𝗰𝗼𝗹𝗲𝘁𝗮𝗻𝗲𝗮 ── 𝘀𝗺𝘂𝘁𝘀𝗵𝗼𝘁𝘀. ( qsmp )

9. linda ( teaduo )

não sei, me veio na mente de que isso ficaria bom como teaduo, então fiz. :D

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A sensação de medo era algo comum para Bagi. O medo era seu amigo.

A loira já tinha vivido essa mesma cena, diversas e diversas vezes, toda noite. Era sempre o mesmo sonho, as mesmas consequências.

Ela acordou suando frio, tremendo e assustada. Respirou fundo, passou a mão nos cabelos longos e suspirou por sempre ser a mesma coisa todas as noites.

3h33 A.M., que irônico, seu alarme sempre tocava nesse exato horário, não importava se ela mudava todos os dias ou mudasse de celular constantemente, era sempre o mesmo problema, a mesma hora.

Levantou-se e caminhou em direção ao banheiro, o reflexo no espelho mostrando uma mulher alta, de cabelos longos loiros com uma mecha marrom na franja, pálida e com olheiras. Noites em claro eram sua rotina. Fechou os olhos por um momento, suspirando querendo que tudo parasse. A terapia não ajudava em nada, mesmo que tentasse todos os métodos, nada fazia aquela cena sair de sua mente.

Olhando no espelho novamente, seu corpo se arrepiou por inteiro ao ver mais alguém naquele cômodo, atrás de si, muito próximo, tão perto que conseguiu sentir a respiração mexendo alguns fios de seu cabelo.
Não era uma alucinação. Ou era?

Virou-se para trás rapidamente, não havia nada lá.

── Que porra? ── Sussurrou afoita, tinha claramente alguém ali, ou não.

Jogou uma água no rosto, respirando fundo e rezando para que tudo isso acabasse de uma vez.

Voltou para o quarto com as mãos um pouco trêmulas enquanto seguia em direção a janela. A vista de seu quarto a ajudava a esquecer um pouco do que acontecia em sua mente. A casa de dois andares dava uma vista privilegiada a uma praia pouco conhecida da cidade, era linda e trazia paz.

Mas esse dia foi diferente. A cena voltou em sua mente, as palavras dela se repetiam e repetiam. Era tão cansativo, ela estava exausta, mas sabia que não conseguiria fechar os olhos e dormir tranquilamente.

Bagi fechou os olhos e encostou a testa no vidro da janela, ela conseguiu visualizar sua mãe tão perfeitamente, achou até que havia voltado no tempo, mas sabia que aquilo estava somente em sua cabeça.

A mulher colocava uma bebê loirinha sob o chão, em meio a um pentagrama feito com o próprio sangue, seu braço cortado ainda pingava. As palavras proferidas por ela eram as mais belas existentes, afinal, ela só queria o bem da sua filha.

Mas não foi isso que aconteceu. Sua intenção era linda, mas o Diabo era cruel.

Ela viu ele levar a alma de sua filha embora, quando apenas a queria proteger. Seu ritual tinha dado errado, e agora sua filha fazia parte de um pacto. Ela chorou toda aquela noite, sabendo o fim que sua pequena teria. A abraçava como se aquele fosse o seu último dia, e realmente era.

── Deus, me livre desse sofrimento.. ── Bagi pediu, dizendo as mesmas palavras que sua mãe em seu sonho, que ela sabia, no fundo, era uma lembrança.

── Ele não virá te resgatar.

A voz sussurrada soou tão perto de seu ouvido, que ela achou estar escutando coisas. Virou-se lentamente, o quarto escuro dificultando a visão sobre a mulher de pé em sua frente, mesmo estando tão perto.