o meio,

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A tristeza já não fazia parte das suas rotinas, cada dia era melhor que o anterior e nenhum dos dois nunca esteve tão feliz.

Depois de passar todo o mês de janeiro em Bora Bora, o casal pôde finalmente voltar para a mansão, agora limpa de magia das trevas e fortificada com feitiços de proteção e iluminação. A sensação de estar naquela casa já não era mais sufocante e angustiante, agora parecia terno e pacificador.

Talvez fosse apenas um fruto da companhia doce de Astoria que alegrava qualquer ambiente em que estivesse, Draco nunca saberia dizer e nem se importava de fato, contanto que os dois fossem felizes.

E eles foram extremamente felizes, mas para Astória tinha algo faltando, ela só não tinha coragem de contar para Draco e ele não suspeitava o que era. Na verdade, ele até suspeitava, mas não podia afirmar nada, então esperou pelo momento que ela teria coragem de contar.

Entretanto, isso não dificultou a convivência entre os dois, na verdade, eles viveram o seu primeiro ano como se a lua de mel nunca tivesse acabado. É claro que haviam alguns desentendimentos, o que é  normal em qualquer relacionamento, afinal, são duas pessoas diferentes, com vivências, jeitos e opiniões diferentes, mas Draco e Astoria sabiam lidar com a divergência e nunca brigavam.

É possível discutir suas diferenças quando se tem maturidade e sabe o momento certo para ceder e ouvir o que o outro tem a dizer, assim como quando se sabe o momento certo para falar e como falar. E isso eles sabiam muito bem.

Draco não escondeu que foi difícil para ele no começo, sua criação foi muito diferente da que Astoria recebeu. Draco é filho único e foi mimado com tudo o que queria em grande parte do tempo, nos demais momentos foi ensinado a obedecer ordens e respeitar os superiores. Durante 16 anos ele acreditou vigorosamente em uma servidão cega e, com ainda mais vigor, acreditou que seria alguém que todos obedeceriam. Foi difícil esquecer esses preceitos, mas Draco se esforçou, ele era dedicado e tinha muitas metas que envolviam uma família feliz.

O aniversário do casamento deles estava se aproximando, esse ano passou tão rápido quanto a luz do sol demora para encontrar a Terra e Draco já estava planejando a viagem de comemoração. Uma semana inteira na Áustria, onde eles ficariam sete dias trancados em uma casa aquecida, assando, assistindo filmes inéditos, comendo muita besteira e dormindo o máximo de tempo possível. A ideia principal não era passear pela cidade, eles poderiam fazer isso na primavera que é um clima muito mais agradável.

— Draco! — cantarolou Astoria enquanto entrava no escritório que o marido tinha em casa. O homem olhou para ela, esperando que ela contasse o que queria. — Amor, podemos conversar sobre algo sério?

— Claro. Sobre o que você quer falar?

Astoria hesitou, não conseguia encarar o marido nos olhos por receio de ter seu pedido negado como das outras vezes. Na verdade, ela só perguntou uma única vez, durante a lua de mel, e depois não fez nada além de insinuações que foram descartados com um olhar temeroso do platinado.

— Eu sei que nós já conversamos sobre isso e sei que você já disse que não precisa de um herdeiro, mas eu quero tanto ter uma família — atropelou as palavras e Draco não entenderia se não tivesse prestando extrema atenção.

— Nós já somos uma família, Tori... — tentou falar, mediar a discussão de forma racional, mas Astoria não o deixaria falar até que terminasse de dizer tudo o que sente.

— E eu amo nossa pequena família, mas quero tanto ser mãe, ter o meu próprio bebê. O nosso pequeno bebezinho... — enfatizou, propositalmente, a palavra "nosso" na esperança de que aquilo comovesse Draco um pouco e funcionou, Draco ficou visivelmente mexido com a ideia.

Herança de Sangue × Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora