14² • AMOR

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• MINHA MULHER •














MESES ATRÁS



















— Onde estamos indo?

Letitia riu, ignorando a pergunta que Clarisse devia estar fazendo a ela pelo que devia ser a enésima vez desde que simplesmente invadiu o chalé 5, enfiou uma muda de roupas na cara da cacheada e deu a ela meia hora para se arrumar.

Com uma habilidade que certamente só filhas do deus da guerra têm, Clarisse a encontrou no Pinheiro de Thalia em vinte e três minutos, vestindo o adorável conjunto de calça social e colete pretos que Letitia comprara pessoalmente na Tailleur. Nos pés, coturnos, mas não era como se toda aquela vibe de bad girl não fosse o que encantou Letitia em primeiro lugar.

A filha de Hades, no entanto, usava um conjunto de tweed que faria o pai dela torcer o nariz de tão claro, mas aquela noite estava sendo proporcionada por sua mãe, atriz de cinema e apaixonada por cor-de-rosa, então, sim, ela vestiria rosa queimado se sua mãe quisesse se isso significasse que elas poderiam usar seu camarote e assistir uma peça sobre a guerra de Tróia.

Clarisse, é claro, não sabia de nada porque 1) se ela soubesse, então não seria uma surpresa e 2) ela teria feito um chilique, dizendo o quanto não gostava de teatro e blá blá blá, então Letitia preferia apenas organizar, vesti-la e leva-la para onde queria. Era infinitamente mais fácil.

— Você vai saber quando chegarmos lá — respondeu Letitia, com aquele tom charmoso que ela sabia que tirava Clarisse do sério.

Já fazia um mês que elas estavam meio que se sondando. Vendo no que todo aquele... calor ia dar.

Quer dizer, elas se amavam de verdade. De sentir os corações acelerados e o corpo amolecer com um simples sorriso, mas elas não eram ingênuas a ponto de achar que amor era o suficiente. Elas eram semideusas, afinal, filhas de mulheres que amaram um deus grego e depois foram abandonadas.

Elas sabiam bem que só amor não era o suficiente. Então, depois de todo o lance de Letitia virar uma estátua, Clarisse matar uma pessoa por causa dela, e toda a conversa longa e desconfortável que tiveram com o sr. D, elas decidiram que iam se conhecer ao seu tempo e deixar as coisas evoluírem suavemente.

Suave era o último adjetivo que qualquer pessoa que as conhecia designaria a qualquer uma das duas.

Mas então Letitia estava indo frequentemente para o Mundo Inferior a pedido do pai e Clarisse tinha que ficar e ouvir os suspiros apaixonados de Éden May toda vez que ela via Silena desfilando pelo acampamento.

É, elas estavam suaves.

Até aquela noite.

A noite da véspera de aniversário de Clarisse.

Noite pela qual Letitia tinha lutado muito para conseguir dada a insistência de seu pai de mantê-la o máximo de tempo possível em seu palácio antes do verão começar.

Mas tudo valia a pena se fosse para fazer Clarisse sorrir.

— Bem, eu imagino que sim, mas eu gostaria de saber com antecedência para onde estou indo, assim posso saber se vou precisar ou não de uma arma.

Letitia revirou os olhos e estendeu a não para a cacheada por cima do couro do banco de trás do carro que sua mãe mandou para elas. O chofer, um homem gentil de meia idade, sorriu para elas pelo retrovisor.

— Não se faça de sonsa, Esquentadinha. Não combina com você. Nós duas sabemos que você trouxe uma arma com você.

O sorriso derretido que surge nos lábios de Clarisse não é nada menos que apaixonado, e um idêntico surge nos lábios da loira. O chofer, Geoffrey, gentilmente estaciona o Bentley e, com uma tosse suave, chama a atenção das duas garotas.

did i mention • clarisse la rueOnde histórias criam vida. Descubra agora