2. Teu olhar me diz, eu até gosto de você

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Teu olhar me diz, eu até gosto de você, mas só gostar não faz feliz" - Enquanto me beija/Jão

|SEGUNDA

Não precisava falar que eu estava destruído na manhã seguinte, né? Tudo no meu corpo doía, como se um caminhão tivesse me atropelado.

Não foi uma noite chorosa, mas foi uma noite de peito pesado, respiração descompassada, sono inquieto e memórias infinitas que não me permitiam pregar os olhos.

Entrei no camarim, abatido e silencioso, dando apenas um bom dia baixo a cada um que encontrava por ali. O que fez, obviamente, todos perceberem que algo não estava bem. Eu sentia seus olhos me acompanharem enquanto eu rodava a sala terminando de falar com todos os presentes, mas não tinha coragem de encará-lo.

E quando nossos olhos finalmente se encontraram, ele fez um sinal com a mão me apontando a porta, para que pudéssemos ir falar fora da sala e eu assenti com o olhar cansado.

Saiu da sala e dei uns minutos para ir atrás. Como se desse pra enganar alguém a essa altura do campeonato 😶

- Você tá bem? O que houve? - ele enlaçou seu braço no meu e fomos andando lado a lado em direção a cafeteria.

- Terminamos ontem - prendi a respiração e evitei seus olhos

- O que? Como assim? - ele parou bruscamente e buscou meu olhar desesperado

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| DIEGO POV

Um calafrio subiu meu corpo quando ouvi ele falando aquilo, por um momento desaprendi a andar e tentava reaprender a respirar. Nesse meio tempo a gente se encarava, sem que os olhos dissessem absolutamente nada, eles não queriam dizer, NÃO PODIAM!

Aquilo que a gente vinha evitando pensar e elaborar não podia ser tornar real a partir daquela notícia. Não desse jeito, onde nem mesmo sabíamos identificar o que era aquilo tudo que estávamos sentindo.

- Ele falou que o amor bateu na minha porta através de outras mãos e eu não podia negar que sim - descruzou nossos olhares, me sufocando ainda mais, sentia que minha cabeça ia explodir, eu não seria capaz de lembrar meu sobrenome naquele momento.

- Vem aqui! - arrastei ele pra uma sala que estava vazia e tranquei a porta atrás da gente. O horário já não importava mais, se eu precisasse passar o dia trancado naquela sala, eu ficaria - Me explica melhor isso, como assim o amor?

- Você Diego, você é o amor que bateu na minha porta - ele voltou a sua personalidade sincera ao extremo e sem rodeios, me paralisando.

- Mas.. - tentava formular uma resposta - mas, vocês também se amam, estavam juntos há anos - o que que eu to falando?

- Não era mais amor de paixão, viramos amigos que transam. - ele seguia direto e reto, enquanto me fazia engolir seco

- E não podemos ser a mesma coisa? - porra, burro, cala a boca Diego!

- Pra você poder continuar com essa sua putaria de poliamor? - falou com um misto de raiva e indignação

- Não vou discutir sobre isso com você agora - suspirei fundo, tentando me recuperar e já ficando estressado.

- Eu não sei dividir amores reais, Diego! - começou a andar pela sala

- Não é divis.. - me interrompeu

- Meu quase marido terminou comigo ontem porque ele disse que estou apaixonado por outro e só não quero aceitar. E a única coisa que você tem pra me dizer é que quer ser meu sexo amigo? - falou andando na minha direção até me pressionar em uma das paredes disponíveis naquela sala, colando nossas respirações, que ficavam cada vez mais ofegantes e quentes a cada segundo, seu olhar me penetrava, me fazendo tremer até o fio de cabelo.

Eu simplesmente não conseguia reagir aquilo tudo, nem a sua fala, nem a sua aproximação repentina e nem aos meus milhões de sentimentos que explodiam dentro de mim como se fossem perfurar minha pele. Sua mão foi parar na lateral do meu rosto e eu já não conseguia mais lutar contra aquilo. - Eu te amo, Diego! Você entendeu isso? - pronto, fui de Nice e só voltei a vida quando senti sua língua invadir minha boca, descongelando por completo minha alma tão fria e amedrontada por amores roubados. O beijo foi ganhando força quando ele puxou minha cintura pra si com a mão que estava livre, era um beijo cheio de saudade, de tesão acumulado, mas também de desejo, um desejo que nunca tínhamos nos permitido por pra fora, nossas línguas se cruzavam, enquanto nossos gemidos eram meios de tentarmos recuperar o fôlego que precisávamos para continuar naquele momento por quantos minutos fossem preciso. Quando já não conseguíamos mais devorar a boca do outro, ele segurou meu rosto com as duas mãos e entre respirações cortadas me fez a pergunta que novamente me tiraria a vida - Em quem você pensa enquanto me beija? - meu cérebro derreteu ao perceber que ele tinha escutado aquela música.

- Não consigo falar sobre isso agora - FUGI! Me desvencilhei dele e quase corri até a porta, como um animal encurralado eu saí daquela sala fugindo de qualquer coisa que me fizesse pensar na gente e no que tinha acabado de acontecer.





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Me contem se preferem capítulos maiores e o que estão achando, tenho uma parte da fic já escrita, mas é sempre possível dar pequenas revisadas.

Espero de verdade que estejam gostando e não deixem de comentar o que querem ver por aqui.

Obrigada 🧡

O que tinha de ser | DimauryOnde histórias criam vida. Descubra agora