Capítulo 6

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Melina

Passei a mão do lado da cama pra ter certeza que o Fera não dormiu aqui e só abri os olhos após confirmar.

Levantei da cama calçando meus pés e fui direto pro banheiro escovar meu dentes.

Assim que terminei, saí do banheiro caminhando pra cozinha, sem encontrar ninguém pela casa.

Me deparei mesmo foi com o Duca fritando ovos.

Melina: bom dia
Duca: bom dia, quer? - Apontou para os ovos.
Melina: vou querer sim

Peguei um prato na mesa e estendi em sua direção, que colocou uma quantidade pra mim.

Melina: você realmente não puxou a seu pai e seu irmão, aqueles ali não sabem nem colocar uma água no copo pra beber - Ele deu risada.
Duca: passei muito tempo com minha mãe, fazia tudo em casa pra ela não se cansar ainda mais
Melina: você abdicou da sua vida por ela, isso foi incrível da sua parte
Duca: não era pra ser incrível uma atitude que qualquer ser humano deveria ter
Melina: mas a maioria não tem

Me sentei na cadeira começando a comer e ele se sentou ao meu lado, me entregando uma xícara com café.

Melina: obrigada
Duca: tá melhor?
Melina: sim, espero que seu pai nem apareça aqui hoje
Duca: ele costuma fazer isso?
Melina: muito, quando ele se droga é ainda pior, chega aqui carregado pelo Rato
Duca: Fera tá na corda bamba
Melina: com a facção? - Ele me olha, mas não responde. - é que eu ouço algumas coisas sobre e você ontem falou o mesmo com ele
Duca: o crime não é desorganizado como pensam Melina, até porque se fosse, não existiria mais há muito tempo - Observei ele gesticular. - tem suas regras, se não o bagulho vira bagunça, já pensou se eu tenho autoridade o suficiente pra matar quem eu quiser sem motivo?
Melina: seria uma merda
Duca: por isso a facção tem suas regras, pra ninguém querer crescer demais, se o Fera te bate como eu soube, sem motivo algum, ele tem que ser cobrado
Melina: se todas as vezes que o Fera me bateu sem motivos fossem cobradas, você nem teria mais pai - Sorri sem graça. - a lei da favela eles só aplicam a quem interessa Duca e enquanto for assim, eu vou continuar apanhando
Duca: se depender de mim, não vai
Melina: não precisa comprar briga por minha causa, eu convivo com o Fera há muito tempo
Duca: é o certo e o justo Melina, se nós que tá no poder aqui dentro não for justo, quem vai ser?
Melina: é, espero um dia tá viva pra ver isso
Duca: tenho que ir pra boca
Melina: valeu pelo café
Duca: valeu

Duca levantou com o prato e foi em direção a pia, deixando o objeto ali. Acompanhei com os olhos ele saindo da cozinha e voltei minha atenção ao meu café.

Caralho em Duca, podia ter aparecido antes do seu pai né, vai que assim eu tinha mais sorte.

Gostoso, educado e ainda sabe fazer café, eu juro que se aquela vagabunda da Cailane laçar esse macho, eu morro só de ódio.

Fera: Melina

A voz do monstro me causou até arrepio de medo. Soltei o garfo e olhei em sua direção.

Melina: oi Fera
Fera: quero um pão com queijo
Melina: vou colocar
Fera: não demora, só sabe fazer as coisas na lentidão - Falou saindo da cozinha.

Larguei o resto da comida no prato, porque quando ouço a voz desse homem perco até a fome.

Cortei dois pães e coloquei duas fatias de queijo em cada. Separei uma xícara colocando um pouco de café se açúcar, amargo igual a vida dele.

Peguei tudo e fui levar pro patrão, bem que podia morrer engasgado.

Entreguei o prato na mão dele e quando virei de costas senti o tapa forte na minha bunda. Revirei os olhos e segui andando pra cozinha, espero que ele não venha querer transar depois de passar a noite inteira fudendo um monte de piranha.

Me sinto até mal de chamar essas mulheres assim, até porque o comprometido é ele né, mas são piranhas sim pois sabem que eu existo e mesmo assim abrem as pernas.

[...]

Saí pela casa carregando o balde de roupa suja, entrei primeiro no quarto do Ronald, recolhendo toda peça suja que eu encontrava largada, esse imundo.

Depois fui pro quarto do Duca, tava até mais organizado, pelo menos as roupas não estavam espalhadas e sim juntas num canto só.

Peguei tudo e coloquei dentro do cesto, mas antes recolhi as que caíram pelo caminho.

Me abaixei pra pegar a última peça e arqueei a sobrancelha quando notei que era uma calcinha minha.

Melina: ué
Duca: o que tu tá fazendo aqui? - Levantei o olhar pra ele que estava na porta do quarto.
Melina: por que minha calcinha tá aqui?
Duca: sei lá, deve ter parado aí junto com as outras roupas
Melina: e eu devo ter nascido ontem - Sorri debochada.
Duca: peguei ontem no banheiro Melina - Ele deu três passos ficando colado em mim. - queria sentir teu cheiro, não pode?

Abri a boca duas vezes, mas não saiu um fio de voz por ela.

Duca: que foi em?

Senti a mão dele na minha nuca, em seguida jogando todo meu cabelo pro lado.

Melina: o seu...

Minha voz falhou de novo quando a língua dele entrou em contato com a pele do meu pescoço.

Duca: já senti o cheiro, agora quero sentir o gosto
Melina: para de fazer isso - Falei tentando controlar a respiração.

A mão dele agarrou a carne da minha bunda com força e eu soltei um gemido baixo.

Duca: Melina, Melina...
Ronald: aê Duca cê acredita que a Cailane veio me pedir seu número?

Empurrei ele rápido, mas tenho certeza que o Ronald viu o que tava acontecendo aqui. Encarei o cabeçudo que estava sem expressão na porta e desviei o olhar pro cesto de roupa.

Carreguei ele e saí do quarto feito um furacão.

Larguei o cesto perto da máquina e me apoiei na pia da lavanderia. Respirei fundo tentando recuperar o controle do meu corpo, mas não conseguia parar de sentir a língua dele no meu pescoço.

Fera: cadê o almoço?

Dei um pulo pra trás de susto e encarei o Fera com os olhos arregalados.

Fera: tá assustada Melina? - Ele falou se aproximando.
Melina: n-não
Fera: tem certeza que não tá aprontando nada?

Ele agarrou no meu cabelo com força, me fazendo soltar um "ai" de dor.

Melina: eu não fiz nada
Fera: eu acho bom que tu ande na linha, da surra de ontem tu escapou, mas da próxima tu apanha em dobro
Melina: por favor me solta

Fera largou do meu cabelo e me olhou de cima a baixo.

Fera: tem alguém em casa?
Melina: seus filhos
Fera: é bom que eles aprendem com o pai
Melina: aprender o quê?
Fera: tira a roupa
Melina: pra quê?
Fera: eu mandei tirar a roupa caralho, para de fazer pergunta

Tirei o vestido que estava usando ficando só de calcinha. Olhei pro monstro na minha frente, vendo ele abaixar a bermuda e avançar em mim, me empurrando na pia.

Ele se enfiou em mim sem cerimônia e eu soltei um grito de dor.

Fera: eu sei que você gosta sua cachorra, geme pra mim vai, fala que eu sou gostoso

Mordi meu lábio tentando suportar o incômodo que ele me causava e em seguida senti um tapa forte na minha cabeça, fazendo com que eu batesse a testa na pia.

Fera: geme alto cachorra
Melina: isso Fera, me fode gostoso

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