Capítulo 9

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Melina

Levantei da cama, após uma noite mal dormida, que eu não sei nem porquê. Fiquei pensando na merda da minha vida e não consegui dormir.

Caminhei pro lado de fora do quarto e observei Ronald e Duca entrarem pela porta. Os dois ainda usavam as roupas que saíram ontem, então obviamente chegaram agora.

Ronald: bom dia minha princesa linda - Veio me abraçar e eu empurrei.
Melina: tá bêbado e fedendo a sexo Ronald
Ronald: chata pra caralho
Duca: vai dormir Ronald
Ronald: vou mermo, boa noite - Falou caminhando pro quarto.

Duca também parecia ter bebido, mas não deixava transparecer, não estava bêbado.

Encarei ele de cima a baixo e fiz cara de deboche indo pra cozinha.

Otário. Que ódio eu to sentindo desse homem.

Achei que ele seria um pouco diferente do pai, mas estava totalmente enganada. São iguais.

Coloquei a água do café pra ferver e senti uma presença atrás de mim.

Duca: te fiz alguma coisa?
Melina: fez?
Duca: não faz joguinho Melina, aqui não tem nenhum moleque não

Me mantive de costas pra ele e continuei focada em preparar o café da manhã, que aparentemente, só vai tomar eu, já que viver com três homens é como estar sozinha.

Duca: vai me ignorar?
Melina: não estou te ignorando, só não tenho nada pra conversar com você e se você puder parar de me incomodar, eu vou agradecer
Duca: beleza

Ouvi seus passos se distanciarem e neguei com a cabeça passando a mão no rosto.

Terminei de passar o pouco café que fiz e coloquei numa xícara pra mim, me sentei na mesa cortando um pão, coloquei uma fatia de queijo e presunto, e comecei a comer.

Pelo amor de deus, se você puder senhor, por favor me leva logo, que tortura essa vida humana que eu levo.

Mas tudo bem né, tenho que me conformar, até porque a culpa é toda minha de ter aceitado me envolver com o Fera.

Quer saber? Cansei. Agora vai ser do jeito que eu quiser, mesmo que eu apanhe horrores, não vou sair dessa se não morta.

Fera: MELINA

Ouvi o grito vindo da sala e revirei os olhos, fingindo não estar escutando.

Continuei comendo meu pão e bebendo meu café, até ver o Fera parado na minha frente.

Fera: tá surda caralho? to te chamando - Encarei ele e depois desviei pro meu café. - coloca um pão pra mim
Melina: por acaso você perdeu os movimentos da mãos?
Fera: como é que é?
Melina: acho que você que tá ficando surdo
Fera: enlouqueceu Melina? com quem você acha que tá falando porra?

Senti sua mão agarrar meu cabelo com força e me empurrar pra trás, me fazendo cair da cadeira junto com a xícara de café frente.

Melina: AI PORRA VOCÊ É LOUCO FERA

Senti a pele do meu braço arder muito e meus olhos se encheram de lágrimas.

Fera: agora coloca a porra do meu café
Melina: EU JÁ DISSE QUE VOCÊ TEM MÃO FERA
Fera: DEU PRA ME AFRONTAR AGORA VAGABUNDA? - Senti o tapa forte na minha cara.
Melina: EU TE ODEIO SEU MONSTRO

Levantei do chão indo pra cima dele, mas era impossível eu conseguir dar um tapinha só, logo fui arremessada na pia da cozinha, batendo minhas costas com força.

Fera: você não devia ter feito piranha

Fechei os olhos antes do soco do Fera, mas não senti o impacto.

Abri novamente vendo o Duca segurando ele e o Ronald segurando o Duca.

Fera: ninguém nunca te ensinou que não em briga de marido e mulher não se mete a colher?
Duca: será que eu vou ter que te ensinar o que é briga de verdade?
Ronald: calma gente, fica suave
Rato: que porra tá acontecendo aqui?
Melina: imundo - Murmurei.
Fera: nada Rato, é só o Duca que é muito intrometido
Duca: teu parceiro aqui Rato, tá doido pra se prejudicar com a facção

Fera mudou totalmente a postura e Rato a expressão facil.

Fera: tá suave Duca, foi só uma discussão boba, não é Melina?

Ele me encarou e eu me levantei do chão saindo daquela cozinha com dificuldade.

Senti o braço do Ronald me envolver e ele caminhar comigo até o quarto.

Ronald: tá doendo muito?
Melina: minhas costas, ele me jogou na pia Ronald, tá doendo muito - Falei sentindo as lágrimas caírem.
Ronald: sei nem o que fazer, vou buscar um remédio na farmácia pra tu
Melina: não, não me deixa sozinha por favor
Duca: vai Ronald, compra o remédio que ela precisa
Melina: não
Duca: vai Ronald, eu to mandando

O cabeçudo abaixou a cabeça e saiu rápido do quarto.

Duca: tá doendo muito?
Melina: muito, parece que minha coluna travou

Ele se aproximou e pegou meu braço ainda sujo de café.

Duca: quer ajuda pra lavar?
Melina: agora não, mal consigo me mexer nessa cama

Limpei meu rosto molhado, mas as lágrimas não paravam de rolar.

Duca: calma
Melina: é fácil falar Duca, eu não aguento mais isso aqui, eu me recusei a colocar o café dele e fui empurrada, queimada e humilhada, quem sabe da próxima ele me mate, estaria me fazendo até um favor
Duca: eu vou resolver isso
Melina: não, você não vai, você não é meu pai, não tem que me defender
Duca: mas eu quero
Melina: por quê? eu não sou nada pra você
Duca: para Melina, por que eu iria querer teu mal? eu não sou o Fera porra
Melina: me deixa descansar
Duca: você disse pro Ronald que não queria ficar sozinha
Melina: queria ficar com o Ronald, não com você
Duca: eu saio Melina, mas antes deixa o Ronald chegar
Revirei os olhos e tentei achar uma posição confortável na cama.

Depois de longos minutos em silêncio, com o Duca me encarando sem parar, Ronald chegou da farmácia com uma sacola que continha algumas coisas.

Duca: fica bem aí
Melina: obrigada - Vi ele saindo do quarto.
Ronald: tem remédio pra dor, tem um bagulho pra passar também em spray

Ronald me ajudou a sentar e passou o conteúdo do spray nas minhas costas, me fazendo sentir um gelado aliviante.

Melina: obrigada, não sei o que seria de mim sem você
Ronald: e eu sem minha boadrasta - Dei risada. - Duca só quer te ajudar Melina
Melina: vai ficar tudo bem, ele não precisa se envolver nisso

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