Ruth

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Caminho pelas ruas estreitas de uma cidade que parece ter esquecido seu próprio nome. O vento sussurra segredos em meus ouvidos, e eu me pergunto se algum deles é sobre ele. Ele, o homem que se tornou o sol e a lua em minha vida, mas que nunca soube que eu existia.

Trabalho em uma pequena livraria, onde as páginas amareladas dos livros parecem guardar histórias de outros amores não correspondidos. Me perco nas palavras, como se cada frase fosse um fio de esperança que me mantém ligada à realidade. Vendo sonhos embalados em capas coloridas, enquanto meu próprio coração está em pedaços.

À noite, sento-me à janela do meu apartamento minúsculo. As estrelas piscam como faróis distantes, e eu me pergunto se Kaik também olha para o céu e pensa em mim. Escrevo cartas que nunca enviarei, versos que nunca serão lidos. Às vezes, as queimo na velha lareira, assistindo às palavras se transformarem em cinzas.

Por que eu, me pergunto em silêncio. Por que esse amor não correspondido, essa dança de sombras e silhuetas? Por que o destino nos cruzou, apenas para nos separar como folhas ao vento? Eu sou apenas uma nota perdida em uma sinfonia que ele nunca ouvirá.

Com seus olhos de tempestade e sorriso de aurora, é meu enigma favorito. Ele é o verso não rimado, a paleta de cores que pinta meus sonhos.

Meu amor é um poema inacabado. Eu o guardo no bolso, como uma concha que guarda o eco do mar. E, enquanto as estações mudam e as folhas caem, eu continuo a escrever, a esperar, a me perder nas entrelinhas da minha própria melancolia.

Talvez um dia eu encontre coragem para queimar essa carta, deixar que as cinzas se misturem ao vento e se espalhem pelo mundo. Mas até lá, elas permanecerão aqui, como um testemunho silencioso de um amor que nunca foi, mas que sempre será.


Cartas não Lidas_-lágrimas em SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora