"Se o amor quer me deixar, me deixe num domingo, eu não vou reclamar e posso até achar que ficar só é lindo" - Domingo/Maria Bethânia
| AMAURY POV ~ Domingo
Enquanto essa tocava na TV da sala, eu abria um vinho e enchia minha taça para beber enquanto observava da varanda a cidade abaixo de mim.
Morar em andares altos tinha dessa beleza, você enxergava a mistura perfeita que existia no Rio de Janeiro, prédios e montanhas se misturavam, criando um visual que poderia inspirar qualquer observador.
Aquela imagem, acompanhada de um pôr do sol, conseguia se colocar ainda mais bonita, tendo uma beleza quase palpável de tão perfeita, daquelas que emocionam e arrepiam o corpo inteiro.
Aquele domingo, não era qualquer um, ele ficaria marcado para sempre em minha memória e não a toa eu tinha escolhido essa trilha sonora pra ele. Eu precisava dar o toque de arte que esse momento merecia, afinal, algo grande havia acabado de terminar e eu ainda estava absorvendo as consequências disso.
O diálogo de minutos atrás ainda rondava minha mente...
- Estava uma delícia, querido! - segurou minha mão direita que estava mais próxima a ele - Fora a sua companhia que deixa tudo ainda melhor - sorri e beijei a mão que segurava a minha.
- Sempre bom ter você por perto, sinto sua falta - o encarei sorrindo cúmplice
- Eu também sinto - suspirou pesado, mantendo nosso olhar conectado - Mas, minha visita é para retomarmos aquela conversa que ficou em aberto na nossa última ligação. - dessa vez quem suspirou fundou fui eu
- Eu acho que você está com uma impre... - interrompeu minha fala
- Eu tenho certeza que não é só impressão minha e nem é por estarmos longe há quase 1 ano, nessa distância que impacta homens que amam a presença física dentro de um relacionamento. - suspirou mais uma vez e agora encarava minha alma pelos meus olhos - Você está amando e eu já entendi que o destino desse amor, não sou eu. Não mais! - sorriu compreensivo, já com lágrimas nos olhos.
- Da onde saiu essa certeza? - perguntei ainda meio agoniado com o rumo daquela conversa.
- Do seu olhar, da forma como você fala, da alegria que seu sorriso tem quando encontra ou conta dele, da maneira como você se preocupa com ele, reconhece e se conecta ao mundo dele, mesmo sendo o oposto do seu. - seguia imóvel, encarando ele escancarar meu maior medo dos últimos meses, que era assumir que sentia algo pelo Diego - E eu sei que você vai se recusar a aceitar essa verdade por algum tempo, porque 6 anos me ensinaram o quanto você pode ser teimoso quando quer. Mas, alguém precisava te contar isso e decidi que seria eu.
- E o que você quer dizer com tudo isso? - já não sabia mais que perguntas fazer.
- A primeira é que um amor desse não bate na porta duas vezes, vá viver sem medo! - sorriu já com os olhos vermelhos por segurar as lágrimas que se formavam ali e eu apertei com mais força sua mão, que não tinha soltado a minha por nenhum momento - A segunda, é que eu tenho certeza que ele sente o mesmo, não deixem que matem isso em vocês - respirou fundo e deixou uma lágrima cair, dando alguns minutos de silêncio para que apenas nossos olhos se comunicassem - E a última... bom.. a última é que dito tudo isso, não existe mais um espaço para que a gente continue. - outro silêncio ensurdecedor se formou, senti sua mão gelar em cima da minha e abaixei pra encostar a testa nela.
Ficamos nessa posição por 5 minutos ou talvez 1 hora, não se dava pra contar o tempo naquele universo para o qual havíamos viajado após aquelas falas. Enquanto minha testa se mantinha imóvel e meus olhos fechados, escutava a respiração dele se agitar e sabia que finalmente suas lágrimas tinham recebido permissão pra sair.
Flashs passavam pela minha mente, desde o momento em que nos conhecemos, até virar um relacionamento, além de tudo que planejamos pros dois e também pra cada um individualmente. Eu sabia que ele tinha razão, não esperava nada menos do que essa sinceridade e generosidade absurda dele, éramos assim desde o início, uma mistura de amor e cumplicidade que hoje realmente havia se tornado mais amizade do que paixão.
Passei meses tentando evitar esse diálogo, eram tantas coisas novas pra lidar na vida, que esse relacionamento era meu espaço seguro, ele era meu porto seguro. Mas, era egoísmo da minha parte mantê-lo nisso, por falta de coragem de assumir que meu amor realmente estava sendo encontrado em outro ser.
- Não quero te tirar da minha vida - Quebrei o silêncio com uma única certeza
- Eu também não - voltamos a nos encarar
- Estou disposto a lutar pela nossa amizade e cumplicidade - busquei sua outra mão, me virando um pouco mais de frente pra ele
- Não precisará de luta, sempre fomos amigos e assim vamos seguir - beijei uma mão de cada vez e depois limpei uma última lágrima solitária que insistia em rolar por seu rosto.
- Te amo! - passei os dedos suavemente por seu rosto e recebi um beijo de lado, na palma da mão.
- Eu também, muito! - e assim eu acreditei que meu relacionamento de anos havia acabado há meses, antes mesmo de eu aceitar.
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Venci o medo de trazer pra cá minha primeira FIC e espero de verdade que vocês gostem muito.
Minha ideia é trazer algo que envolva e fale mais sobre possíveis emoções dos dois, incluindo os sentimentos divididos que possa estar atravessando os personagens, teremos hot sim, mas não é o foco, as cenas vão aparecer quando necessárias para também falar sobre as sensações e sentimentos.
Me contem se gostaram e o que esperam das próximas att 🤩
Beijos
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O que tinha de ser | Dimaury
Fanfiction"Porque foste na vida, a última esperança. Encontrar-te me fez criança, porque já eras meu sem eu saber sequer. Porque és o meu homem [...] Porque tu me chegaste, sem me dizer que vinhas e tuas mãos foram minhas com calma. Porque foste em minh'alma...