nas coxas de minha namorada.

- Não, estava ocupada demais tentando chamar sua atenção, como era que você dizia mesmo.. que eu atentava a sua sanidade mental com as minhas gracinhas! -  Ela diz me fazendo dar risada de sua resposta.

- Nossa, você me tirava tanto do sério, eu sentia vontade de socar você.

- Que delicada! Mas eu amava te ver toda bravinha, lembro que ficava irritada quando eu tentava me aproximar de você.

- É que no fundo eu sabia que se deixasse você chegar muito perto, acabaria nos seus braços no fim da noite, por isso te xingava e te afastava, desculpe. - Digo com sinceridade e enxergo certo acolhimento em seu olhar.

- Não precisa, está tudo bem, o que importa é que estamos juntas agora, olha a gente aqui conversando sobre os nossos sentimentos, nos entendendo! - Era notável a nossa felicidade em estarmos vivendo aquele momento. Vejo Helena pegar seu telefone e colocar uma música, o volume não era tão alto, reconheci a melodia e sorri, sendo invadida por ótimas memórias do nosso primeiro aniversário de casamento onde dançamos essa música, naquela noite ganhei flores e um jantar à luz de velas. - Dança comigo? - Ela pergunta já em pé, sua mão estendida esperava pela minha, me trazendo para o presente, aceito o pedido e com os corpos totalmente colados dançamos ao som da linda canção de Marisa Monte.

"Eu levo a sério
Não brinca assim
Não faz assim comigo
Sou totalmente seu

Não nego, confesso
Gostar de alguém tem sempre algum perigo
Sou 100% seu
Se vai dar pé
Ou não vai dar jeito
O tempo irá dizer
Só sei que agora é forte, perfeito
Sou totalmente seu"

- Sou completamente apaixonada por você! - Digo olhando em seus olhos, como eu amo essa mulher, amo absolutamente tudo nela!

- E eu por você, meu bem. - A música já tinha acabado mas ainda continuamos ali, abraçadas no meio da sala, ouvindo a respiração e vibração uma da outra. Alguns porta retratos que ficavam expostos em uma estante me chamam atenção, vejo que diferente de mim, ela não tinha trocado as fotos.

- É incrível que você não trocou nenhuma foto sequer, manteve tudo como sempre foi.

- Algo em mim dizia que nós iríamos nos acertar, manter essas lembranças era como um símbolo da minha esperança. - Eu olhava atentamente para cada fotografia enquanto absorvia suas palavras, Helena me abraçava por trás de modo que eu podia sentir seus seios pressionados em minhas costas. Me viro de frente para ela, fitando aquele belíssimo rosto, nossas taças já estavam abandonadas em cima da mesinha de centro.

- Você é como as Helenas escritas por Manuel Carlos sabia?! Doce, cativante e apaixonante! - Ela sorri com minha declaração e eu a puxo para um beijo, minhas mãos estão em seu rosto enquanto as suas passeavam pelas minhas costas, nossas respirações se misturaram e os lábios eram ferozmente sugados. Caminhamos aos beijos até o quarto sem nos darmos conta, peças de roupas foram deixadas para trás e sem nos preocuparmos com nada além de sentirmos uma a outra, fizemos amor durante boa parte da madrugada, nos envolvemos em uma atmosfera de amor e prazer, a mesclagem perfeita entre ternura e paixão tórrida. Além da cama, nos amamos na porta do quarto, na parede e embaixo do chuveiro, ainda bem que cômodos não falavam.

Agora estávamos deitadas na cama, lado a lado, esperando nossas respirações se normalizarem.

-  Que horas devem ser? - Pergunto mesmo sabendo que não tínhamos um relógio ou celular por perto.

- Nao sei, perdemos a noção do tempo.

- Acho que estou flutuando, de tão leve.. ao mesmo tempo que me sinto cansada. - Digo me referindo ao que acabamos de fazer.

- Então quer dizer que eu cansei a insaciável Clara Albuquerque?! - Helena fala em tom de brincadeira me causando uma pequena risada.

- Por que você é assim, hein?! Cheia de gracinhas.

- Porque gosto de ver você sorrindo.. - Helena me beija mas, diferente de antes, esse é um beijo sem segundas intenções.

- Sabe que fazia muito tempo em que eu não me divertia assim, que não me permitia sair da minha rotina, era de casa pro trabalho, do trabalho pra casa. Você trouxe leveza para a minha vida novamente.

- E você traz mais sentido para a  minha.

Não percebi quando caí no sono, estava exausta, meu corpo pedia para descansar e nada melhor do que dormir sendo abraçada pela mulher que sou apaixonada, era bom estar em seus braços, gosto de sentir o cheiro que emana de seus cabelos e ter sua pele rente a minha.

Pensei em ouvir uma voz me chamando mas era um som distante, como se fosse em sonho, mas a sensação de ter alguém beijando meu rosto era muito real, a dúvida me faz abrir os olhos e vejo as lindas orbes castanhas de Helena me fitando, era ela que estava tentando me acordar. A desejo bom dia e pergunto as horas ainda um pouco perdida pelo sono, descubro que já eram sete da manhã, era mais tarde do que o horário que costumo levantar, percebo também que minha namorada já está arrumada com um de seus conjuntos de academia, pensei em questionar o porquê de Helena não ter me acordado antes mas eu realmente estava cansada.

- Dormiu bem, meu amor? - Minha resposta vem em uma afirmação com a cabeça. - Vou te esperar pra tomar café, tá bom?

- Tudo bem, vou me arrumar logo, ainda bem que não tenho nenhuma reunião marcada pela manhã hoje. - Enquanto eu falava, percebo seu olhar em meu corpo que era coberto apenas pelo edredom que dividimos essa noite. - Para de me olhar assim, você está me deixando sem graça, sua assanhada!

- Então me dê um beijo. - Ela já se encontrava perto demais, automaticamente nossos lábios se encaixaram em um beijo lento, que teria tomado outra proporção se eu não tivesse lhe afastado.

- Você não parecia sem graça enquanto gemia no meu ouvido ontem.. - Ela sussurra ao pé do meu ouvido me fazendo arrepiar mas não poderia ceder aos seus encantos agora, só me atrasaria ainda mais, minhas bochechas estão quentes e com certeza vermelhas, sei pelo jeito que Helena sorri pra mim, ela costumava gostar de me ver assim. Nos afastamos definitivamente quando vimos uma Ana ainda de pijama entrar no quarto, a porta estava aberta e ela pronunciava a palavra mamãe com um sorriso de orelha a orelha que nos contagiou. Elas e Rafael eram o meu lar.

Quando a chuva passar - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora