Eternas namoradas

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Pov Clara

Depois que saí do apartamento de Helena, fui para o meu e só troquei de roupa rapidamente antes de ir para o escritório, acho que o universo estava do meu lado pois colaborou para que o trânsito não estivesse tão caótico como nos outros dias. Tentei mergulhar de cabeça no trabalho, mas vez ou outra, meus pensamentos se voltavam para Helena, mais uma vez ela virou minha vida de cabeça para baixo, igual quando nos conhecemos.

Depois de horas cansativas de expediente, saí da empresa e segui direto para casa, a minha vontade era só de tomar um banho, comer algo para depois me jogar na cama, e foi exatamente isso que eu fiz. Ao deitar na cama com uma de minhas camisolas confortáveis, fechei os olhos tentando me forçar a dormir mas não obtive sucesso, minha cabeça estava uma bagunça e para completar, a protagonista de meus pensamentos resolve me ligar. Eu pego o telefone que estava em cima da mesinha de cabeceira ponderando por alguns segundos se atendo ou não, mas quando penso que posso ter acontecido algo com minha filha o faço imediatamente.

Escuto sua voz do outro lado da linha me desejando boa noite, e logo pergunto se Ana está bem.

- Ela está bem Clarinha, não se preocupe! Eu busquei ela mais cedo na escolinha e passamos o resto da tarde juntas, agora tô voltando da casa dos meus pais, porque deixei ela lá e queria saber se posso passar aí pra te ver, aproveitando que não é tão tarde. - Assim que Helena fala que Ana está bem solto um suspiro aliviado, mas volto a ficar tensa com sua pergunta, realmente não se passava das oito da noite e não vou mentir para mim mesma, eu queria vê - la, embora a bagunça que ficou no meu coração esteja quase superando as saudades. - Alô, Clara, você tá aí? - Escuto novamente sua voz me chamar, já que eu me perdi nos meus próprios devaneios e esqueci de lhe responder.

- Pode, pode sim, nós estamos precisando conversar mesmo... Vou estar te esperando, até daqui a pouco! - Depois que encerramos a chamada, me deito novamente tentando organizar tudo o que direi para Helena em nossa conversa, no fim acho que ter esse diálogo sobre nós será a melhor escolha. Fico mais um tempo absorta em minhas próprias reflexões até ouvir o interfone tocar, ao atender, peço para que o porteiro libere a entrada de Helena, me vejo abrindo a porta do apartamento para a mesma dois minutos depois, sem ter o conhecimento que a recebi apenas com uma camisola e um hobby por cima.

Nós nos cumprimentamos e libero passagem para que Helena possa entrar, ela se aproxima de mim depositando um selinho em meus lábios e quando se afasta percebo que ela trouxe consigo um pequeno buquê de camélias cor - de - rosa.

- Trouxe essas flores pra você, espero que goste! - Eu aceito o presente e no momento em que nossas mãos se tocam quando pego as flores de suas mãos, foi como um circuito elétrico passando por todo o meu corpo, foi uma sensação boa, nostálgica.

- São lindas, obrigada, nem precisava ter se incomodado.

- Ah, mas eu quis te agradar, pelo menos sei que não vai jogar fora! - Helena fala brincalhona e nós rimos juntas, enquanto colocava as camélias em um vaso com água, lhe ofereci algo para beber mas ela alegou que não queria nada, então quando retornei á sala, sentamos no sofá frente à frente.

- Então o que queria conversar comigo? - Helena pergunta agora com um tom de voz um pouco mais sério.

- É que.. eu ainda estou processando o que aconteceu na noite passada. Eu, você.. estivemos juntas e foi bom mas, não sei como agir diante disso.

- Eu entendo, entendo mesmo e é totalmente compreensível o que está sentindo. O que exatamente te preocupa? Posso ver nos seus olhos que está insegura com alguma coisa.

- É que agora que sei de toda a verdade, posso ver que toda a raiva que senti um dia se foi de repente, quando dormimos juntas vi o quanto é bom estar com você de novo mas o que seremos a partir de agora? Tenho medo de não funcionamos mais juntas, passamos um bom tempo separadas e as pessoas mudam. Também não é como se eu fosse ter um caso com a minha ex mulher.

- A minha maior vontade era que tudo voltasse a ser como antes, mas consigo entender o que você sente, não é como se o tempo em que estivemos divorciadas tivesse sido apagado automaticamente. E eu jamais iria querer ter apenas um caso com você, por isso quero te perguntar, você quer estar comigo?

- Quero, mas tenho medo de que algo nos separe de novo, não sei se aguentaria te perder outra vez Helena. - Digo olhando em seus olhos recebendo uma mirada profunda em troca, ela pega uma de minhas mãos beijando o dorso para levar junto ao seu peito, perto de seu coração.

- Então aceite namorar comigo, podemos reconstruir nossa relação e se mesmo depois de tudo que aconteceu nós estamos aqui tendo essa conversa, é porque não há nada nem ninguém nesse mundo que nos separe. Não deixe que o medo nos afaste. - Não posso acreditar que Helena estava me pedindo em namoro, mas o mais maluco de tudo é que eu vou aceitar seu pedido!

- Então serei sua namorada, quero te reconhecer e ficar pertinho de você, recuperar o tempo perdido. Não digo que estou te entregando meu coração de novo, porque ele nunca deixou de ser seu e espero que nós possamos reunir o que sobrou dele com o tanto que sofri por estar longe de você. - A essa altura, ambas estávamos com os olhos marejados.

- Oh meu amor, o meu também nunca deixou de lhe pertencer, e assim como você, sofri por não poder te amar, não poder te ter por perto, mas o importante é que agora estamos nos dando uma nova chance e nada vai mudar ou estragar isso.

- Então me beija, seus beijos fazem eu me sentir viva.. - Mal termino minha frase e já sinto os lábios de Helena colado nos meus, nosso beijo era calmo ao mesmo tempo que era intenso expressando tudo que não conseguimos dizer com palavras. Por conta da falta de ar, encerramos o contato de nossas bocas com alguns selinhos.

- Então namorada, está ficando tarde e nós trabalhamos cedo amanhã, ainda preciso ir buscar Ana na casa dos meus pais.. Acho melhor ir pra casa agora, mas nos vemos amanhã?

- Claro, namorada! - Digo e nós rimos daquele momento de bobeira, aquilo era uma parte do que significava estar perto de quem se ama, tudo fica tão leve que se torna facilmente motivo de risada. Abro a porta para Helena, mas antes de ir ela me rouba um pequeno beijo de despedida me deixando  ali, com um sorriso bobo nos lábios. Que Deus me ajude, porque estou entregue a ela novamente até o meu último fio de cabelo.

Quando a chuva passar - Clarena Onde histórias criam vida. Descubra agora