5. Cê me jogou pro alto só pra me ver quebrar

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"Minha visão tá turva é de se desesperar, cê me jogou pro alto só pra me ver quebrar. Eu tenho andado louco e a culpa é sua." Ainda te amo/Jão

Andei meio sem rumo, tentando me manter de pé até que eu pudesse chegar na calçada e pedir um uber que me tele transportasse dali para minha casa em questão de segundos. Enquanto entrava no carro, via as mensagens pipocarem de diversos contatos, perguntando onde eu estava, resolvi ignorar todas, não queria ninguém vindo atrás de mim ou me perguntando o que tinha acontecido.

Cheguei em casa largando o tênis ao lado da porta e andando com um único destino, minha cama quente e acolhedora que iria me ver chorar por mais uma noite, na tentativa de assimilar e me fazer aceitar que o que eu realmente estava sentindo era a pior mistura de ciúmes e medo.

Tatiane havia parado de mandar mensagem, mas não cansava de me ligar, que ódio! Resolvi responder e avisar que já estava em casa, recebi uma mensagem de "Como assim?" que ignoraria com respeito.

Ao mesmo tempo que evitava falar com todos que estavam na festa, eu sentia uma enorme necessidade de falar com alguém, por pra fora essa agonia que sufocava e me fazia perder os sentidos.

"Tá acordado?" - Lennon poderia me salvar

"Fala querido, to sim" - ele não estranharia a hora, afinal dormir de madrugada era o que mais fazíamos

"Preciso de ajuda!" - demorou segundos para que ele me chamasse por vídeo

"Que houve, gay?" - se assustou ao ver minha cara encharcada e vermelha

"Não sei o que fazer, sinto que estou entrando cada vez mais em um furacão que não consigo achar a borda pra fugir" - funguei segurando mais algumas lágrimas teimosas

"Excelente poesia, mas pode se explicar em um sentido menos figurado?" - me arrancou uma risada com seu deboche

"Estou sofrendo por um boy" - ele revirou os olhos

"Quem é o sortudo da vez?" - falou debochado, já sabendo do meu brilhante histórico de ex's.

"Hm..." - não conseguia falar

" É quem eu estou pensando?" - se ajeitou no sofá passando a se interessar mais no assunto

"Sim" - assumi com vergonha, depois de ter negado milhares de vezes durante esse quase 1 ano

"Calma ai, você está FINALMENTE assumindo que sente alguma coisa pelo Amaury?" - ele gargalhava

"Pode parar de graça, eu realmente preciso entender o que 'to sentindo" - se recuperou da gargalhada e passou a me encarar

"Como posso ajudar, senhor apaixonado?" - riu mais uma vez e bufei - "Parei, parei, sorry, não tem como resistir" - seguiu com um sorriso na cara - "Vocês finalmente transaram?" - perguntava curioso

"Não!" - suspirei - "Nem sei como estaria se a gente tivesse transado"

"Feliz e realizado?" - eu tinha que aceitar que ele não pararia de fazer piada e talvez era disso que eu precisava mesmo

"Idiota!" - fingi uma irritação - "Mas, não, eu estaria pior do que estou agora. Porque até o momento a gente só se beijou e isso já foi capaz de me destruir. Qual o nome disso?"

"Amor? Paixão? Desejo?" - ele chutava

"Mais que isso, ciúmes!" - neguei com a cabeça

"Amigo, é você mesmo? Estou com medo de estar falando com uma IA que está usando seu rosto" - ele não conseguia parar de rir - "Você assumindo que está apaixonado e com CIÚMES DO AMAURY?"  - ele realmente se mostrava surpreso - "Se amanhã não cair um temporal, eu não me chamo Lennon".

O que tinha de ser | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora