Capítulo oito.

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Destranco a porta e me viro dando um último tchau para meu motorista, já que o liberei. Sinto-me quase pulando de felicidade ao sentir o cheirinho da minha casa e quase choro de emoção. Depois desse dia, só quero deitar até a cama me engolir! 

Ok, o carinha estranho beijando a minha mão não é motivo para tanto drama ao chegar em casa, mas o que aconteceu depois é sim. Parece que depois do intervalo, todos os professores que eu mais odeio resolveram se unir e bolar um plano pra me fazer estourar a própria cabeça na sala de aula, com aulas longas e conteúdo novo! Que merda. 

Não é motivo o suficiente? Tem umas gurias atrás de mim porque queriam pegar ele-vulgo o carinha estranho-e segundo elas, eu acabei com tudo, porque supostamente “eu sentei primeiro”. (Admito que ri demais) 

Não é porque o dia foi ruim, deveria ser, mas por algum motivo não consigo interpretá-lo como ruim… apenas… cansativo e o puro suco de loucura. 

O que caralhos aquele cara tava pensando? Se ajoelhando e beijando minha mão? Com certeza foi para me irritar, isso é fato, mas não é muito não? Ele faria isso só para me irritar? Não faz muito a vibe dele. (Não conheço ele.) 

Só sei que preciso respirar, tomar um banho e deixar a água levar tudo de ruim, e é isso que farei. Mas antes tenho que falar com Itachi, lógico.

— Irmão! Cheguei! — Tiro os sapatos e lhe dou um abraço, na qual ele demora a retribuir por levar um susto.

— Porra! Nem percebi que você chegou, assombração. — Ele sorri pra mim e eu faço o mesmo.

Vou me afastando, seguindo a escada, mas antes parece que sua expressão muda se lembrando de alguma coisa.

— Ei, espera aí! — Paro imediatamente, não por medo, (por medo) mas por pensar que fiz alguma merda. — Eu tava falando com Deidara hoje. 

Me viro pra ele de sobrancelha arqueada.

— Ué? Foda-se? 

— E ele me contou algo peculiar que aconteceu hoje com você. 

Fico estático, quero matar Deidara. Certeza que Itachi vai pensar tudo completamente errado.

— A-ah é? O que aconteceu comigo de peculiar? — Pergunto, já ouvindo minha voz tremer.

— Um guri beijou tua mão hoje, vocês são próximos? — Itachi pergunta com os olhos desconfiavelmente apertados.

Respiro fundo, amaldiçoando o cara sem nome, esse loiro filha da puta me fudeu! 

— Não! Na verdade, nem o nome dele eu sei. — Digo um pouco alto, o que assusta o Itachi, mas logo vou diminuindo a voz. — Ele que beijou minha mão como um pedido de desculpas estranho, e, além disso, o que isso tem a ver com você? 

Cruzo os braços e Itachi se levanta, me dando um tapa um tanto forte na cabeça.

— Tenho tudo a ver! Se você tiver namorando, eu tenho que saber. 

— Eu não estou namorando! E mesmo se tivesse, você não tem que saber porra nenhuma! — Digo massageando a cabeça. Mas confesso, tô com o cu na mão, a expressão dele só piora. (Por que será, né?)

— Tenho que saber sim! E se ele for um traficante?! — Ele exclama.

Arregalo os olhos, mas, ao mesmo tempo, sei que as chances do loiro ser não são lá tão baixas.

— Itachi, eu. Quero. Banho! Com licença. — Me viro em direção para a escada, mas logo sinto um peso em meu pulso, me puxando e me impedindo de ir.

— Espera, olha só, eu só estou preocupado, ok? Qualquer coisa que você precisar, é pra me falar. 

Dou um sorriso, abraçando meu irmão de novo.

— Não se preocupa, ok? Sei me cuidar, e, além disso, eu realmente não tenho nada com ele. 

Ele concorda com a cabeça, e finalmente subo as escadas. Sinto a temperatura baixa do metal da maçaneta, abrindo a porta de cor bege amadeirada, entrando em meu quarto. Tranco a porta e vou até meu guarda-roupa, tirando de lá uma bermuda, peça íntima, e uma blusa. Finalmente vou ao banheiro que fica no meu quarto, mas dou meia volta ao lembrar da toalha, então eu a pego. 

Entro no banheiro, com uma mistura de branco e bege pelas paredes. Vou me despindo de frente ao espelho e observando meu corpo. Nunca fui muito de amar meu corpo e ter a autoestima dos sonhos, mas sei que isso é impossível pra qualquer um, pelo menos eu acho. Na época dos treze lembro que foi minha pior fase contra meu corpo, eu simplesmente não conseguia me olhar no espelho sem chorar e vazia dietas loucas para emagrecer quando eu já estava magro, mas consegui superar pelo menos um pouco e hoje não chego a amar, mas também não odeio. Não sou alto mas também não sou baixo, não sei ao certo minha altura, tenho até que uma cinturinha que é minha parte favorita do meu corpo e uma barriga magra, nada de mais. Tenho coxas magras também, mas não tanto, além de pernas longas, pele pálida ao ponto de um mínimo toque fazer um hematoma e deixar vermelho, olhos e cabelos pretos, como eu disse, nada de mais.

Suspiro e sorrio, esquecendo os pensamentos e indo para uma das melhores horas do dia: Tomar banho pensando em porra nenhuma! Ou era isso que eu estava planejando.

Ao me despir completamente entro debaixo do chuveiro e coloco no quente, não sou de ferro né? Meu sorriso aumenta mais ao sentir as gotas deslizarem contra minha pele, a deixando levemente vermelha pela temperatura que nem está tão quente, consigo ver a água indo embora, e levando junto todos os meus nervos a flor da pele. 

Molho um pouco meu cabelo na frente, vendo uma mecha específica se encharcar e eu percebo ser a mecha que trancei quando estava com ele. Não tenho muito o que dizer, mas ele me deixa confuso, tanto que nem pensei merda e ri por causa da palavra “trancei”, agora me diz… qual é a porra do problema de me dizer o nome quando se aparece do nada?

Respiro fundo, não devo pensar nesse troço, está me estressando debaixo do chuveiro e não gosto disso.


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