Houve uma época em que a reação de Piper a um evento tão embaraçoso seria se deitar no chão em uma posição fetal e permanecer lá, possivelmente para sempre. Mas com 23 anos de idade, já era uma pessoa mais madura. Então, ao invés de ficar parada em frente às caixas de correio, contemplando como sua curta carreira acadêmica queimava reduzindo-se a uma pilha de cinzas aos seus pés, ela calmamente terminou suas atividades na universidade e foi para casa.
Deixando de lado todos os pensamentos sobre sua carreira, Chapman fez quatro coisas:
Primeiro, ela pegou um pouco de dinheiro do seu fundo de emergência que deixava escondido, debaixo de sua cama, numa vasilha plástica.
Segundo, foi até a loja de bebidas mais próxima e comprou uma garrafa enorme de tequila bem barata.
Terceiro, depois de voltar para casa, escreveu um e-mail longo expressando suas condolências para Rachel. Propositadamente, ela se esqueceu de mencionar onde estava morando e o que estava fazendo, e enviou o e-mail de sua conta pessoal, ao invés da universitária.
Quarto, ela foi às compras. Nessa quarta atividade estava chorona e inconsolável, e fez isso apenas para homenagear Rachel e Diane, pois as duas amavam coisas caras, mas Piper, na realidade, sempre foi muito pobre para sair esbanjando dinheiro.
Quando veio morar em Selinsgrove e conheceu Rachel, no seu primeiro ano do colegial, a garota não podia se dar ao luxo de fazer compras. Atualmente, Piper mal podia arcar com suas despesas, sobrevivia com uma modesta bolsa de estudos e não possuía visto para trabalhar fora da universidade e complementar sua renda. Seu visto de estudante americana, possuía uma empregabilidade limitada.
Enquanto caminhava lentamente passando pelas lindas vitrines da Bloor Street, ela pensou em sua velha amiga e na sua mãe adotiva. Ela parou em frente à loja da Prada, lembrando-se da única vez que a amiga a levou para comprar sapatos. A loira ainda tinha aqueles sapatos pretos de salto alto da Prada, guardados em uma caixa na parte de trás do armário. Eles só foram usados uma vez, na noite em que descobriu que tinha sido traída e, embora ela tivesse amado tê-los destruídos, assim como destruiu o vestido, ela não o fez. Rachel os tinha comprado como um presente de boas-vindas, embora ela não tivesse nenhuma ideia do real motivo que a fez voltar para casa.
Então, Chapman parou, por um tempo que pareceu uma eternidade, em frente à boutique Chanel e chorou, lembrando-se de Diane. Ela sempre a cumprimentava com um sorriso e um abraço quando se viam. Quando a mãe de Piper faleceu em circunstâncias trágicas, Diane tinha dito que a amava e adoraria ser sua mãe, se ela quisesse. A mais velha havia sido uma mãe melhor para ela do que Carol alguma vez pretendeu ser, para vergonha de Carol e constrangimento de Piper.
Quando já não tinha mais lágrimas para derramar, e todas as lojas fecharam devido ao horário, a loira lentamente caminhou de volta ao seu apartamento, se autocriticando por ter sido uma filha adotiva ruim, uma péssima amiga, e uma besta insensível que não soube verificar se um pedaço de papel estava em branco antes de abandoná-lo com seu nome, para alguém cuja amada mãe acabara de morrer.
O que deve ter passado por sua mente quando ela descobriu o bilhete? Animada por duas ou três doses de tequila, Piper se permitiu fazer algumas suposições. E o que ela deve pensar de mim agora?
Ela contemplou os seus pertences, ficando tentada a empacotar tudo e pegar um ônibus para Greyhound, com destino a sua cidade natal Selinsgrove, apenas para não ter que enfrentá-la. Chapman se sentia envergonha, pois não tinha percebido que era sobre Diane que Vause estava falando ao telefone naquele dia terrível. Mas ela ainda não podia acreditar que o câncer de Diane retornara e muito menos que ela havia falecido. Piper estava tão chateada por ter começado com o pé esquerdo com a professora. Sua hostilidade foi chocante. Mas, ainda mais chocante foi o rosto dela enquanto chorava. Tudo o que a loira pensou naquele momento horrível foi em confortá-la, e aquele pensamento só a distraiu em analisar qual era a fonte de sua dor.
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O Inferno de Alex Vause
FanfictionAVISO: Essa obra não me pertence. O enredo e conteúdo descritos são de autoria da escritora Sylvain Reynard. O que lerão a seguir é uma adaptação feita para o universo Vauseman, personagens fictícios da série Orange is the new black. Livro 01: Enig...