Bem maior

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Pov Helena

A ideia de Kate era tão boa que eu quase me bati por não ter pensado nisso antes, era exatamente isso que eu iria fazer amanhã, pediria a um colega personal para cobrir meus horários e iria ao local onde aconteceu a festa da importadora.

- Kate, você é incrível, como eu não pensei nisso antes? Mas e se mesmo assim Clara não acreditar? - Digo pensando nessa possibilidade.

- Ah, aí nós vamos ter que pensar em outra coisa, ver os históricos do seu telefone, tudo que possa ter alguma prova, principalmente mensagens. - Rafa fala e é como se um lampejo de esperança surgisse em mim, se Clara acreditasse em mim eu seria a mulher mais feliz desse mundo, eu a queria tanto..

- Pois eu vou fazer isso amanhã mesmo, tem que dar certo! - Falo já ansiosa.

Depois de um tempo nem percebemos quando mudamos de assunto, ficamos tão entretidos conversando que não vimos a hora passar fazendo o casal ir embora quando já estava um pouco tarde. Após ir no quarto de Ana e lhe deixar um beijinho, vou para o meu e tento dormir mas a minha cabeça não consegue desligar um minuto embora eu esteja cansada, acho que já era altas horas da madrugada quando consegui pegar no sono. Abro os olhos quando escuto o barulho estridente do despertador, era cedo ainda mas não enrolei muito para levantar, rapidamente fiz minha higiene matinal e segui para a cozinha preparar o café da manhã para mim e para a mini cópia de Clara, assim como sua outra mãe ela demorava para acordar e seu bom humor custava a aparecer, até o bico era igual.

Quando acabei de fazer tudo por ali, fui tentar acordar Ana que com muito custo consegui, já a deixei pronta de banho tomado, dentinhos escovados e vestida com o uniforme, fizemos a primeira refeição do dia juntas como fazíamos todos os dias. Pouco tempo depois saio para levar minha filha na creche e depois vou para o espaço que foi a festa da empresa de Clara, sorte que eu ainda lembrava o endereço. Chego lá em apenas vinte minutos e sou recepcionada por um homem, pelo visto ele era o responsável pela segurança do local, eu o cumprimentei e expliquei que estive aqui em um evento que aconteceu há um ano atrás, informando que eu precisava ver as imagens das câmeras de segurança do lugar.

Aquilo estava demorando mais do que o previsto, com algum sacrifício consegui o convencer de que realmente precisava ver aquelas filmagens, o meu casamento estava em risco (se ele soubesse que meu casamento foi pelos ares há um bom tempo... Mas não foi completamente mentira até porque estou tentando recuperá - lo). Fui levada até uma sala que era bem pequena onde haviam computadores que se era possível visualizar as imagens, acabei dando um trabalhinho para que achassem o arquivo das câmeras de um ano atrás, pelo menos eu informei o dia e mês certinho.

- Achamos! - Digo assim que bato o olho no arquivo, o moço que mexia no computador era meio rabujento mas me ajudava de boa vontade. Quando ele clicou na pasta, consegui ver nitidamente o momento em que cheguei com Clara, vi também quando Paula chegou com Benjamim, algumas coisas não me interessavam ali, mas eu estava atenta em todos os passos dela. Pude ver quando ela pediu os drinks para o barman e no momento seguinte meus olhos quase não acreditavam no que estavam vendo, aquela era a explicação que eu precisava. Sei que o que fiz foi errado, consegui ter o arquivo para mostrar para Clara, inclusive paguei por isso, mas era para um bem maior então estou sem peso na consciência, essa era minha única chance.

Agradeci pela milésima vez as pessoas que me ajudaram e fui embora, mal consegui conter a ansiedade enquanto trabalhava e acabei ligando para Rafael contando que o plano de Kate tinha dado certo. Agora era só arranjar algum jeito de fazer com que Clara viesse aqui, mas isso eu resolvi rápido, a noite ela viria buscar Ana que foi dormir com os avós e por um acaso eu esqueci de avisá - la, a ideia é fazer ela pelo menos jantar comigo. Tudo estava arquitetado, minha mãe passou aqui e levou minha pequena com ela, o jantar estava pronto e eu também, embora não tivesse me arrumado tanto até que estava apresentável, afinal não era pra parecer que era planejado. No horário combinado Clara aparece aqui e eu já me preparo para todos os xingamentos que vou receber.

- Boa noite Helena, cadê a Ana, já está pronta? - Seu tom de voz é sério, não dando brecha para nenhum cumprimento mais simpático ou próximo.

- É, sabe o que é, Clara, é que eu esqueci que tinha combinado dela ir dormir com os meus pais antes e esqueci de te avisar também, mas não foi por mal, desculpa. - Falo com a cara mais deslavada do mundo, esperando que ela realmente acreditasse.

- Ah pelo amor de Deus Helena, quando é que você vai deixar de ser anta, hein?! Agora por causa da senhora esquecida eu vou ter que dar viagem perdida. - Eu sabia que ia vir algum apelido ofensivo assim, mas aquela cara de brava me fazia ter tanta vontade de beijá - la.

- Você não precisa dar viagem perdida, janta comigo, já está aqui mesmo então considere como um pedido de desculpas.

- Acho que não, obrigada.

- Ah, qual é Clara, eu não mordo, prometo não tentar nada. - Falo e vejo sua cara de desconfiança automática.

- Tudo bem, mas sem gracinhas se não eu bou embora. - Ela ainda estava séria, meu Deus me ajuda a desmontar essa mulher!

Clara senta em uma cadeira que estava posicionada na minha frente na mesa enquanto comíamos, o clima era estranho, o silêncio era esquisito mas nenhuma das duas fez menção de quebrár - lo até Clara se oferecer para arrumar a cozinha comigo, mesmo dizendo que não precisava ela o fez mesmo assim, estou para ver pessoa mais teimosa nesse mundo.

- Você pode vir comigo na sala? Quero te mostrar uma coisa. - Aquele ar de desconfiança surge novamente.

- Espero que não seja graça sua, Helena.

- Eu juro que é sério, bem sério inclusive. Aqui eu posso te explicar tudo o que não tive chance naquela noite em que nos separamos.

- Que VOCÊ estragou tudo, que dizer. Aí eu não quero mexer nesse assunto, deixa tudo como está, estamos bem assim.

- Não me acuse, só veja! Depois você me diz algo. - Falo e abro as imagens em meu notebook vendo Clara estranhar mas prestar atenção no que vê. Estávamos sentadas no sofá lado a lado, quando Paula aparece nas gravações percebo Clara arqueando uma sobrancelha como se estivesse focando ainda naquilo, sua expressão foi quase igual a minha quando vi Paula colocando alguma substância dentro da taça, a mesma que ela havia me dado.

Quando a chuva passar - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora