8. Você só sabe que eu te amo tanto, mas na verdade meu amor, não sabe o quanto

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| AMAURY POV

Dei partida no carro com uma raiva imensa, resolvi ir pela avenida da orla pra poder sentir a brisa do mar entrar pela janela, enquanto tentava colocar meus pensamentos no lugar.

Eu sabia que não podia cobrar nada dele, mas ver ele descartar qualquer possibilidade de relacionamento entre a gente me incomodava demais, principalmente por eu já ter exposto tanto do que sinto por ele.

Não era nada fácil pra mim abrir qualquer tipo de sentimento, estava sendo totalmente novo me sentir confortável com outra pessoa, a ponto de eu abrir qualquer coisa que se passava pela minha cabeça.

Resolvi parar o carro pra ir até a areia, precisava por a cabeça no lugar, precisava refletir sobre minhas ações e sobre tudo que vinha acontecendo na minha vida.

Engatar um novo relacionamento agora era o ideal?

Eu não estava sendo entregue demais?

Será que já consegui resolver emocionalmente tudo que meu término recente exigia de mim?

Diego é quase 12 anos mais novo que eu, uma vida inteira de um pré adolescente nos divide e eu precisava entender como isso impactava qualquer coisa que a gente tentasse ter.

Nossos gostos são diferentes, ele é Jão e eu Bethânia.

Nossos grupos de amigos são completamente diferentes, o dele totalmente plural e grande em quantidade, o meu pequeno e com pessoas selecionadas a dedo.

Ele quer conhecer o mundo e eu quero rodar o Brasil quantas vezes forem necessárias.

Eu quero um amor pra vida inteira e ele quer alguns amores pra vida.

Eu sou do mato, cachoeira, brincar na rua e ele é piscina, apartamento e videogame.

Mas, apesar de tudo isso parecer nos distanciar, na real só nos aproximava mais. A cada dia eu aprendia mais sobre divas pops da atualidade, aceitava que piscinas podem ter seus pontos fortes e entendia que o mundo pode ter suas belezas, depende dos olhos que o enxergam.

Eu queria mergulhar no mundo dele e isso não seria sacrifício nenhum. Mas, tem uma coisa que seria impossível aceitar, ver ele amando outras pessoas, isso era inegociável.

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A gente terminou de gravar e fomos em silêncio até o camarim, muito por conta de ainda estarmos absorvendo o peso da cena gravada.

Diego ainda chorava, mesmo que pouco, se despedindo do personagem pra poder voltar a ser ele mesmo. Passei meu braço por seu ombro e seguimos andando.

- Foi uma cena difícil, mas você foi brilhante - beijei o topo da sua cabeça

- Obrigada pela troca, não teria sido igual se não fosse com você - me olhou de canto de olho e sorriu fraco

- Somos uma boa dupla - falei com um nó, pensando que essa frase poderia se aplicar a nós de todas as formas.

- Somos! - se limitou a concordar

- Quer sair pra jantar? - falei quando entramos no camarim

- Não acho uma boa ideia, estou vulnerável hoje e faria coisas que não quero - falou se jogando no sofá pra poder tirar a bota.

O que tinha de ser | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora