┊ FINALIZADA ┊ - Em uma realidade aonde todos são mágicos e são divididos em suas classes sociais baseados em seus poderes, Beomgyu se destaca como um rebelde que pretende seguir o legado de seus pais para alcançar a liberdade.
Yeonjun, por outro l...
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Yeonjun se lembra de ter ligado para Taehyun no exato dia em que recebeu a notícia de que seria guardião. Conversaram sobre o quanto aquela era uma boa oportunidade vindo tão rápido para Yeonjun já que é o único emprego onde T2's não correm o risco de terem que competir com T3's e também um dos mais prestigiados atualmente e conversaram sobre as primeiras impressões que o ruivo teve sobre Beomgyu.
De certo, achou que ele ia ser calado, bagunceiro, sem educação e que ia tratar Yeonjun mal para se rebelar contra toda a opressão que colocavam em cima dele simplesmente por algo que nem conseguia escolher.
Só que na verdade, Beomgyu consegue se mostrar ser o completo disso. Organizado, calmo e obediente, sempre seguindo as ordens de Yeonjun como seu guardião, além de muito vaidoso. Vaidoso o suficiente para passar horas no espelho mudando várias coisas no próprio rosto até estar satisfeito com o que deveria ser sua nova aparência fixa.
— Olhos azuis ou verdes? - questiona, orbes arregaladas ao se olhar no espelho com a cor dos olhos migrando do ciano mais claro até o esmeralda mais brilhoso.
— Porque você precisa ser tão especial assim? Não pode ser só castanho como a maioria das pessoas? - Yeonjun responde com mais perguntas, já cansado de passar tanto tempo dando dicas sobre como ele deveria ser.
— Você está certo.. - suspira e pisca uma vez, abrindo as pálpebras devagar para revelar as íris agora num tom de marrom escuro. — Eu devo só tentar me misturar e parecer o mais normal possível?
Pressiona os lábios um contra o outro e para um pouco para pensar sobre isso.
— Espera, você só quer que eu pareça normal porque você tem cabelo ruivo e cacheado e olhos azuis e não quer que eu seja especial como você? - basicamente cospe todas suas paranóias sem filtro nenhum na cara dele.
— Não! Estou tentando ajudar! Você vai enjoar mais fácil se escolher uma cor de cabelo e olhos chamativos.
Beomgyu aperta a boca mais uma vez e deixa um dos lábios prender entre os dentes. Não vai confiar nele. Na última vez que confiou em alguém, foi denunciado e se não fosse por essa traição, provavelmente não estaria com Yeonjun agora.
Decide por fim os cabelos longos, abaixo do ombro, em um tom de castanho meio claro, olhos grandes e castanhos, um rosto tão bonito que com certeza ia fazê-lo se destacar só por isso.
— Você realmente gosta de exagerar, não é? - o ruivo comenta abrindo um sorriso agora que sua recomendação tinha sido completamente ignorada. — Estava sendo tão obediente até agora. O que aconteceu? Por que resolveu me contrariar do nada?
— Não confio em você - responde diretamente, sem floreios — Se você está pedindo para minha aparência não chamar atenção, tem um motivo, e eu não vou seguir isso para seja lá qual o plano de vocês.
— Por quê?
Resolve não dar procedência para aquela conversa antes que acabasse falando demais. Mas não precisa, para Yeonjun já está claro que vai ser difícil conseguir a confiança dele. Provavelmente faz parte do seu plano: seguir suas ordens, mas não se abrir demais, e assim teria uma abertura maior para fugir.
— Você vai ficar aqui durante a festa, correto?
Nesse mundo, essa religião não existe. O natal não é celebrado, então a comemoração de virada do dia trinta e um de dezembro é dobrada de tamanho e importância. Normalmente, é um momento em família, com uma ceia espalhafatosa e farta e muitos jogos enquanto aguardam pela virada da meia noite. Um mundo com poderes é mais perigoso, todo ano sobrevivendo de maneira saudável é um ano para ser comemorado.
— Vou. Não tenho para onde ir. Vocês zeraram minha família.
— Só queria ter certeza..
Beomgyu dá de ombros indiferentemente e se senta na cama ao lado do guardião. Seus olhares se encontram e eles se encaram por alguns segundos antes de Yeonjun levantar e ordenar que Beomgyu vá dormir pois o ano novo já é amanhã e ele deveria estar bem descansado para isso. Ele obedece imediatamente.
No dia seguinte, acorda tão cedo que fica com raiva de ter ido dormir assim que o pedido já que foi ao sono antes do mundo desligar e agora tem que aguentar de pé com ele ainda desligado. O próprio Yeonjun ainda dorme. Não pode sair do quarto sem a supervisão dele ou de algum superior.
Sem querer acorda-lo tentando pescar o controle da televisão que deita em um ponto próximo do corpo adormecido, decide fazer uma coisa que já não tinha conseguido fazer desde que chegou nesse lugar: escrever. Escrever para seus pais sobre como as coisas estavam indo.
Seus pais são exatamente como si. Um T3 sedento por liberdade e uma guardiã T2 que faria de tudo para que o seu amado pudesse ser liberto do controle do governo. Infelizmente, foram zerados. Qualquer um que não faz exatamente o que querem e demonstra sinais de rebelião nessa ditadura é zerado.
Foram guerreiros. Agora vivem no esquecimento, proibidos de ver qualquer outra pessoa. Não podem enviar cartas, mas podem receber, e Beomgyu lembra deles todo o tempo e faz questão de detalhar cada detalhe do seu dia.
Quer poder contar que está tudo bem. Que segue com o legado de liberdade dos dois, mas não pode. Foi pego por um descuido e virara o que mais odiava.
Espera pacientemente até Yeonjun acordar para implorar que fossem ao centro de comunicação antes do café para enviar sua carta e ele deixa, não vendo nenhum mal naquilo.
O grande café de Latibule já não é mais tão apetitoso como antes. Como Yeonjun já tinha percebido, enjoava fácil das coisas e assim foi com a grande diversidade daquela praça de alimentação, levando apenas poucos dias para as grandes refeições se tornarem nada mais nada menos do que um purê de banana com um copo de café achocolatado.
— O que vamos fazer hoje de noite? - pergunta, empurrando um dos cachos encaracolados para longe dos olhos ao dar uma colherada na tigela de aveia.
— Como assim? - Beomgyu só responde depois de alguns segundos.
— Você não tem para onde ir e eu também vou ficar aqui. Vamos comemorar o ano novo juntos.
— Eu não comemoro o ano novo.
— Hoje vai comemorar! Então eu estava pensando em irmos para o campo de corrida que vai estar vazio para um piquenique noturno.. E observamos as estrelas cadentes passarem à meia noite.
— Vou ter que passar.
— Não vai. Já foi decidido. Vamos sair às sete da noite! - abre um sorriso ansioso e se levanta para repor o iogurte no copo.
— Ano novo.. - murmura baixo consigo mesmo. Não quer comemorar, não comemorava desde que estava com seus pais, mas não tem escolha. Não teria mais escolha de nada na sua vida.