e o depois.

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O que veio depois não foi fácil.

Na verdade, "fácil" era o último adjetivo que poderia ser usado para caracterizar os próximos eventos. Draco estava desolado, completamente quebrado e sentindo-se vazio.

"Quando você encara demais um abismo, ele começa a te encarar de volta,", era assim que ele se sentia. O homem estava prestes a se perder na própria tristeza, se jogar de cabeça naquele lugar que ele lutou muito para sair - lutou por causa de Astoria e, agora, tudo parecia em vão, afinal, ela já não estava mais ali.

Pansy e Theo correram para a mansão assim que receberam a fatídica notícia, estavam preocupados com o bem-estar do melhor amigo e - principalmente - com medo de que o homem cometesse alguma loucura. Felizmente, Draco estava sem forças até para se levantar da cama, passou a madrugada inteira escondido no próprio quarto, encolhido na cama e encarando o espaço vazio onde Astoria costumava se deitar.

— Draco... — Pansy chamou com carinho, envolvendo todo o ambiente com compaixão e apoio, exatamente o que Malfoy precisava naquele momento. — Sentimos muito, D.

Malfoy não respondeu, muito menos se mexeu, nem para olhar de volta para a melhor amiga. Theo se sentou na frente do amigo, quebrando a ilusão em que o loiro havia se colocado, por isso, Draco finalmente reconheceu a presença dos dois.

— O que vocês dois estão fazendo aqui?

— Viemos ficar com você, obviamente! — Pansy respondeu.

— Não tente se afastar da gente de novo, Malfoy! — Theo avisou e bagunçou os fios platinados do amigo. — Nós não vamos deixar isso acontecer, não perca seu tempo!

— É isso, vamos passar por esse momento de dor juntos, do jeito que tem que ser. Do jeito que Tori iria querer.

Ele não rebateu, apenas aceitou o carinho que recebeu como Astoria o ensinou a fazer. Draco pensou nas muitas vezes em que ela brigou com ele por se isolar, explicando a importância de compartilhar sua dor.

"Você também merece ser cuidado, querido, não se proíba de ser amado", ele lembrou dessas exatas palavras sendo pronunciadas por ela em um tom de voz doce e gentil sendo direcionadas a ele mais de uma vez. Draco sempre errava na mesma coisa, mas Astoria nunca perdia a paciência e dizia a mesma frase novamente - afinal, Astoria era assim, paciente e bondosa.

— Quando o velório vai acontecer? — Pansy perguntou em sussurro, não querendo acabar com aquele ambiente pacifico e acolhedor.

— Assim que Scorpius chegar de Hogwarts — explicou Draco. — McGonagall está vendo a possibilidade de usar a rede de flu...

O casal de amigos concordaram e o silêncio dominou o quarto, não ficou um clima desconfortável, mas era um silêncio - com certeza - deprimente.

🩸🩸🩸

Scorpius chegou no dia seguinte, acompanhado de um menino da sua idade, um amigo de Hogwarts, que era estranhamente familiar para Draco, embora ele nunca tenha visto o mesmo em lugar nenhum.

— Olá, senhor Malfoy, me chamo Alvo Severo Potter — o menino cumprimentou o anfitrião, estendo a mão com respeito. — Eu sinto muito pela sua perda, imagino que deve ser um momento muito difícil para vocês...

Draco entendeu de quem se tratava assim que o rapaz se apresentou, ninguém menos que o filho do grande Harry Potter. Como se estivesse entrado em um túnel do tempo, lembranças da sua infância passaram rapidamente diante dos olhos do homem. Hoje ele se arrepende das atrocidades que fazia na época, mas, bem no fundinho, poderia rir um pouco das interações intensas que tinha com o "trio de ouro" de Hogwarts.

Herança de Sangue × Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora