Cartas de Lenny para Elliot

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  [18/03/1989]

 Querido diário... Eu o amei e o odiei, mas sacrifiquei minha saúde mental para ter uma única chance.. coragem foi o que faltou para me revelar.. cartas escritas a mão demonstrando todo amor mas que nunca foram entregues..


Querido Elliot,

Hoje, as palavras se enredam em meu peito como hera selvagem, e eu não consigo mais conter o turbilhão de sentimentos que me consome. Permita-me, então, despejar minha alma em letras, como se fossem as últimas gotas de chuva antes da tempestade.

Amor não correspondido, essa é a cruel melodia que ecoa em meus sonhos e pesadelos. Você, com seus olhos de tempestade e sorriso de aurora, invadiu minha vida como um furacão, arrastando tudo o que eu pensava ser sólido e seguro. E eu? Eu me tornei um naufrágio à deriva em suas águas revoltas.

Lembro-me da primeira vez que nossos olhares se cruzaram, como se o universo tivesse conspirado para nos unir. Você era o sol, e eu, uma simples estrela, orbitando em sua órbita. Mas o sol não pode amar uma estrela, não é mesmo? Ele apenas brilha, indiferente à escuridão que o rodeia.

Elliot, você é minha contradição favorita. Seu riso é o eco de todas as minhas alegrias e o grito silencioso de todas as minhas tristezas. Cada gesto seu é uma poesia que me embriaga, e eu me afogo em versos que nunca terei coragem de recitar.

Mas também há raiva, uma fogueira ardente que queima em meu peito. Raiva de mim mesma por não ser suficiente, por não merecer o amor que sinto por você. Raiva de você por ser tão cego, por não enxergar o abismo que separa nossos mundos.

Eu te amo como o mar ama a lua, com uma intensidade que me afoga e me resgata ao mesmo tempo. Mas você? Você é a maré que vem e vai, indiferente à minha existência. E eu? Eu sou apenas uma concha vazia, esperando ser preenchida por um amor que nunca será meu.

Elliot, eu te odeio por me fazer sentir tão pequena e tão grande ao mesmo tempo. Odeio suas mãos que nunca tocaram minha pele, seus lábios que nunca provaram meus beijos. Odeio o destino que nos separou antes mesmo de nos unir.

Talvez um dia eu encontre coragem para rasgar esta carta, queimar as palavras e deixar que o vento as leve para longe. Mas até lá, elas permanecerão aqui, como um testemunho silencioso de um amor que nunca foi, mas que sempre será.

Com amor e raiva, Lenny

Eu odeio amar você...

Cartas não Lidas_-lágrimas em SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora