A perda.

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Ao contrário do que sua mãe havia lhe dito, fazer amigos não era tão fácil quanto parecia, na verdade, além de Albus o novo herdeiro Malfoy não tinha nenhum outro amigo. Não que seus pais soubessem de qualquer forma, ele esconderia isso ao máximo para que sua mãe não ficasse triste e preocupada.

Entretanto, Scorpius sabia lidar com o tratamento que recebia dos demais colegas, pouco a pouco ele foi se fechando para o mundo, sentindo-se constantemente atacado e, portanto, permanecia sempre na defensiva, esperando um ataque ou ofensa a qualquer hora.

O comportamento defensivo cobra um preço, no entanto, e isso prejudicou um pouco o relacionamento que Scorpius tinha com o seu pai. Por mais que o menino soubesse que o pai não tem ação direta no tratamento injusto que recebe, é muito mais fácil lidar com a rejeição quando se tem um catalizador para culpar pelo o que você passa.

Draco passou a ser esse catalisador quando Scorpius estava nos seus piores dias. Ele sempre brigava consigo mesmo depois de um tempo, por pensar desse jeito sobre o seu pai, quem lhe criou com tanto carinho.

"Meu pai é tão bom para mim e eu pensando isso dele".

"É só a adolescência, sempre dizem que é uma época difícil".

"Não é tão ruim assim também, é só como eu me sinto e eu tenho o direito de sentir".

"Mas eu nem tenho motivo pra me sentir assim sobre ele".

Era tudo que rondava a cabeça do pobre rapaz, como se fossem diferentes vozes discordando umas das outras sucessivamente, sem nunca parar, principalmente nas primeiras horas que sucedem uma briga.

Durante as férias e feriados em que Scorpius voltava para casa, os dois discutiam com mais frequência que antigamente, principalmente após Astoria adoecer mais.

Foi tão de repente que Scorpius não entendeu o que estava acontecendo até que fosse tarde demais. Quando a sua mãe desmaiou na sua frente, o menino entrou em pânico, claro que Topsy aparatou assim que escutou o primeiro grito dele, seu pai correu as escadas logo depois.

— O que está acontecendo? O que houve? — Scorpius gritou ainda sentado ao lado da mãe, segurando a cabeça dela sobre o colo.

Astoria abriu os olhos devagar, piscando várias vezes por causa da sensibilidade à luz, ela se sentou devagar, sendo ajudada por Scorpius e Draco, um filete fino de sangue escorrendo pelo nariz enquanto seus olhos ainda estavam desfocados.

Topsy a fez beber uma poção revitalizadora e com isso ela melhorou bastante, mas isso não deixou de perturbar o garoto que olhou para o pai preocupado. Naquela semana, o clima foi muito mais tenso por motivos diferentes.

O que normalmente seriam discussões entre pai e filho, foram olhares preocupados, vozes amansadas - o que irritou um pouco a Astoria no começo - e o máximo esforço para manter um clima agradável e familiar.

Os dois conseguiram se dar bem e Astoria melhorou - pelo menos um pouco ao longo dos dias - ao mesmo tempo em que ficou mais feliz ao ver seus dois amores se darem bem, naquela feriado pelo menos.

Mas essa missão nem sempre foi um sucesso total, como durante o feriado de natal, onde os dois discutiram antes da ceia.

Na noite do dia vinte e quatro, enquanto os elfos não haviam terminado de preparar o jantar, Draco subiu até o quarto de Scorpius, querendo conversar sobre a escola - seu desempenho, atitudes e as amizades do menino.

É correto dizer que Scorpius não recebeu bem a conversa, agindo na defensiva como se acostumou a fazer em Hogwarts.

— Eu não acho que essas amizades estão te fazendo bem, Scorpius! — seu pai disse com a voz alterada. — Você está se comportando mal, respondendo, não obedecendo...

Herança de Sangue × Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora