Capítulo 10. - Por quê?

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Tudo demais faz mal. Isso foi uma coisa que ninguém precisou dizer pra mim, porque eu já sabia. Poderia ser comida, bebidas, remédios, 𝘱𝘦𝘴𝘴𝘰𝘢𝘴. Tudo pode se tornar um veneno dependendo da dose. 

Dito isso, vamos pôr a lógica em prática, por que escolhemos ignorar o óbvio e colocar todo nosso coração naquilo? Mesmo sabendo que vamos sair mortos? Porque amamos em dose alta sem se importar com o futuro. Eu entendo o amor? Talvez eu só entenda o lado obscuro. 

De qualquer forma, é importante para nossas vidas nos fudermos quando se trata de amar, sabe? Vivemos de status, casais de redes sociais fazendo declaração, postando stories juntos ou coisas do tipo, mas que na realidade se odeiam e tem repulsa uns dos outros. Vendo isso é claro que teremos uma visão completamente maravilhosa sobre o amor, iremos querer o 𝘢𝘮𝘰𝘳, não o amor. Você quebrar a cara num relacionamento é o que vai fazer você quebrar essa visão sobre esse sentimento, ver a realidade dele, e mesmo que você tente explicar para uma pessoa que ainda tem a visão corrompida, não vai adiantar. Acho que daí que vem a frase “O amor é cego”. 

Karin parou de chorar, agora só está com uma expressão não ótima. Por outro lado, acho que não dá pra perceber que ela chorou, ficando com o nariz e olhos vermelhos apenas por uns minutos. Inveja, quando eu choro fico com o nariz e olhos… a cara toda vermelha por horas. 

— Acho que… passou, migo. — Ela diz, sua voz ainda um pouco fraca, mas muito melhor. 

Me aproximo dela e a lhe dou um abraço, a dando um tapa não muito forte no rosto, em seguida. 

— Não quero mais isso! Aquele defunto que retiraram do caixão não é nada comparado a você, aliás, não é nada comparado a qualquer um! — Digo e ela ri baixo, balançando a cabeça em concordância. 

Ela termina de comer a casquinha que foi a única coisa que restara do sorvete. Eu até daria meu sorvete para ela, mas estou na mesma situação, ao dar uma bronca nela acabei deixando meu sorvete cair. Era pra ter jogado nela! 

A puxo e começamos a andar de novo pela praça, não saí pra ficar sentado! 

— Desculpa, amigo, estraguei o passeio. — Reviro os olhos com sua fala. 

— Nem vem, não to com paciência! Você não estragou nada, é meu dever como ótimo ser humano que sou. Sabe que gosto de ajudar humilhados. — Falo do jeito que pensam que sou naquela escola, fazendo a ruiva rir, ela sempre ri disso.

— Sua imitação de arrogante mimado não funcionou! Na verdade, você teria que chutar pobres pra ser mais convincente. 

— Eu te dei um tapa, isso conta? — Digo e rio alto em seguida, enquanto observo sua expressão fechada. 

— Vá a merda! 

Antes que eu pudesse retrucar, sinto meu corpo se esbarrar com outro e xingo baixo, levantando a cabeça para ver o indivíduo e pedir desculpas, mas aí percebo que deveria ter esbarrado mais forte. 

— Burguesinho? Que conhecidencia. — Ele me cumprimenta, inacreditavelmente, sem sorriso nenhum. 

— Caralho, você voltou mesmo! — A ruiva exclama, com certeza se conhecem, todo mundo conhece esse cara? — Sasuke, você já sabia que o…  

Infelizmente o loiro em nossa frente tampa a boca de Karin mais rápido, a impedindo de falar, como fez com Deidara, que merda! 

— Não quero que fale meu nome pra ele, pode ser? — Ele diz e sinto uma veia saltar, que moleque chato! 

Bufo e reviro os olhos, cruzo os braços e observo a garota ao meu lado ficar confusa e nele surgir um sorriso, mesmo que um sorriso diferente do seu habitual, talvez meio fraco. 

— Mas ele sabe o seu nome. — Karin diz, repousando as mãos em sua cintura com a sobrancelha arqueada. 

— Não, não sei! E ele não pode me contar porque o cu dele vai cair. — O seu sorriso só aumenta cada vez mais que demonstro irritação. — Qual é!? Tem tara em me irritar, só pode. 

— Eu, que deveria estar irritado, você me 𝘦𝘴𝘲𝘶𝘦𝘤𝘦𝘶. Mas já imagino o porquê, então não te culpo. 

Karin parece entender a situação enquanto pareço trocar de lugar com ela, ficando confuso. De novo esse papo estranho, desde quando conheço ele? Mesmo que sua voz seja familiar, não tenho nenhum resquício sequer de lembrança. 

Percebi seu sorriso ficar mais fraco quando fico pensativo, tentando lembrar pelo menos de algo dele, mas não, não vem nada. Talvez essa seja a coisa mais confusa que aconteceu em minha vida. Um cara aparecer do nada e não dizer seu nome, ficar me fazendo de idiota e falar que o esqueci, quando nunca sequer o vi. 

Suspiro e o observo. Seus cachos se sobressaem mais do que qualquer outro na praça e eu me surpreendo da forma que ele consegue os manter perfeitos, seu peito abaixa e levanta em movimentos rápidos por estar ofegante, enquanto o suor transforma o branco da blusa em transparente, revelando perigosamente seu físico. Talvez ele estivesse treinando ou algo do tipo, e espero que ele continue, porque faz efeito. 

Sinto um cutucar de leve no meu braço e percebo que foi a garota ao meu lado, então levo meu olhar a ela e por algum motivo um olhar surpreso ocupa o seu rosto. 

— Migo… Tem alguma coisa na blusa do… Desse cara aí. — Ela diz cinicamente, como se quisesse me provocar. 

Arqueio uma sobrancelha e por automático levo meu olhar na direção do loiro à Karin apontar para ele, e o percebo com um sorriso cínico com os lábios. 

— Gostou da vista? Tô desidratado já. 

Ele diz e ajeita a camisa, me fazendo finalmente entender. Mesmo que seja algo normal ADMIRAR a DEDICAÇÃO de alguém pelo corpo, eu ainda assim não deixo de sentir vergonha por tudo isso e sinto meu rosto queimar, junto ao meu corpo. Fui tão descarado assim? Confesso que se alguém olhasse assim pra mim eu também acharia bem gay… porra, NÃO! Eu também não posso negar que o cara é bonito, né? 

— A-ah… foi mal, desculpa! Eu só… você deve treinar bastante né? — Tento disfarçar com um sorriso, mas aposto que saiu horrível pela reação de Karin, pois a risada da mesma só aumentou. — Parabéns! Você é dedicado! 

Vejo ele tentar segurar a risada, enquanto eu a cada segundo que passava sentia mais vontade de me enterrar, cadê o buraco que a prefeitura deixa a essas horas!? Quando precisa que eles sejam incompetentes, eles não são! 

— Obrigado. Eu até te chamaria para te ajudar a ser dedicado, mas com esse corpo quem precisa de ajuda sou eu… com todo o respeito, sereio. 

Percebi seu olhar passeando pelo meu corpo durante sua fala, me causando um arrepio como se estivesse frio. 

Por quê? 


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