21² • PRISIONEIRO 001

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• PRISIONEIRO 001 •








— Vocês vão ficar bem?

A cabeça de Percy chicoteia na minha direção no mesmo instante que a pergunta sai da minha boca. Seus olhinhos azuis estão arregalados de nervoso.

— Você vai embora? — é Annabeth quem questiona, no entanto.

Eu acho que nunca vi a filha de Atena tão perdida antes. Seus olhos cor de sândalo estão cinzentos como um dia nublado, e percorrem meu rosto, tentando encontrar alguma resposta na sujeira e nos arranhões em minha bochecha. Os lindos cachos dela estão bagunçados e embaraçados, provavelmente por causa da viagem com os hipocampos. Estico a não e ajeito um deles, tirando-o da frente de seus olhos.

— Essa missão não é minha em vários aspectos, Anne, você sabe disso — ela aperta os lábios, mas não diz nada, porque sabe que eu estou certa. Para todos os efeitos, eu não deveria ter saído do acampamento nesse verão. — Você e o Percy foram até o Mar de Monstros sozinhos. Essa foi a parte difícil, agora só precisam voltar para o acampamento, e ainda têm o Grover pra ajudar. Vocês dão conta, certo, raiozinho de sol?

Mas Percy não concorda comigo. Ao invés disso, ele passa os dedos pelo cabelo loiro antes de perguntar:

— Pra onde você vai?

— Falar com o meu pai — Grover engole em seco audivelmente. — Existem algumas questões que precisamos discutir, e não é seguro...

Sufoco com as palavras quando uma lâmina é colocada contra a minha garganta. Reconheço a sensação gélida da lâmina profana de Luke antes mesmo que ele solte uma risadinha satisfeita e use os dedos para tocar meu cabelo dourado de novo.

— Olá, primos — ronrona ele para mim e Percy. — Bem-vindos de volta aos Estados Unidos.

Dois homens-ursos gigantes chegam pelas laterais e agarram Annabeth e Grover. Percy olha ao redor, atônito, antes de seus olhos encontrarem os meus. Inspiro fundo e giro suavemente o pulso.

— Ah-ah — Luke aperta a lâmina contra minha garganta e um grosso filete de sangue escorre pelo meu pescoço. — Sem gracinhas, Letitia. É melhor deixar suas amiguinhas comportadinhas nos lugares delas, apesar de eu ficar realmente satisfeito em vê-las de novo. Parece que sua alma está no lugar que deveriam estar agora. E, vamos lá, Percy. Controle seu amiguinho gigante ou eu cortarei fora a bela cabecinha loira da Letitia aqui.

Porque Tyson derrubou um dos gigantes em uma pilha de malas e está rugindo, furioso.

— Não vai machucá-la — Percy grunhe, irritado. — Precisa dela.

— Preciso, é verdade, mas não se esqueça de que eu quase acabei com ela há algumas semanas, quando não me era mais útil. Seja mal criado, e veremos a utilidade dela.

O olhar de Percy para mim é o suficiente para eu saber que Luke venceu essa rodada. O pânico gelado que sobe pelos meus ossos é o suficiente para eu me remexer e a lâmina cortar mais um pouco da minha garganta.

— Letitia — Percy ofega, nervoso. — Não se mexa.

— Prefiro morrer a virar uma arma nas mãos de Cronos — murmuro, mesmo que sinta minha garganta arder como fogo e minha voz soe fraca do efeito que a lâmina dupla tem.

— Não prefere não — o loiro rebate, e então olha para o filho de Hermes se projetando atrás de mim. — O que é que você quer, Luke?

— Estender minha hospitalidade, é claro — brinca o moreno, e então aproxima os lábios da minha orelha. — Não se preocupe, majestade. Você não vai morrer. Pelo menos, não hoje.

did i mention • clarisse la rueOnde histórias criam vida. Descubra agora