5- Eterno namorado.

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Naquela dia em que se esqueceram de comemorar, naquele mesmo dia eles fizeram a promessa que mantiveram durante toda vida. Fazia uma semana que dividiam o mesmo teto, e três meses desde que proferiram palavras feias.

Naquela mesma manhã, Aline fixou os olhos no calendário se perguntando o quanto deveria estar distraída para esquecer aquela data. Pensou que talvez fosse o curso lhe sugando demasiado tempo, ou então estava apenas bastante distraída... De qualquer forma, ela deveria ter se lembrando.

Como poderia ter esquecido o dia em que se conheceram?

Bateu na própria testa abanando a cabeça.

- Que distracção Aline. - Resmungou consigo levantando da cama. Pés descalços e roupas maiores que seu tamanho, e então foi para a sala.

E lá estava, sentado no tapete da mãe, com o controle do vídeo jogo na mão, Marcos, seu namorado. Aline se encostou na parede no final do corredor e o observou.

Concentrado em seu jogo, ela apostava que ele também havia se esquecido, afinal ela que era boa fixando datas.

Como haviam se conhecido mesmo?

Ah sim, ele era o menino irritante que falava alto na biblioteca.

Ela logo recordou.

Mas também como se esqueceria, se foi pelo livro que ela tacou em sua cabeça que começaram a conversar... Aline riu com a própria lembrança.

Morena temperada, ele a chamou algumas vezes.

- Ué, já acordou e não disse nada? - Marcos comentou notando que estava sendo observado. As vezes ele tinha uma pegada de poeta, e um ar mais romântico do que era necessário... Talvez fosse considerado idiota, mas eram as coisas nele que a encantavam.

- Você que gosta de pular da cama, não eu. - Aline comentou indo até ele. Sentou em seu colo e beijou sua testa. - Bom dia. - O sorriso que derretia o coração de Marcos toda manhã estava lá. Brilhando para ele, e só para ele.

- Bom dia. - Retribuiu lhe devolvendo o sorriso. E então ficou preso naquele olhar que carregava seu mundo.

Eram um casal perfeito?

Não, eles não eram.

Mas parecia que a perfeição se aproximava para espreitar quando estavam juntos. No fundo no fundo, ela sentia inveja do casal ali sentado.

Tão leves, amigos, puros e apaixonados. A perfeição percebia que não existia, que apenas tentava existir. Mas aquilo sim, aquilo era real e bom demais para não se compartilhar.

- Temos planos para hoje? - Aline perguntou ansiosa. Seus olhinhos brilhavam, e seu sorriso espreitava.

- Precisamos disso? - Marcos rebateu.

- Só se você quizer. - Respondeu saindo de seu colo. Ela preferia apoiar a cabeça em seu peito e escutar o que de lá vinha. - Ah, nós vamos mesmo?- A menina gritou entusiasmada vendo os ingressos que eram colocados na sua frente. Já não estava apoiada em seu peito, de joelhos no tapete o fitava.

- Algum dia tenho que sair de casa. - Marcos havia pegado uma mania nova, dar de ombros. Mas Aline não reclamava, na verdade ela até gostava.

- Por isso ainda te aguento, olha que bom que consegue ser. - Celebrou abandonando os papéis no ar. Viu os olhos de seu amado ganharem aquele tom profundo que tanto apreciava, então se calou aguardando paciente pela novidade.

- É só porque você me ama, e porque nesse momento me aceita como seu eterno namorado. - De forma convencida, Marcos falou.

- Acho que preciso cortar sua língua, notei que anda muito assanhado. - Aline brincou fazendo com os dedos uma tesoura imaginaria. Mas ela havia aceitado, e em seu coração Marcos sabia que seriam sempre eternos namorados.

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Obrigado por ter chegado até aqui.

Nos vemos no próximo.

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