𝟏𝟏. reality show in aqualandia

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capítulo 11.
reality show em aqualândia

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    POUCOS MINUTOS DEPOIS, ESTÁVAMOS SENTADOS EM UM RESERVADO de um pequeno e reluzente restaurante todo cromado. À nossa volta, famílias comimam hambúrgueres e bebiam cerveja e refrigerantes.

    Finalmente, a garçonete veio. Ela ergueu uma sobrancelha com um ar cético.

    — Então? — perguntou.

    — Nós, ahn, queremos pedir o jantar — Percy falou ao meu lado.

    — Têm dinheiro para pagar, crianças?

    O lábio inferior de Grover tremeu. Tive medo de que ele começasse a balir, ou pior, começasse a comer o linóleo. Annabeth parecia prestes a desmaiar de fome. Eu sentia meu estômago se corroendo por dentro; por um breve momento senti falta da Medusa e daqueles hambúrgueres com milk-shake de baunilha.

    Sim, esse era o nível de desespero

    Percy parecia pensar em uma história comovente para contar para a garçonete – temia que fosse algo tão ruim quanto a caravana do circo –, quando um forte ronco sacudiu o edifício inteiro;  uma motocicleta do tamanho de um filhote de elefante havia encostado no meio-fio. Todas as conversas cessaram.

    O farol da motocicleta brilhava em vermelho. Tinha labaredas pintadas sobre o tanque de gasolina e um coldre de cada lado, com espingardas de caça. O assento era de couro - mas um couro que aprecia... bem, pele humana, caucasiana.

    O cara da moto podia fazer lutadores profissionais saírem correndo chamando a mamãe. Vestia uma camiseta justa vermelha, que ressaltava os músculos, jeans pretos e um casaco comprido de couro preto, com um facão preso à coxa. Usava óculos escuros vermelhos, presos na nuca, e tinha a cara mais cruel, mais brutal que eu já tinha visto, com o cabelo aparado  a máquina negro como petróleo o rosto marcado por cicatrizes de muitas, muitas brigas.

    Era Ares, o pai de Clarisse.

    Quando ele entrou no restaurante, um vento quente e seco soprou no ambiente. Todos voltaram às suas conversas. A garçonete piscou, como se alguém tivesse apertado o botão de retroceder em seu cérebro.

    Ela perguntou novamente: — Têm dinheiro para pagar, crianças?

    — É por minha conta. — Ares disse, escorregando para dentro do nosso reservado, pequeno demais para ele. Annabeth ficou espremida contra a janela.

    — Ainda está aí? — falou para a garçonete que olhava para ele de olhos arregalados. 

    Ele apontou para ela, e ela ficou rígida. Virou-se como se alguém a tivesse girado e marchou de volta para a cozinha.

    O homem da moto olhou para mim e depois para Percy. Não conseguia ver seus olhos atrás dos óculos vermelhos, mas sentimentos ruins começaram a fervilhar no meu estômago. Raiva, amargor. Era a mesma sensação que tinha perto de Clarisse. Fiquei com vontade de socá-lo bem no meio do rosto, mas sabia que eu seria a que acabaria levando um soco.

    — Então você é o garoto do Velha das Algas, ahn?

    — O que você tem com isso? — Annabeth lançou-o um olhar de alerta. Ares apenas riu.

    — E você é filha do tinkerbell? — ergui a sobrancelha.

    — E você é o pai da rabicó — falei, de braços cruzados.

sunshine | percy jackson¹Onde histórias criam vida. Descubra agora