Capítulo 04

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A professora Vause tinha errado o caminho. Talvez sua vida pudesse ser descrita como uma série de caminhos errados, mas este fora inteiramente acidental. Ela tinha lido um e-mail irritado de seu irmão enquanto dirigia seu Jaguar, em pleno horário de pico no centro de Toronto, e no meio de uma tempestade. Por isso, ela virou à esquerda em vez de à direita na Bloor Street, pelo Parque da Rainha. Isso significava que estava indo na direção oposta ao seu prédio.

Não havia possibilidade de fazer um retorno na Bloor em horário de pico, e como estava muito trânsito, ela teve dificuldade em voltar para a direita. Foi assim que encontrou uma muito molhada e patética Srta. Chapman, caminhando cabisbaixa pela rua como se fosse uma pessoa sem-teto, e num ataque de remorso, convidou-a a entrar em seu carro.

— Sinto muito, eu estou arruinando o seu estofamento. — Ela falou hesitante.

Os dedos da morena se apertaram no volante.

— Eu tenho alguém para limpar quando ele está sujo.

Piper abaixou a cabeça, pois sua resposta a magoou.

— Onde você mora? — Ela perguntou, pretendendo iniciar um diálogo educado e seguro, por um tempo que esperava ser bastante curto.

— Na Madison. É subindo, à direita. — A garota apontou uma direção à frente.

— Eu sei onde é a Madison. — Retrucou.

Olhando-a com o canto do olho, a loira encolheu-se em direção à janela do passageiro. Ela virou lentamente a cabeça ao olhar para fora e mordeu seu lábio inferior.

Alex praguejou silenciosamente. Mesmo sob o emaranhado de seus cabelos claros molhados, ela era bonita — um anjo de lindos olhos em jeans e tênis. Sua mente parou ao tomar consciência da descrição que tinha feito. O termo anjo parecia estranhamente familiar, mas como ela não podia lembrar qual era a fonte de referência, colocou o pensamento de lado.

— Qual é o número na Madison? — Ela suavizou tanto sua voz, que Piper mal pode ouvi-la.

— Quarenta e cinco.

A morena balançou a cabeça e logo parou o carro em frente à casa de tijolos vermelhos com três andares, que tinha sido transformada em apartamentos.

— Obrigada! — Chapman murmurou, e num piscar de olhos puxou a maçaneta da porta para fugir dali.

— Espere. — A outra ordenou, virando-se para pegar no banco de trás um grande guarda-chuva preto.

Ela esperou e ficou surpresa ao ver a professora dar a volta no carro e abrir a porta para ela, esperando com o guarda-chuva aberto enquanto saia do Jaguar, e a levou pela calçada até os degraus da frente de seu prédio.

— Obrigada! — Ela disse novamente, enquanto tentava puxar o zíper de sua mochila, para que pudesse encontrar as chaves.

Alex tentou esconder seu desgosto com a visão que estava tendo, mas não disse nada. Ela observou enquanto a garota lutava com o zíper, em seguida, viu como seu rosto ficou muito vermelho e irritado com o fato de que o zíper não queria abrir. Lembrou- se de sua expressão quando ela se ajoelhou em seu tapete persa, e lhe ocorreu que este problema era provavelmente sua culpa.

Sem dizer uma palavra, a morena puxou a mochila de suas mãos e empurrou o guarda-chuva, agora fechado, para que a outra segurasse. Ela abriu o zíper e segurou a mochila aberta, para que Piper pegasse as chaves.

Ela encontrou as chaves, mas estava tão nervosa que as deixou cair. Quando as recuperou, suas mãos tremiam tanto que não conseguia localizar a chave correta para abrir a porta.

O Inferno de Alex VauseOnde histórias criam vida. Descubra agora