Capítulo três.

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Ainda bem que não bebi uma gota de álcool naquela merda, se não, estaria fudido. 

Não sei, talvez com meus pensamentos durantes os capítulos eu tenha sido um velhinho chamado Jorge, ranzinza e sem razão para acordar de bom humor. Mas não sou assim… um pouquinho, só sei que muitas vezes as pessoas se enganam sobre mim. 

Estudo na Tyzer faz quatro anos, e no primeiro dia eu já tinha um apelido: burguês. Ok, eu sou um pouco mimado, sim, não filhinho de papai, mas sim irmão protegido, nascido numa família classe alta com pais um pouco rigorosos, mas carinhosos, bastante, aliás, acho que também sou filhinho de papai e mamãe. Sou o caçula, e, desde meu nascimento, sou paparicado pelo meu irmão, já meus pais me dão o mesmo tipo de tratamento para mim e para Itachi, o que agradeço muito, assim nem ele, nem eu viramos algum tipo de vilão de filme. 

Bem, graças a essa condição boa da minha família, eu sou geralmente visto com acessórios e maquiagens caras, sim, maquiagem. Não sou mulher e muito menos quero me afeminar, mas gosto de maquiagem, saia e coisas do tipo. E o melhor: Minha família tá defecando e se locomovendo para isso. 

— Já terminou, irmãozinho? — Itachi bate na porta e eu sorrio, ele sempre foi muito preocupado com privacidade. — Quer que eu te leve para a escola? 

— Já terminei sim. E não precisa, não quero atrapalhar. Vou com o motorista. 

Digo ainda no quarto, mas abro a porta e saio, ficando de frente com o mais velho. 

— A diretora já disse que aquilo é uma escola, não um desfile de moda. — Reviro os olhos. 

— Primeiro: aquilo não é uma escola, é um manicômio pra gente problemática que fui obrigado a ir. Segundo: Não estou de maquiagem, nem de bolsa, nem de nada! Estou com esse uniforme fudido e no máximo umas presilhas de cabelo. 

Meu irmão tampa a boca e ri, o que odeio que ele faça, sempre parece que está caçoando de mim. 

— Presilhas? Fora os anéis de cabelo nas tranças, tererê, pulseiras de miçangas que provavelmente vão fazer você desmaiar por cortar sua circulação, tornozeleira também de miçanga, colar e... que porra é essa? Anel de miçanga? Tira essa porra que ridículo. 

Agora sou eu que rio, lembro-me bem quando eu disse a ele com treze anos que queria fazer pulseiras, colares… essas merdas, e ele começou a surtar dizendo que hoje eu estaria fazendo pulseiras e amanhã estaria vendendo miçanga na praia. 

— Cala a boca, meus anéis ficaram lindos. 

— Pra você só. 

Acho que… a melhor parte da aula é quando você aceita que quer estar totalmente submerso, mesmo que isso te foda sem lubrificante na hora da prova. Mas foda-se também, na hora da revisão é só decorar tudo. 

No momento, estou olhando a janela na qual eu me sento ao lado. Me sinto tão sem nada, sem felicidade, sem tristeza… nada. Eu ao menos penso. As árvores dançam com o vento, e os pássaros são a melodia mais brilhante para mim. Gosto também das flores que eles plantaram daquele jardim, mas por pena, as flores sempre morrem antes de completarem uma semana, mesmo brochadas, — Sei que talvez você pensou besteira, mas por favor, estou falando de flores, não do ex da sua amiga que parece um rato. Ou talvez você não pensou nada, o problema também pode ser eu.-tudo por causa dos filhas da puta que jogam futebol, basquete… essas coisas. Inclusive, as que estou observando agora acabaram de ser pisoteadas. 

— Senhor Uchiha, gosta da vista? 

Minha atenção é tirada por uma voz um tanto idosa, mas que os alunos que gostariam de ter uma pedofilia nojenta com esse professor adoram. 

— Gosto, sim, professor Kakashi. — Digo num tom calmo e com um leve sorriso, falso é claro, não dá pra sorrir numa sala de aula. 

Ele suspira. 

— Queria saber como tem suas notas tão altas com tanta falta de atenção. 

— Obrigado. 

Ele ri e continua a aula. Posso não ser o aluno mais exemplar graças as minhas faltas e atrasos, mas tenho uma amizade maravilhosa com os professores, tá aí uma dica boa que meu avô me deu. 

A aula se passa, bem chata, aliás, depois de um tempo resolvi prestar atenção porque ver gente matando aula e quase transando através da janela não me agrada. 

Levanto as mãos e me espreguiçar um pouco. Logo saio da carteira e começo a arrumar minhas coisas para o intervalo, já que teria que mudar de sala. Termino e vou embora do cômodo com minha mochila nas costas, indo até o corredor. Claro, como todos os dias não posso respirar que sussurram algo sobre mim, já tens uma noção da minha reputação? Alguns me conhecem com mimadinho, filho da puta, viadinho, riquinho e até mesmo putinha, pensam que vendo meu corpo para conseguir o que eu tenho. No começo eu até fiquei mal, mas depois vi que era só porque eles não tinham. 

Finalmente cruzo os corredores e acho a sala que vou precisar estar. Eu poderia ficar com meu material ao meu lado durante o intervalo, mas não quero me dar o trabalho de ter que vir até aqui depois e arrumar tudo. Melhor fazer agora que to com coragem. 

A porta da sala é como todas as outras, de madeira com um quadrado de vidro. Antes de entrar dou uma olhada na janelinha da porta em uma mania por ver séries de massacre escolar demais, e dou um sobressalto quando vejo uma movimentação. Já tinha alguém lá. 

Não me importo, deve ser alguém com o mesmo intuito que eu de arrumar tudo logo. Abro a porta e observo discretamente a pessoa quando uma luz se acende na minha cabeça. Seus cabelos, seu físico, seu sorriso, tudo é como o grandão da festa. 

Ele já tinha percebido minha presença há muito tempo, seu sorriso denunciava isso.

— Olá, Sasuke. — Abro a boca assustado, me perguntando como ele sabe meu nome, mas ele já responde. — Sei seu nome porque mencionaram você quanto a biologia, caso eu precise de ajuda. 

É, com certeza é o grandão da festa. 

— Oi, pessoa que eu vi naquela festa, mas não quis dizer o nome. — Brinco, e dou uma pequena risada logo em seguida, e ele faz o mesmo. 

— É uma pena… você realmente não lembra de mim. 

Arqueio uma sobrancelha. 

— Como assim? Nos conhecíamos antes? 

Ele não diz nada, apenas ri e o vejo dar meia volta, saindo da sala. 

romA. - Narusasu. Onde histórias criam vida. Descubra agora