to throw in the towel

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O caminho foi o mesmo, a rotina foi a mesma, as pessoas a mesma porém tinha algo diferente.

Apoiei a cabeça na mochila esperando o resto da turma e a professora de literatura, chegar, junto a eles, o início às atividades do projeto de literatura. Senti um cheiro conhecido e a mesa ao meu lado ser arrastada. Sabia quem era, e o mais estranho foi que senti uma leve vergonha de olhar para ele...

- Bom dia, Tempestade! Dormiu bem?

- Não muito, já estava deitada e me lembrei do compromisso que marquei com você, aí lembrei de você, do seu rosto... - deixei no ar com expressão enjoada. - Não dormi bem!

- Entendi, seria isso saudades? Se for assim, a gente pode combinar um dia pra dormir juntinhos, aí você não vai precisar ficar só nas lembranças. - ele falou tão sério que quase eu me convenci que não era uma provocação.

- No dia em que isso acontecer, pode ter certeza que algum fenômeno no céu vai acontecer tipo... um meteorito que vai dizimar a raça humana.

- Certo, certo! - ele fez sinal de rendição com as mãos, às erguendo. - Pensei que estávamos em trégua...

- Trégua? Não, eu não vou te dar trégua. E outra, a nossa conversa de ontem, não deveria fazer você pensar que... - me aproximei sem olhar em seus olhos, o suficiente perto para que somente ele me ouvisse. - vamos transar...

- Você quem está dizendo... - agora ele se aproximou porém eu o olhava nos olhos. - mas eu vou me lembrar disso quando você pedir pra eu ir mais rápido. - bufei revirando os olhos.

O tal projeto de leitura consistia em um resumo de algum livro que pegamos no dia anterior na biblioteca e uma apresentação breve para a turma, com uns 45 minutos para preparação de tudo. Coloquei meu fone de fio, e com menos de 20 minutos já havia terminado, então fui olhar para a janela. Não fiquei muito tempo a admirar o ambiente externo, quando senti cutucadas no braço direito, olhei para o lado e Touya com expressão de quem tinha uma pergunta a ser respondida. Em olhar para ele, reparei na visão periférica que a professora saíra da sala.

- Você colocou todas as datas de edição que estão na contracapa?

- Só a primeira e a última- fui interrompida por uma das meninas do trio cor-de-rosa que chegou, ficando de frente com a mesa de Touya.

- Oi, sou a Regina! Não fomos devidamentes apresentados, então... prazer! - ela mantinha um sorriso fino e ladino. - Sou intercambista e estou com dificuldade pra ler esses poemas em japonês. E sei que os alunos da Kinmosuke são excelentes em literatura japonesa!

- Prazer! - Touya a encarava de baixo até a raiz do cabelo e fez uma pausa olhando para trás. - Olha, o parça que tá sentado do seu lado é da Kinmosuke também, da mesma turma de literatura que eu, acho que até mais avançado.

- Sim, mas ele disse que não tem disponibilidade de me ensinar.

- Ta... puxa uma cadeira aí!

- Ah não mas pra me aprofundar, acho que eu precisaria de aulas particulares... em casa. - ah, saquei!

- Bom, à tarde eu vou estar ocupado mas me passa seu endereço. - até parece que ele ia rejeitar ela, bem a cara dele. Pelo menos não desmarcou o compromisso comigo à tarde. Vi ela entregar um post-it rosa para ele, ela nem anotou nada, sabia que ele pedir o endereço dela. - À noite eu estarei livre, teremos uma proveitosa aula de literatura... com os maiores escritores. - nojo.

- Estou ansiosa pra aprender a recitar poemas em japonês! - ela saiu de perto deixando um beijo invisível no ar, eu fiquei enojada e olhei para Touya com cara de ainda menos amigos. Ele guardou o post-it na capa do celular e eu fui dispersa pela professora que passou pela porta e anunciou o início das apresentações.

Burn Dabi - Touya TodorokiOnde histórias criam vida. Descubra agora