1- Olhares.

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Eis-me aqui. Pronta para contar a história desse casal. Sim, ainda falo da bela Aline e querido Marcos. E a narração que se segue, devo dizer, é sobre o dia em que finalmente se conheceram.

Naquele dia, tão comum para todos, em que seus olhares cruzaram, nenhum dos dois estava a espera de tal facto. Estavam apenas fazendo suas próprias coisas, totalmente alheios ao que lhes reservará o destino. Sem esperar por nada ou alguém, foi tão belo aquele encontro de almas.

Esquivando da multidão, agiam como, e se bem me lembro estavam,  predestinadas.

A jovem Aline, com seus olhos bonitos e sorriso contagiante, se sentava em uma das mesas da enorme biblioteca. Tinha como costume esmaltar as unhas curtas em negro, e rolar os olhos castanhos em descontentamento. Gostava de ler, por essa razão toda sexta-feira ocupava o mesmo lugar naquela biblioteca.

Não que fosse sexta-feira, mas aí estava, como se o destino tivesse lhe mandando para, atenta ao livro a sua frente, e desligada do que chegaria para sempre. Seus olhos do viam aquele livro novo, e de gênero mistério.

Era  bem cuidada, mantinha com muito zelo a pele castanha macia e livre de qualquer manchas. De longe parecia uma escultura de porcelana de tão delicada. Já seu cabelo, este era negro como  noite, em tom vivo tinha cachos muito bem definidos, tinha os lábios grossos e os tingia em tonalidades que lembravam a pêssego. Fazia expressões estranhas sempre que se surpreendia com alguns das página e ria louca e  desenfreadamente por dentro quando encontrava uma boa piada. Aline era linda.

Marcos, esse outro futuro apaixonado, estava lá também, naquela grande biblioteca. Sentado em uma mesa perto da sua, ele tinha o tablet cheio de animes a sua frente e os fones de ouvido ao redor do pescoço. É estranho de se dizer, admito, mas naquela época, ele não gostava de livros.

Pergunte-se então, o que fazia ele é um local cheio deles?

Pois bem, nem mesmo ele sabia.

Só que sempre procurava ligares calmos, em que pudesse fugir da agitação da vida, quer fosse para assistir algum episódio novo de algum seriado, ou apenas ficar descansado. Bibliotecas não eram nem sua última opção, mas naquele dia, quem elegeu foi seu coração.

Marcos era alto e atlético, tinha a pele bronzeada, uma tatuagem, que até hoje considero estranha, na parte externa do pescoço. E como esquecer, ele também tinham brincos nas orelhas, aqueles eram, como sua mãe chamava, vestígios de sua adolescência perturbada. Já eu, digo que é um estilo meio reprovado.

E o cabelo, este era cacheado em uma altura  mediana, costumava ter  um pearcing adornando sua sobrancelha esquerda, mas naquele semana, e para o alívio de sua mãe que pouco gostava, decidiu que não mais usaria... Também tinha covas o moço bonito, mas não era só por isso que seu sorriso era lindo. Era porque apesar da aparência de menino mau, irradiava ternura.

Então lá estavam eles, sentados um perto do outro, mas ainda assim naquele momento, tão distantes. Sem um olhar para o outro. Sem que seus corações  conversassem, naquele momento eles eram apenas dois estranhos ocupando o mesmo espaço.

Tão distraídos a mudança que ocorreria...

- Só pode ser brincadeira! - Naquele momento, quebrando o profundo silêncio e atraindo olhares para si, Marcos exclamou surpreso. Sua voz se fez alta, mas estava tão imerso em suas emoções que não se atreveu a perceber. Mas houve quem percebesse, e entre esses, estava Aline.

Irritada com a perturbação, a morena ergueu vagarosamente os olhos do livro, procurando assim, a fonte do barulho. O que para a sorte de sua boa paciência, não foi difícil de encontrar. E como poderia, se eram tão  poucas as almas viventes que ali se prendiam?

Daqui até lua.Onde histórias criam vida. Descubra agora