sunshine | percy jackson¹

𝟎𝟗. fall at st.louis arch

╔══════════╗

capítulo 09.
❝queda no arco de st.louis❞

╚══════════╝

    PASSAMOS DIAS NO TREM, rumo a oeste e, por incrível que pareça, não fomos atacados nenhuma vez.

    Percy e eu tentamos ser discretos, já que estávamos estampados nas primeiras páginas de vários jornais da Costa Leste. Emprestei meu moletom com capuz para ele usar já que era seu nome nas reportagens e seria mais facilmente reconhecido. Usei meu cabelo – que agora não estava mais em uma trança e sim em uma maçaroca de ondas mal definidas e sujas – para tampar o rosto sempre que alguém olhava por muito tempo.

    O Trenton Register-News publicou uma foto tirada pelo turista que vi quando descemos do ônibus da Greyhound. Na foto, Percy estava com uma expressão maluca, com um olho fechado e o outro aberto, a espada em sua mão era um borrão metálico. Poderia ser um taco de beisebol ou de lacrosse. Eu por outro lado estava de costas, observando o ônibus pegando fogo. Esperava que a adaga em minha mão se passasse por um espelho ou coisa do tipo.

    A legenda dizia:

    Percy Jackson, 12 anos, procurando para interrogatório sobre o desaparecimento em Long Island de sua mãe há duas semanas, aparece aqui fugindo do ônibus onde abordou diversas passageiras idosas. Ao lado dele pode-se ver uma menina da mesma idade, ainda não identificada, também portando uma arma. O ônibus explodiu no acostamento de uma rodovia a leste de New Jersey logo depois que Jackson e sua comparsa fugiram da cena do crime. Com base em relatos de testemunhas, a polícia acredita que o menino possa estar viajando com outros dois cúmplices adolescentes além da menina. O padrasto, Gabe Ugliano, ofereceu uma recompensa em dinheiro para qualquer informação que leve à captura desses delinquentes.

    — Não se preocupem — disse Annabeth — A polícia dos mortais nunca nos encontraria.

    Mas não pareceu soar muito segura.

    Passei o resto do dia desenhando no meu caderno e tentando ignorar Percy que parecia ter um faniquito enquanto andava de uma ponta a outra do trem. Fiz um esboço de Annabeth escutando música no MP3 do Heitor e um de uma família de centauros que vi galopando por um campo de trigo, arcos em prontidão, como se estivessem caçando o almoço.

    Minha garganta secou quando vi que sem querer havia desenhado uma cobra como a do meu sonho. Rapidamente apaguei com a borracha. Não conseguia me livrar daquela sensação horrorosa das escamas contra a minha pele.

    Nosso dinheiro de recompensa por devolver Gladiola, o poodle cor de rosa, só foi suficiente para comprar passagens até Denver. Não pudemos comprar leitos no vagão-dormitório, então cochilamos nos assentos. Ou melhor, meus amigos cochilaram.

    Annabeth se encolheu ao lado da janela, ainda usando os fones, e adormeceu com um pequeno sorriso. Percy caiu no sono por um tempo, murmurando "Não quero ajudar você" se contorcendo em um pesadelo; ele abria os olhos de vez em quando para conferir o que eu fazia. Acho que queria garantir que não estava babando, mas não adiantou muito.

    Grover roncava e balia ao lado de Annabeth, desmaiado em seu assento. Já estava acostumada com os barulhos que o sátiro fazia enquanto dormia, então só tentava garantir que o capuz ficasse no lugar e seus chifres não aparecessem. Num momento ele se agitou demais e um de seus pés falsos caiu. Percy e eu tivemos de enfiá-lo de volta antes que algum dos outros passageiros percebessem que ele tinha cascos no lugar dos dedos.