capítulo 2

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Hyunjin, após sair do banho, enrolou uma toalha firmemente em sua cintura. Ao encarar o espelho em seu quarto, sua expressão tornou-se séria ao notar as inúmeras marcas roxas que adornavam seu corpo, concentrando-se principalmente no peito e na barriga.

Se odiou por ver aquilo.

Ao examinar seu rosto no espelho, Hyunjin notou que a situação não era tão grave quanto imaginava, mas o restante de seu corpo contava uma história diferente. Com um olho roxo e levemente inchado, um pequeno corte na boca e os pontos visíveis, era evidente a violência sofrida. Mesmo ao fechar os olhos na tentativa de conter as lágrimas, as memórias da cena dolorosa inundaram sua mente, revivendo cada soco e a presença dos agressores. A dor persistia, levando Hyunjin às lágrimas.

Hyunjin, após permitir-se chorar por um breve momento, concentrou-se na responsabilidade de garantir que sua mãe se alimentasse. Pegou a sacola contendo os comprimidos, colocou-os na boca e engoliu, sem recorrer à ajuda de água.

Hyunjin dirigiu-se ao armário em busca de um par de roupas confortáveis e, em seguida, saiu pela porta. Mal havia saído quando ouviu sua mãe chamá-lo.

— Oi, mãe. Vou preparar algo para o jantar. A senhora está bem? Precisa de alguma coisa? — Hyunjin disse, ajoelhando-se para ficar na altura do rosto de sua mãe, pousou a mão em seu rosto e deixou leves carícias.

— O que aconteceu com você, filho? — Sua mãe perguntou, passando a mão em seu rosto com carinho. O silêncio pairou por um momento, aguardando a resposta de Hyunjin.

— Eu caí, acredita? Estava correndo para pegar o ônibus e tropecei no meio-fio — soltou uma risada fraca, encarando os olhos de sua mãe.

— Meu menino, meu filho lindo, sinto muito que você tenha que passar por isso. Queria que as coisas fossem diferentes. — Sua mãe começou a chorar, e na mesma hora, ele passou os dedos para secar as lágrimas.

— Tá tudo bem, mãe! — Hyunjin fungou ao dizer. — Vou fazer um sanduíche pra gente, tá com fome? —  Ele falou enquanto se levantava, ouvindo a resposta afirmativa de sua mãe. — Me faz companhia? Quero saber como foi o seu dia —  completou, abrindo um enorme sorriso para ela.

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Hyunjin, despertado pelo toque do celular, atendeu sonolento, identificando a voz de Jeongin do outro lado. Seu amigo o informou que estava aguardando lá fora há bastante tempo. Após a chamada, ao verificar o horário, Hyunjin se surpreendeu ao notar que estava quase na hora do almoço, percebendo que tinha excedido o tempo de sono planejado.

Hyunjin abriu apressadamente a porta para o amigo, notando o bico de descontentamento por tê-lo feito esperar. Ajudou Jeongin a colocar as sacolas na mesa e, ao entrar na cozinha, avistou sua mãe sentada no banquinho sob a árvore do quintal. Antes de abordá-la, dirigiu-se ao banheiro para realizar sua higiene matinal.

Ao retornar, Hyunjin não encontrou seu amigo pela casa, mas as risadas familiares o guiaram até os dois do lado de fora. Rápido, pegou sua máquina fotográfica para capturar o momento que tanto apreciava. Satisfeito com os registros, juntou-se a eles, sentando-se no chão em frente.

Ao se juntar a eles, Hyunjin perguntou: — E aí, sobre o que estão falando? — Enquanto dizia isso, pegou a mão de sua mãe nas suas, deixando um leve selar como gesto carinhoso.

— Apenas relembrando algumas histórias — explicou Jeongin, também segurando a mão da mulher, criando um momento nostálgico entre os três.

— Vocês estão com fome? Posso preparar o almoço rapidinho —  ofereceu-se ao se levantar.

— Não precisa se preocupar com isso, trouxe almoço do restaurante da minha mãe —  Jeongin olhou para Hyunjin e antecipou sua objeção — não precisa falar nada, Hyunjin. Minha mãe disse para eu trazer. Ela fez a comida favorita de vocês.

— Se é assim, então vamos comer? Eu estou com fome, não sei vocês — disse a mais velha, levantando-se com dificuldade e recebendo ajuda de seu filho.

O almoço foi marcado por risadas e conversas animadas, algo que Hyunjin apreciava, percebendo que fazia muito tempo desde que se divertia tanto.

— Bom, meninos, agora eu vou descansar um pouco. Fiquem à vontade — disse a Srta. Hwangao se levantar da mesa, deixando um beijo na testa de cada um dos rapazes antes de sair.

Hyunjin prontamente se levantou para ajudar a mãe a se ajeitar na cama. Quando tudo estava pronto, abaixou-se para deixar mais um selar na testa da mulher.

— Te amo, mãe. Descansa um pouco. Se precisar de alguma coisa, me chama ou me manda mensagem —  expressou Hyunjin. Estava prestes a se afastar quando captou as palavras dela.

— Meu filho, você precisa viver mais. Não pode ficar aqui preso comigo o tempo todo —  sua mãe disse com um olhar triste, as palavras carregadas de preocupação, enquanto fixava os olhos no rosto do filho.

— Não se preocupe, mãe, eu gosto de ficar com a senhora. Eu tô bem — mentiu Hyunjin, sabendo que era necessário, apesar de realmente gostar de passar tempo com sua mãe.

— Eu acredito em você, meu filho, mas você não sai de casa, não se diverte, não namora mais. Não se prenda por minha causa, eu não vou ficar aqui por muito tempo — ela disse quase chorando, revelando suas preocupações e incentivando Hyunjin a viver sua vida além das responsabilidades familiares.

— A senhora acha que eu não sei disso?" Hyunjin falou, sentando-se na cama perto da mãe. — É por isso que eu quero ficar o máximo de tempo com a senhora, quero aproveitar tudo o que der. Eu amo a senhora, deixa eu cuidar um pouco de você dessa vez, combinado?

— Tudo bem, filho, mas você tem que me prometer que vai tentar se divertir mais, sair mais e quem sabe, arranjar alguém especial. Só quero te ver feliz. Pode tentar? Temos um acordo? — A mulher estendeu o dedo mindinho, aguardando o filho fazer o mesmo para selar o acordo.

Assim que Hyunjin levantou o dedo, selando as promessas, permitiu que sua mãe descansasse e voltou para a cozinha.

— E aí, como ela está? —  Jeongin perguntou, terminando de jogar o lixo fora.

— Ela tá na mesma, não melhora e nem piora — Hyunjin soltou um suspiro ao dizer, encostando-se na mesa, revelando a constante preocupação que carregava consigo.

— Eu sei que vou parecer repetitivo, mas se você precisar de alguma coisa, me avisa. Até hoje eu não entendi o porquê você não falou com seu irmão. Ele poderia te ajudar — disse Jeongin, encarando o amigo à sua frente.

— Eu não quero que a vida dele pare também. Ele está em outro país, terminando a residência. Vai ficar tudo bem. Obrigado por ter vindo hoje — Hyunjin falou e abraçou o amigo. — Não sei o que eu faria sem você.

Jeongin abraçou o amigo de volta, segurando a vontade de chorar. — Vamos tomar sorvete? A gente aproveita e traz pra sua mãe.

Hyunjin concordou e, antes de saírem, deixou um bilhete na cômoda de sua mãe avisando que estava saindo.

Na sorveteria, Hyunjin escolheu um sorvete de chocolate e flocos com cobertura de chocolate, e foram para a área externa para desfrutar melhor do sorvete.

Enquanto conversavam e observavam a rua, Hyunjin notou alguém familiar do outro lado da calçada, saindo do carro em direção ao mercado. Com a pessoa de costas, não tinha certeza se era quem pensava, tentou esquecer, mas a ideia acabou persistindo em sua mente.

Depois de muito voltar seu olhar para o mercado, Hyunjin finalmente viu o homem saindo, e agora tinha certeza de que era Lee Minho, o veterinário que o ajudou. Fascinado, observou cada movimento de Minho, especialmente sua boca e o bico que fazia quando estava concentrado, o que arrancou um riso suave de Hyunjin.

A troca de olhares intensificou-se quando Minho o percebeu observando. Sem saber como reagir, ficaram nesse momento constrangedor até que Minho levantou a mão em um aceno, esboçando um sorriso encantador. Hyunjin correspondeu ao gesto. Quando percebeu, Minho já estava dentro do carro, partindo para casa. Hyunjin continuou olhando por alguns instantes, refletindo sobre o encontro inesperado e o sorriso que ficou gravado em sua mente.

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